Nesse momento, estou envolvida com a leitura de excelentes materiais, coisas que considero da maior importância e que, portanto, compartilho e recomendo.
São quatro livros (alguns disponíveis livremente para download, veja os links abaixo) e uma apresentação  para quem se interessa por medicalização da infância, pelo estudo da violência, por violência no parto e, também, pela questão da escolarização e não escolarização. Quase todos os temas que gosto de abordar aqui neste blog.

Começo sugerindo um livro que é, na verdade, o resultado do trabalho de mestrado da psicóloga Fabiola Colombani Luengo .
Com o título de “A Vigilância Punitiva – A postura dos educadores no processo de patologização e medicalização da infância“, o livro aborda a medicalização e patologização da infância no contexto da educação infantil. A autora realiza uma ampla pesquisa em uma escola municipal de educação infantil do interior paulista, analisando as relações estabelecidas entre educadores e alunos e a presença do processo patologizante e medicalizante em tais relações. Para melhor compreender o fenômeno, ela discorre sobre o tema em três capítulos principais:

1) A história da higienização no Brasil: o controle, a eugenia e a ordem social como justificativa
2) Disciplina/Indisciplina: educação infantil, espaço de liberdade ou de modelamento?
3) Patologização e Medicalização Infantil: a vigilância punitiva

O livro apresenta retratos e discussões importantes a respeito das relações educacionais estabelecidas nos dias atuais, fortemente impregnadas do conceito de medicalização como forma de controle. Acesse o livro na íntegra aqui.

Trecho do livro “A vigilância punitiva – Postura dos educadores
no processo de patologização e medicalização da infância”,
de Fabiola Colombani Luengo.

A segunda sugestão é o livro “Podemos prevenir a violência – Teorias e práticas“, de Elza Machado de Melo, doutora em Medicina Preventiva e Social, Mestre em Ciência Política, Professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.
O livro, publicado e disponibilizado pela Organização Panamericana de Saúde/Organização Mundial de Saúde, conta com a colaboração de dezenas de pesquisadores e encontra-se organizado em 15 capítulos, os quais abordam questões como a possibilidade da prevenção da violência, como explicar a violência, a relação entre violência e religião, a promoção da cultura de paz, o papel da saúde na prevenção das violências, o Humanizasus e alguns exemplos importantes de iniciativas brasileiras voltadas a promover a cultura de paz e prevenir a violência. O livro também pode ser acessado na íntegra aqui.

A terceira sugestão é o material “Violência na assistência ao parto: definições, impacto na morbidade e mortalidade maternas e propostas para sua superação“. É a apresentação feita pela professora Simone Diniz, do GEMAS/USP (Grupo de Pesquisa Gênero, Maternidade e Saúde) no IV Encontro do Comitê de Mobilização Social da Rede Cegonha, em Brasília, em junho do presente ano. É um riquíssimo material que define a violência obstétrica, traça um breve histórico, fala sobre o ativismo materno na luta contra a violência no parto, entre muitas outras informações imprescindíveis. O material está disponível na íntegra aqui (contém imagens chocantes da realidade obstétrica atual brasileira).

Parte integrante do material “Violência na assistência ao parto:
definições, impacto na morbidade e mortalidade maternas e
propostas para sua superação
“.

Por fim, recomendo dois livros que chegaram aqui em casa e sobre os quais digo apenas uma palavra: revolucionários. Estão me ajudando em profundas reflexões, em duas áreas que podem parecer diferentes mas que são, na verdade, duas faces de uma mesma questão: as escolas como são e estão constituídas atualmente e a medicalização da vida, com sua crescente iatrogenia (veja a definição de iatrogenia aqui). Dois livros de um mesmo autor: Ivan Illich. E para encontrá-los, você vai precisar recorrer aos sebos físicos ou virtuais ou às obras digitalizadas e compartilhadas pela internet afora. São: “Sociedade sem escolas” e “A expropriação da saúde – nêmesis da medicina“. Incríveis! Mas não são encontrados à venda nas livrarias, parece que estão esgotados. Existem links sendo compartilhado por aí dos livros na íntegra. Gostaria de compartilhá-los aqui, mas as editoras não gostam. Não disponibilizam para compra, não reeditam obras fundamentais como essas e não gostam que as mesmas sejam compartilhadas digitalmente (acesso e incentivo à boa leitura, cadê?). Mas você encontra nos sebos on line. Comprei os meus por menos de R$ 12,00 cada.

Tr
echo do livro “Sociedade sem escolas”, deIvan Illich

Você deve estar se perguntando como vai arrumar tempo para ler tudo isso – a mesma pergunta que fiz a mim mesma.
Então aí vai mais uma sugestão: que tal começar a semana readequando suas prioridades?
Boa leitura!

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