O ano de 2010 começou a se encerrar, pra mim, a partir desse último final de semana (11 e 12 de dezembro). Foi quando comecei a sentir o tal do “espírito de Natal”, e que realmente havia chegado o final do ano – porque até semana passada, eu ainda estava naquela de “ai que saco isso, mal começou dezembro e esse povo todo falando em natal…”. Fim de um ano cheio de desafios, cheio de altas e intensas emoções, de mudanças e transformações profundas e irreversíveis. 
2010 foi o ano em que me tornei mãe e que descobri o que realmente me faz feliz.
Sabe, passei uma vida tentando descobrir o que realmente me fazia feliz. Sempre fui uma apaixonada pela minha profissão, adoro as salas de aula das universidades e os laboratórios de pesquisa, adoro o ambiente universitário, o burburinho de ideias e de informação que rola por lá, adoro o clima de conhecimento sendo produzido. Mas não me sentia totalmente feliz não. Também sempre gostei da balada. Sair com o pessoal, sentar numa mesa com amigos e conversar até o dia chegar, tomar uma cerveja gelada, essas coisas. Mas confesso que isso também me deixava insatisfeita. Ficava me perguntando “tá, e o que mais?”. 
Bom, aí veio esse 2010 e mudou tudo. E hoje, que a Clara está aqui comigo, sinto que ela e o que ela representa é a resposta pra tal pergunta. Ela é o meu QUE MAIS. Eu olho pra essa bebezinha e, às vezes, ainda não entendo muito bem o que aconteceu comigo. Mudei muito após o nascimento dela. Revolucionei de maneira definitiva minha forma de pensar e de viver. Como isso é possível tão rapidamente? Simples: a gente se acostuma fácil com o que é bom. E melhorar por alguém que se ama tanto é muito fácil. Olho pra ela e sinto que fui mãe dela a vida toda. E fui mesmo.
Esse fim de semana, como eu disse no início, foi o início dos encerramentos do ano. 
No sábado, eu, Clara e namorado passeamos o dia inteirinho. Fomos ao shopping pra mais uma sessão do Cinematerna e assistimos a um filme que estávamos loucos pra assistir – A Rede Social – e que não conseguiríamos se não fosse essa iniciativa incrível que é o Cinematerna (pausa: quando estivemos na TVCOM para uma entrevista, eu, Clara e namorado, pudemos conversar com uma das fundadoras do Cinematerna e ficamos encantados com o relato dela sobre como começou. Me lembra muito a história do Bazar Coisas de Mãe, que eu e Sheila organizamos). Bom, aí assistimos ao filme, almoçamos por lá mesmo e continuamos a passear felizes e contentes.
E foi nessa primeira parte do passeio que tive mais uma grande emoção (mãe babaca falando) nesse fabuloso mundo da Clara. Estávamos nós andando quando, de repente, dou de cara com o Papai Noel sentado num trono. Todo ano eu vejo essa cena, mas só esse ano me derreti toda. Tava lá o véio. Todo barbudo e calorento. E eu, como toda boa mãe coruja e babaca, lógico que levei a Clarinha pra ver. E foi a primeira vez da Clarinha com o Papai Noel… Fui lá, conversei com aquele senhorzinho passando calor naquela roupa quente e disse pra ele: “O senhor vai me desculpar, mas serei mais uma das 200 mães corujas que vão ficar babando na filhinha-bebê vendo o papai noel pela primeira vez na vida. O senhor pode pegá-la no colo pra gente tirar uma foto?”. Ah, gente, mas que velhinho legal! Super simpático, pegou a Clara no colo – mãe atenta na expressão da filhota, pra ver o que ela acharia daquilo – e começou a conversar com ela, depois de me perguntar seu nome. E começou “Oi Clara, tudo bem? Eu sou o Papai Noel e é um prazer conhecer você”. Aí pronto, momento-mico-modo-ativado. Mãe emocionada, pai tirando foto, uma loucura. E a Clara? Ah, a Clara… Clara adorando, toda sorridente pro papai noel, fazendo charme. Não acredita? Olha aí então e me diz: é ou não é uma coisa?

Clara conhece o Papai Noel

Sim. Sou uma mãe babaca. Adoro!

Bom,saímos de lá e fomos pro SESC, começar a organização física pro Bazar do dia seguinte. Cheguei lá, estava a Sheila bem tranquila, porque o pessoal do SESC – a quem agradeço de todo o meu coracão pela parceria – já tinha arrumado toda a sala.
E no domingo foi o Bazar. Que foi a coroação de um ano cheio de profunda emoção. Sucesso absoluto, dezenas e dezenas de pessoas, gente elogiando o documentário da Priscila Guedes – a querida amiga-parceira que hoje mora na Suíça e que teve o seu Safir em casa -, crianças lindas correndo por todos os lados, mães arrasando nas vendas, um sucesso total. Muitos momentos de emoção, como quando uma médica gestante de 6 meses, especialista em medicina fetal, veio pessoalmente nos agradecer pela oportunidade de ter visto o documentário que, segundo ela, tinha mudado o modo dela pensar o nascimento. Missão cumprida… 
Domingo de calor e muito trabalho, mamãe trabalhando horrores, papai ajudando a mamãe em tudo (instalando equipamento, buscando água, comida, fazendo o social com todo mundo), e a Clarinha sempre junto. Hora no sling atenta, hora no sling dormindo, hora com o papai, hora na caminha improvisada, hora no colinho dos muitos amigos que, tão carinhosamente, foram nos prestigiar e acabaram entrando na dança (Guta, D. Dilma, Elisa, Ana, Lidia, Bibi – parceira de La Gonga, salve! – mais gente que lê meu blog e que eu nem conhecia, e que conheci lá, mais amigos como Elayne, Juju, Sofia, Carol, tanta gente querida, obrigada pelo apoio!). Clara bem feliz e tranquila, aproveitando os colinhos e os amigos, ganhou um monte de presentinho e estreou o modo “bebê nude”, tamanho calor que fazia

Clara descansando a beleza após curtir com os amigos no Bazar
Chegamos em casa exaustas. Banho nas duas. Cama pras duas. Clara dormiu 12 horas, 6 das quais numa leva só, sem nem acordar pra mamar. Um pouco antes de pegar no sono, agradeci profundamente pelo final de semana que eu tive, exaustivo, porém tão gratificante. Agradeci pelas experiências incríveis que venho tendo desde que minha filha chegou e pela oportunidade de conviver com tanta gente bacana, tanta gente fora do óbvio, tanta gente que pensa fora da caixa, tanta gente querendo uma vida melhor, fazendo a diferença, querendo deixar uma coisa boa no mundo. Essas experiências têm me ajudado a colocar tudo na sua devida perspectiva, e selecionar um pouco melhor as pessoas e as coisas que vivo. Saber quando e com quem direcionar minha energia, em função do que quero pra mim e pra Clara. E cada vez mais, só aparece gente mais ligada nas mesmas coisas que eu. Hoje a noite fechou com uma conversa importante com Ana, Paulo e o bebê Bernardo, que fez aniversário de 1 mês ontem, lá no Bazar. Eles vieram nos visitar e ficamos batendo um papo. Eles foram embora e eu fiquei pensando: que ano especial esse 2010. Como tantas pessoas boas surgiram na minha vida.
Obrigada, Clara, minha filha. Você é o motivo de tudo isso.
Semana que vem, semana de Natal, espero que meu coração molenga fique firme e forte. Clara vai pra SP conhecer a vovó… Eu e o namorado vamos jun
tos, mas seremos coadjuvantes nessa história.
Sim, chegou o Natal. Mas eu já ganhei meu presente há 4 meses e 14 dias.

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