Ontem, na fan page do Cientista Que Virou Mãe, postei a imagem ao lado, que foi bastante compartilhada.
Ela diz que o problema não é as meninas gostarem de rosa.
– “Você quer o laranja, o rosa ou o azul?”
– “O rosa!”
O problema é dar a elas somente uma opção:
– “Você quer rosa, o salmão ou o fúcsia?”

Por que isso não é bom?

Porque a vida é multicolorida e é isso que a gente precisa ensinar aos pequenos, que todas as cores são de todos nós, porque, afinal, nós somos de todas as cores.
Ensinar a uma menina que o rosa é cor de menina, ou a um menino que o azul é sua única cor, e que eles não podem escolher brinquedos diferentes disso, ou roupas, ou qualquer outra coisa, é limitar as opções deles, é ensinar desde cedo que existem rótulos para cada um, nichos específicos a serem habitados, e que mudar de rótulo ou de nicho compromete sua integridade, sua sexualidade, seu papel no mundo – e isso é muito limitado.
Toda mãe e todo pai quer dar aos seus filhos múltiplas possibilidades. Afinal de contas, uma criança só pode se desenvolver em um adulto mentalmente saudável e próspero quando a ela for dado poder de escolha. E que escolha tem uma criança com uma única opção?

Você já conhece um blog chamado PAC MÃE?
Vale a pena conhecer.
Hoje elas postaram um vídeo maravilhoso que ilustra a mesma coisa, mas falando sobre a questão das princesas, com o título de “Chega de ser (só) princesinha cor de rosa!“.
É um vídeo muito bonito mesmo – e eu vi muito de mim criança lá, talvez por nunca ter sido uma princesa cor de rosa, embora tivesse muitas amigas assim.

Não quero ser hipócrita: acho menininha vestida de princesa uma fofura. Acho sim. Como não achar?

Elas ficam lindas mesmo. Tão lindas quanto ficam de fadas, de aventureiras, de pilotos de carro, de abelhas, de super heroínas – porque elas SÃO lindas.
Tudo bem também que as meninas queiram se vestir de princesas – é uma fantasia como qualquer outra.
O problema é que elas queiram – por incentivo externo (família, mídia, lojas, escola) – ser SOMENTE princesas, quando podem ser tudo o que quiserem.
As lojas são estereotipadas, os presentes que elas ganham são estereotipados, os vendedores de lojas agem como se elas fossem apenas princesas, um inconsciente coletivo que é bastante nocivo a longo prazo.
O mesmo para os meninos e suas coisas sempre azuis, suas
brincadeiras violentas, seus brinquedos que vem com homenzinhos fortes, em carros supersônicos, ou espadas para luta.

Essa semana, no mercadinho do meu bairro, uma senhora à minha frente no caixa comprou dois ovos de chocolate que vem com surpresa dentro, daquela marca que, bem antiquadamente, fez embalagem rosa e embalagem azul. Saiu e voltou.
 Ai moça, posso trocar? – disse ela à atendente no caixa. – Peguei dois rosa sem querer, mas um é pra menino, vou ter que trocar.
A atendente fez uma cara estranha, mas trocou.
A senhora saiu.
Como eu conheço todo mundo que trabalha lá, acho que eles se sentiram à vontade.
Como se o guri fosse ficar viado só porque ganhou um ovo que é marrom mas vem na caixa cor de rosa – disse um funcionário que estava por ali. Ao que a atendente do caixa completou:
Que coisa mais besta essas empresas estimularem isso. Depois as crianças crescem cheias de preconceito e e o povo diz que “nasce assim”.

Muita gente já sabe disso. Mas ainda falta um tanto ainda maior de gente parar para refletir sobre.

Vai lá ver o vídeo que está hoje no blog PAC MÃE. É maravilhoso!

O que, afinal, a gente quer?
Quer um mundo onde abelhas, princesas e baianas convivam sempre, respeitem suas diferenças, ocupem seus múltiplos espaços, vistam diferentes roupas e personagens, sejam estimuladas a isso. Não apenas princesas para toda parte.

Abelha, branca de neve e baiana no carnaval 2013.
Sou mãe da abelha.

Leave a Reply