Essa semana foi quase totalmente dedicada aos preparativos para a chegada da Clara. Tivemos duas consultas pré-natais. Uma com a médica que já vem acompanhando a gente desde o início da gravidez. A outra, a nossa primeira consulta com as enfermeiras do Hanami. Se eu já estava tranquila com a decisão de ter a bebê em casa, agora fiquei mais.
Claro que com a proximidade do parto uma tensão emocional se faz mais presente, mas com relação ao tipo de parto que escolhi, estou muito tranquila. A assistência que esse grupo já começou a me dar contribui em muito para a confiança em um parto respeitoso e tranquilo. Essa semana foi a primeira consulta aqui em casa: pressão arterial conferida, barriga medida, posição da bebê verificada. E a partir de agora, uma consulta domiciliar por semana até o dia do parto – que será sabe-se lá quando… A Clara já está em posição cefálica – ou seja, de cabecinha pra baixo, mas ainda não encaixou. Nós ficamos muito felizes porque, pela primeira vez, conseguimos sentir sua cabecinha, apalpando a base da barriga, bem no finalzinho do abdome, entre a barriga e o osso púbico. Agora é aguardar a hora dela. Estamos apostando na lua cheia do dia 26, quem sabe… Mas é uma coisa intuitiva mesmo. Se isso acontecer, será o aniversário mais especial que eu poderia imaginar, já que faço 32 anos dia 27. Enquanto isso, ela continua numa mechilança incrível. Tem pezinho mexendo até em lugar que eu nem sabia que tinha útero.
Depois do nascimento, as enfermeiras ainda nos darão todo o apoio pós-parto, vindo nos visitar no primeiro e terceiro dias. Depois, no décimo, a gente faz a finalização do apoio. Muito, muito legal.
E hoje falei com minha irmã caçula, que carrega o Murilinho. E fiquei muito contente ao saber que ela também optou pelo parto normal.
Então, tudo sendo encaminhado. Ansiedade no limite saudável. Mas a parte emocional está bem frágil. Acredito que seja um processo normal que acontece às vésperas do nascimento. A gente acaba fazendo uma revisão da vida, das coisas que viveu até aqui, fica muito incerta sobre o futuro, aflora um monte de coisa, dá uma sensação de fragilidade. Por isso – e por uma questão física também – tenho preferido me entocar ainda mais aqui em casa. Fico quietinha aqui, chocando meu ovinho. Mesmo porquê, agora está mais difícil fisicamente. A barriga está imensa, a azia está me matando e os pés andam bem inchados. Junta essas alterações físicas à fragilidade emocional e fica claro como tem sido melhor, pra mim, ficar em casa. Bem bicho mesmo, bem mamífera, juntando paninhos e se escondendo no cantinho pra ninguém te achar e parir tranquila. Mas nessas horas já aprendi que preciso respeitar isso, ao invés de ficar lutando contra e fingindo que não existe. Deu tudo certo até aqui, não tem porquê não continuar dando… mas preciso respeitar meu tempo.
Minha mãe hoje me perguntou se eu não queria ir lá pra casa dela, no interior de SP, durante a minha recuperação, pra ela ajudar a cuidar da gente, já que ela não poderá vir pra cá pra me ajudar, em função do trabalho. Mas era tudo o que eu queria… Ando meio precisada mesmo de carinho de mãe. Mas agora somos três. Deslocar uma vida, é fácil. Foi fácil pra mim até agora. Mas três vidas, é mais complicado. Então vou ficar por aqui mesmo, aprendendo a brincar de boneca.
Pra ajudar a entender esse período, tenho lido umas coisas muito boas, em livros e sites. Dois sites que recomendo: o Parto do Princípio e o Amigas do Parto. Lá tem coisa sensível, útil e importante, que te ajuda a não se sentir uma extraterrestre, nesse período de tantas indefinições e dúvidas…

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