Xico Sá, jornalista, escritor, blogueiro e mais um monte de outras coisas,
autor do texto “Panfleto pela licença paternidade de 90 dias”
O Xico Sá é um escritor e jornalista que eu admiro muito. Ele fala com propriedade sobre coisas de mulher (entre uma infinidade de outras coisas), coisa que só um homem esclarecido e sem preconceitos consegue. Já mencionei um texto dele aqui, sobre cafajestes, nos idos de 2009, quando ainda era solteira e não era mãe, era apenas cientista.
Ele mantém um blog ótimo no Folha.com. Ontem mesmo postou um texto tudo de bom que me fez rir um monte, falando sobre a DR de intelectual (a famosa “discussão da relação” de intelectual). Aí aproveitou pra falar sobre os tipos de DRs que existem, a DR Kurosawa, a DR Erística, a DR punk-rock, a DR Paulo Coelho e outras. Muito bom!
Anteontem (28/06), meu marido me mandou um link em que ele escreve sobre a possível licença paternidade de 90 dias. Eu AMEI o texto e quis compartilhar aqui. Só que a Folha é uma empresa esquisita, sabe? Ela não permite links pros textos (o link só vai até o blog, aí a pessoa tem que ficar procurando a postagem), e não gosta que coloquem seus conteúdos em outro site. Tinha até um blog que postava textos do Contardo Calligaris, bloguinho simples, humilde, que teve que parar de funcionar porque a Folha mandou, inclusive. O site Charge On Line, que reúne charges diárias de um monte de chargista brasileiro bacana que publica em diversos jornais, não pode publicar as do Angeli, do Laerte e outros do grupo Folha, por exemplo, porque a Folha não deixa… Ai que Folha chata. Parece aquelas crianças que não deixam ninguém brincar porque a bola é dela. Vou continuar a postar aqui links para matérias interessantes publicadas lá, mas fica aqui meu desabafo.
Eu gostei pacas do texto do Xico Sá sobre a licença paternidade, então taí embaixo. Com créditos, links e tudo mais. Se a patrulha-Folha não gostar, que mande tirar.
Panfleto pela licença-paternidade de 90 dias
Vejo aqui no Le Monde, via UOL, que na Noruega, terra do meu amigo de adolescência Knut Hamsun, é sucesso entre os marmanjos a licença paternidade de 90 dias. Três meses de nananeném, amém.  
Aqui temos apenas cinco dias de bilu-bilu-teteia com o filhote. Não dá nem tempo do menino distinguir, entre visitas e Reis Magos, o rosto vincado e o narigão do papai.
Entre as fêmeas o atraso também é imoral. Ainda tramita no Congresso a ampliação da licença-maternidade de quatro para seis meses. Um desafio para todas as mulheres da presidenta, se bulam, meninas, que a causa é nobre.  
Sim, sabemos que algumas firmas sacaneiam as mães por causa deste  merecido período, mas somente assim, com medidas do gênero, é que a carroça da história sai do canto e desembesta.
Mas vamos puxar a maminha também para a nossa brasa. A ampliação da licença-paternidade seria a grande revolução e melhoria do macho.
Nos países que adotaram a medida, como a dita Noruega, 90% dos homens aderiram à causa.
Na Suécia, quase isso, 85% dos marmanjos aderiram, com empresas e o governo bancando a licença, algo civilizadíssimo. Na Inglaterra e na Alemanha, novatos no assunto, também caminha para o êxito.
 É um avanço que nem a mais radical das feministas imaginava. Como poderiam pensar que a igualdade de gênero passava, de alguma maneira, por nossas calejadas mãos de ex-provedores?!
Com a adesão do macho à licença, as mulheres podem optar, inclusive, pela volta mais cedo ao batente, o que tem ajudado a equilibrar o jogo dos salários e cargos de comando nas corporações. (Agora falei bonito!)
É, amigo, antes de serem mães as fêmeas conseguem ganhar mais ou menos a mesma coisa que os seus maridos.
Ao choro dos bebês, ocorre uma freada na carreira, o isolamento da vida social pós-expediente, o congelamento de eventuais promoções e outros atropelos.
Então, minha querida, nos ajude a distribuir também essa crônica panfletária. As crianças agradecem. Pelo sagrado direito do homem a um prolongado bilu-bilu-teteia.
E aproveito para mandar lembranças ao meu amigo de adolescência, autor do livro “Fome”, um dos mais marcantes sobre este locutor que vos fala. Viva Knut Hamsun, viva o reino da Noruega.

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