Ontem diferentes situações remeteram a uma mesma coisa: a ilustração que o Frank fez para representar minha pesquisa de doutorado. Essa que está aí ao lado.

Vou contar a historinha dela…

Eu comecei a divulgar a pesquisa sobre violência obstétrica que estou fazendo como parte do meu doutorado no dia 25 de novembro de 2011, Dia Internacional da Não Violência Contra as Mulheres. Passei aquele dia quase inteiro conectada à internet, participando das atividades virtuais pelo fim da violência de gênero, em um grande esforço de divulgação, juntamente com outras mulheres, principalmente via Twitter, e que fez com que dezenas de mulheres quisessem participar e contar suas histórias.
Eu já sabia que o convite à participação na pesquisa permaneceria linkado aqui no blog e em outros locais por bastante tempo e sentia falta de uma ilustração que pudesse identificá-la. Então, nos dias anteriores à divulgação, pensei em uma forma de tornar sempre visível o convite, uma forma que fosse delicada, colorida, que desse a impressão de acolhimento – tudo diferente do que a pesquisa aborda, que é um tema bruto, cinza e triste. Eu queria que as mulheres se sentissem acolhidas e que, de alguma forma, a situação de vulnerabilidade pudesse ser representada com doçura. Foi então que tive a ideia de representar a gestante, despida, encontrando as mãos do profissional de saúde, esse vestido, com seu jaleco branco – o choque de exposição e vulnerabilidade. Nas minhas ideias, o detalhe maior deveria estar nas mãos: as mãos do profissional voltadas para cima, numa manifestação de doação, de acolhimento, numa postura receptiva, recebendo aquela mulher e seus anseios num momento tão delicado.
Contei ao Frank o que eu pensava, ele foi pro escritório e dali a pouco voltou com o esboço. Falei mais ou menos sobre as cores que eu pensava, que fossem alegres e passassem uma boa sensação – além de fazerem alusão ao movimento feminista

E assim surgiu essa ilustração, que marca essa etapa da minha vida.
Muitas pessoas começaram a compartilhar pela internet e hoje, cada vez que a encontro, sinto alegria porque sei que, ali, alguém sabe que tem alguém interessado na história vivida por uma mulher. 
Ontem, Clarinha passou um dia bastante desanimadinha, dormiu grande parte do dia bem grudada a mim. Sabe-se lá como, ela pegou uma conjuntivite e na noite de anteontem a levamos ao médico pra confirmar se era isso mesmo, depois do olhinho inchar tanto a ponto de quase fechar. E era mesmo. Toda congestionada e com o olhinho irritado, ficou quietinha o dia todo e, juntas, passamos o dia descansando. Nada a agradava muito – ela, que é tão interessada em todas as coisas.
E então chegou um pacote pelo correio.
Abri e: um moooooonte de coisas fofas!
Eu sabia que uma delas estava a caminho, mas não que eram tantas – e tão lindas.
Um pacote de lindezas crafts, feitas pela companheira, amiga e comadre Bianca Lanu, aquela, co-editora da Parto no Brasil (juntamente com a Ana Carolina Franzon, minha parceira na ação do Teste da Violência Obstétrica), que recebi durante felizes dias aqui em casa e que, depois, fui visitar em Cananéia.
Abri o pacote e, ao ver as corujinhas do bastidor, Clara levantou na mesma hora do ninho que fiz pra ela na sala, deu um sorrisão e disse: “Ó mãe, oúza! A oúza, mãe!”. 
Amigo que faz filho da gente sorrir em dia que tá baleadinho ganha terreno cativo no coração da gente, ô! Obrigada, companheira, comadre, pela lindeza que você fez e pelos sorriso no rosto da minha “manguinha chupada”, como você chama carinhosamente a minha cria, em função dos seus cabelinhos lisos escorridos…
E no pacote, um presentinho daqueles de encher o coração da cientista apaixonada por mimos crafts: um broche, em tecido de poás (amo), com a ilustração da pesquisa bordada à mão. 
Não é pra ter um treco?! Grata de novo, minha querida.
No fim da noite, mais sorrisos associadas à ilustração. 
Recebi o seguinte e-mail de uma moça lá de Belo Horizonte:
Prezada Ligia,
Gostaríamos de pedir autorização para utilizar a imagem do seu blog (anexo com o título “respeito ao parto”) para fazermos camisetas para as mães-militantes comparecerem à Audiência Pública na Assembléia Legislativa de MG sobre o tema de violência obstétrica no nosso estado, que acontecerá em 20/06.
Não só autorizamos, eu e Frank, como nos sentimos muito honrados por saber que mulheres vestirão essa camiseta por uma causa tão nobre.
E aproveito para parabenizar o grupo que está organizando pela grande iniciativa.
É uma felicidade muito grande ver que tantas pessoas estão compartilhando e divulgando essa imagem que foi pensada e desenhada com tanto amor…

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