Agora cedo eu estava colocando umas coisas na bolsa pra ir trabalhar quando encontrei um papel do qual nem me lembrava mais. É uma anotação que fiz de um artigo científico incrível que encontrei um dia, mas que agora não tô mais encontrando de jeito nenhum pra poder compartilhar aqui (assim que encontrar, venho dar os créditos). O artigo juntava neurociência com a Teoria dos Sistemas Inteligentes Distribuídos, um puta artigo incrível. Abaixo, o trecho que anotei: 

“ter problemas está necessariamente, acima de tudo, em ter inquietação para sentir a necessidade de explorar novos mundos mesmo se a vida não estiver longe do perigo (grifo meu). Os problemas são geralmente mais originados da exploração ativa que da adaptação a um ambiente em mudança lenta (de baixa entropia)”.

 e mais:

“Auto-confiança é a capacidade do agente em agir usando os recursos locais disponíveis. Interdependência é a capacidade do agene em obter recursos de outras fontes para poder melhor atuar. O equilíbrio entre auto-confiança e interdependência é a questão-chave de qualquer Sid (sistema inteligente distribuído) para manter o conflito em limites aceitáveis e para permitir o surgimento de uma atividade coerente em uma equipe de agentes”.

Se eu tenho problemas é justamente por isso: porque eu estou sempre explorando ativamente esse mundo para o qual eu vim e não me acomodo. Talvez minha vida fosse mais simples se eu fosse um cadinho mais acomodada mesmo, mas isso com certeza não faz parte da minha personalidade.
Nada acontece por acaso nessa vida. Encontrei esse papel porque eu tinha que ler isso novamente. E acredito que, depois de muito-muito-muito pensar, de me sentir muito-muito-muito angustiada e de conversar com pessoas com diferentes opiniões, acho que encontrei um meio-termo que resolve meu problema NESSE MOMENTO (pode ser que mais pra frente, frente a outra condição, essa solução já não me seja tão útil, mas aí a gente vê de novo). Meus parceiros de trabalho toparam e vamos fazer um teste.
Mas confesso que, de tudo o que me foi dito por tanta gente querida querendo ajudar (principalmente minha mãe, Guta, minhas parceiras e Luciana M. – que não conheço mas que tem me mandado depoimentos que têm sido muito importantes nesse momento, obrigada!), a frase que mais colocou meus pensamentos no lugar foi dita ontem, quase sem querer:
“Primeiro a gente decola o avião, depois a gente se joga de pára-quedas. Não faz o menor sentido se jogar antes dele subir…” Beijo pro meu parceiraço que, de quebra, é também meu marido!
Vou me matar pra fazer o avião decolar enquanto ganho o pão nosso de cada dia e cuido da minha filha. Mas se tem uma coisa que eu nunca temi foi me dedicar determinadamente a alcançar um objetivo. Foi assim, inclusive, que eu comecei a me tornar quem eu sou hoje lá pelos idos de 1995. E se alguma coisa na nova situação mudar e meus parceiros de trabalho precisarem rever as coisas, aí a gente avalia de novo.
Acho que foi por isso que Charles Darwin, um dia, disse que tem mais chance de sobreviver e deixar descendentes aquele que tiver um pool gênico que permita ser mais adaptável às diferentes situações, e que seja mesmo. Quem tem pouca flexibilidade morre na primeira catástrofe natural, não consegue viver nem um pouquinho no caos. Que bom que eu vim com esses genes… Um beijo pra minha mãe, que os passou pra mim.

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