Três iniciativas. O mesmo objetivo.


Muitas pessoas levam vidas absolutamente apartidárias e “abandeiradas” quando, de repente, PÁ! Algo as faz despertar para uma outra realidade, um outro sentido, uma outra motivação. 

Geralmente, esse despertar vem de suas próprias experiências de vida, daquilo que viveram e que as modificou profundamente. É, portanto, uma transformação a partir de vivências que tocaram o mais profundo de suas emoções e racionalidades. 

Mas às vezes não…
Às vezes não é necessário ter vivido diretamente aquilo: a empatia pelo sentimento alheio as torna mais sensíveis a uma causa particular. Porque, afinal, pessoas empáticas, que realmente sentem a todos como seus semelhantes, tendem a sentir como sua também a dor daqueles com os quais se identificam. E isso não tem nada a ver com religião e, sim, com sentimento de identificação humana e humanitária.
As questões referentes à gestação, ao parto, ao pós-parto e à reinserção da mulher, agora mãe, no mercado de trabalho foram, para mim, porta de entrada no ativismo e no feminismo. Essa porta expandiu-se ainda mais em função da minha mudança profissional, por ter reiniciado uma nova carreira que trata, especificamente, dos direitos humanos e reprodutivos, ou melhor, da violação desses direitos: a violência obstétrica. Embora tenha passado por momentos angustiantes durante a gestação, relacionados ao mau atendimento obstétrico, não sofri violência no parto. Mas isso não me impediu de querer estudar e trabalhar com esse tema. Muitas amigas sofreram e isso para mim soava inaceitável. A mim, a vontade inabalável de contribuir para a mudança veio do conhecimento de que mulheres viviam isso no momento mais significativo de suas vidas: o nascimento dos filhos.
Além disso, ter lutado tanto por um parto normal, natural, humanizado e não ter podido vivê-lo, despertou-me para a cruel realidade de tantas mulheres que também não puderam vivê-lo, não por fatalidades, mas por violação de seus direitos; por agressão; por anulação de sua autonomia; pela violência que sofreram. E foi então que me tornei ativista.
Desde então, assim como muitas companheiras, tenho dedicado muitas horas da minha vida a falar sobre a questão, a estudá-la, a denunciá-la, a problematizá-la. Hoje, somos uma forte rede feminina em busca da recuperação do direito de ser respeitada, de ser acolhida e trazer nossos filhos ao mundo em ambiente acolhedor e não opressor. Somos uma rede de mulheres que lutam, mediatizadas por suas telas de computador, pela mudança do cenário obstétrico.
E se tem algo com a qual nos confrontamos diariamente é: A BUSCA DAS MULHERES POR UM PARTO NORMAL, SEM SABER POR ONDE SEGUIR, O QUE FAZER, COMO SE PROTEGER, sendo que muitas delas acabam mal orientadas, amedrontadas ou ameaçadas, e terminam com um corte na barriga quando não precisariam – e, principalmente – quando não queriam vivê-lo.
Então hoje, pergunto: você quer um parto normal?
Se sim, agora você terá um novo canal de informação e orientação, um espaço onde poderá buscar apoio e fortalecimento. Um novo site de divulgação de informação e orientação obstétrica. Se você quer um parto normal, diga: “EU QUERO UM PARTO NORMAL!” e, depois, acrescente: .com.br.
Uma nova iniciativa que visa divulgar informações que vão ajudar gestantes e seus companheiros na busca pelo parto natural. Sem violência. Sem intervenções desnecessárias. 
Esse site foi lançado na última sexta-feira, Dia Internacional da Mulher, e está começando suas at
ividades agora. Visa contribuir para a disseminação de informações que contribuam para o empoderamento feminino no parto e para que tantas mulheres não tenham seus partos normais roubados.

Ainda na última sexta-feira, dia das mulheres, outra iniciativa formidável foi lançada.
É o PROJETO 1:4, da fotógrafa e ativista pela humanização do parto Carla Raiter.
Curta a página do projeto no Facebook e conheça essa iniciativa, que visa tirar ainda mais da invisibilidade a questão da violência que as mulheres sofrem no nascimento de seus filhos. Lá, você verá imagens bárbaras como essas, e poderá ficar por dentro de assuntos relacionados à violência obstétrica.

E como ativista não para, mais uma grande iniciativa foi lançada nesta semana. É o MAPA DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA, criado por um pai ativista.
Acesse o site do mapa e leia relatos, veja quais cidades já têm casos registrados e informe-se sobre diferentes formas de violência. Além disso, se você também sofreu violência obstétrica, é possível também enviar o seu relato. Uma contribuição indispensável.

Não. Não paramos de trabalhar. O Dia Internacional das Mulheres foi na sexta-feira passada, mas trabalhamos todos os dias em busca do respeito aos direitos femininos.

Ajude-nos a divulgar.
Curta as respectivas páginas, compartilhe seu conteúdo, seja um multiplicador.
Porque se há uma causa que merece atenção é o respeito ao nascimento, à mulher que dá a luz e às novas vidas que chegam, que são, afinal, nosso mais puro futuro.
Não é um assunto que diz respeito a mulheres, a mães, a pais ou a quem pretende ter filho.
É um assunto que diz respeito a todos, é questão de cidadania.

No texto abaixo, você pode saber um pouco mais sobre a iniciativa EU QUERO UM PARTO NORMAL, da qual tenho a satisfação de fazer parte, juntamente com as ativistas, pesquisadoras e doulas Heloísa Salgado, Roberta Calábria, Angela Rios, Marília Mercer e Thalita Dol Essinger.

A foto utilizada na abertura deste texto me foi autorizada para divulgação, mas esqueci o nome do autor. Foi tirada durante a Marcha do Parto em Casa em Florianópolis, em 2012. E aquela menininha ali de cavalinho, logo abaixo da bandeira – que fiz com TNT e que foi amarrado pela pesquisadora Heloísa Souza a um cabo de vassoura – é a minha filha, nos ombros de seu pai.

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