“Ah, eu não quero envelhecer”, diz a pessoa. “Envelhecer deve ser horrível”.

A pessoa que disse isso deve sofrer bastante. Não só porque luta contra algo que não tem como lutar. É missão fadada ao fracasso, crônica de uma morte anunciada literalmente. Mas deve sofrer muito mais por não saber lidar com o fato de que amadurecer é uma coisa ótima. Bom, pelo menos é o que eu acho… Sem metáforas, trabalhando com fatos reais: coma uma banana verde; coma um caqui verde; coma alguma fruta que não se esperou amadurecer. É uma coisa meio esquisita, não tem aquele gosto característico da fruta. Acho que é mais ou menos assim com a gente também.

Bom, como não posso fazer químicas no cabelo, faz tempo que não refaço as luzes da minha juba. Gostei de tê-las feito há uns 2 anos atrás porque fiquei com uma cara menos séria, digamos assim. O que pra mim, que já tenho naturalmente essa cara de brava, é de grande utilidade… Então meu cabelo foi crescendo durante a gravidez e as luzes foram descendo um pouco. Aí minhas amigas entendidas de modas e tendências e nomes que eu nem faço a menor ideia, dizem que estão ótimas as minhas luzes californianas. Tô in e não sabia… Adoro! Sem querer, sem gastar um tostão e simplesmente por não poder fazer química em função da gestação, acabei ficando com luzes californianas. Vê que coisa… E – novidade! – tenho achado repetidos fios brancos na minha cabeça. E isso sim é novidade. Porque nunca tive, até então, cabelos brancos. O que foi uma roleta-russa genética, porque era para ter tido já faz tempo… Minha mãe começou a ter cabelos brancos quando ficou grávida de mim, aos 19 anos. Embora fisionomicamente eu me pareça com meu pai, o corpo, o jeito e a personalidade eu puxei dela, então, por essa lógica, já era para ter cabelos brancos faz tempo também… Mas eles só estão pintando agora, embora quase não sejam vistos, só eu mesma que os encontro. Não tô gostando muito deles não, porque são mais grossos e secos. Então acho que vou pintar assim que puder. Pelo menos nesse momento, e pode ser que isso mude, prefiro cabelos escuros. O que não significa que não vou assumir minha idade. Sou muito, muito tranquila, com esse negócio de idade. Mesmo porquê, a idade não está na idade que se tem, não é? Que coisa mais antiga de se dizer, e tem gente que ainda não entende…

Eu sou bastante vaidosa. E tem gente que nem sabe dessa minha faceta. Mas sou vaidosa porque gosto de estar bonita – que mulher não gosta? Não para aparentar ter menos idade.
Vivo ouvindo que não pareço ter a idade que tenho. Quando pergunto porque pensam assim, as pessoas dizem que é porque eu tenho um jeito maria-criança, um jeito espontâneo de ser. Faço questão de perguntar o porquê, já que esse comentário é realmente ambíguo. Tem gente que não parece ter a idade que tem porque vive fazendo cagada por aí quando se esperaria que não fizesse, em função da experiência que os anos deveriam trazer…

Voltando à pessoa mencionada no início.
Que modo estranho de ver a vida. Ela acha que envelhecer deve ser uma coisa horrível, como se o envelhecer estivesse láááááá na frente. Ela não sabe que o envelhecer acontece todos os dias, todas as horas, todos os minutos, sempre. E acaba não vivendo o processo… Ou, pior. Acaba vivendo da pior maneira possível. Injeção disso, injeção daquilo, procedimento x, y e z, numa tentativa de enganar a vida. E de se enganar também. Aos 30 e poucos anos! Pelamor… Não sou amiga o suficiente dessa pessoa, mas gostaria de dizer pra ela: Filhinha, se liga, amor! Tu já tá velha! Velha no sentido de passada, no sentido de antiquada, no sentido de demodê… Sim, porque não tem coisa mais demodê do que essa luta contra o relógio, essa busca pela eterna juventude, essa tentativa de não ser quem se torna a cada dia. E o pior é que ela nem percebe que cada dia que passa, parece mais envelhecida…

Eu não tenho problemas para envelhecer, felizmente. Gosto muito mais de mim do que gostava no passado. Me curto mais, me permito coisas que antes não permitia, não entro em algumas paranoias. Tenho 31 anos e 11 meses. Feliz com todos eles. Feliz porque serei mãe aos 32. Não tenho mais o corpinho mínimo que vi numa foto ontem junto com meu namorado, de quando morava em Fernando de Noronha, mas também não tenho mais o cerebrinho mínimo daquela época (tá, tô exagerando… nunca tive cerebrinho mínimo não. Mas já fui muito besta nessa vida…).

A Martha Medeiros tem um trecho de babar, que diz o seguinte:

Estão todos em busca da reversão do tempo. Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas. Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada. A fonte da juventude chama-se mudança. De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas. Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos“.

Também penso assim.
A minha juventude, quero é dentro da cabeça. Estimulando minha neurogênese. E isso se faz lendo, rindo, fazendo coisas de criança, brincando com elas, tendo a capacidade de se auto-avacalhar, dançando, cantando, amando. Outro dia, eu e Frank lemos juntos uma frase que amamos. Dizia: “sempre é tempo de se ter uma infância feliz“. Não lembro o autor agora, mas procuro depois…

E viva o passar dos anos! Bem vividos!
O vídeo lá de cima é prova cabal disso. Fiquei PAS-SA-DA quando vi! Cortesia da minha amiga Ana Paula Ramos Costa.

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