Esse texto foi escrito a múltiplas mãos. É um convite à luta coletiva em defesa das mulheres, de todas as mulheres, sem excluir ninguém. É um convite a menos preconceito e discriminação. A menos ataques e mais união. Que em 2014, mulheres possam viver menos inequidades em todos os espaços, em todos os setores. Inclusive aquelas que se tornaram mães.
É um texto longo. Como longa também é a luta contra a opressão e a negação de nossos direitos. Com ele, esperamos estimular uma mudança de olhar sobre três questões: a maternidade, a violência obstétrica e o caráter claramente feminista de ambas. Não desejamos polarizações de qualquer tipo. Desejamos, isso sim, o reconhecimento de uma luta que vem trazendo mudanças em diferentes cenários.
mo também pelo desconhecimento e desatualização de ambas as delegadas a respeito do tema. Não é possível ignorar dados sérios de pesquisas brasileiras realizados nos últimos três anos e amplamente divulgados nos cenários científico e midiático brasileiros, os quais já mostraram a toda sociedade civil a gravidade da questão. Muito menos desmerecer a violência sofrida por uma a cada quatro mulheres que dão à luz no Brasil, atribuindo a essa violência caráter de invenção, de imaginário, ignorando mulheres e suas dores.
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interpretações possíveis da razão do nome. Arriscamos dizer que 90% das mulheres que curtem e fazem a página Mulheres Empoderadas não se intitulam empoderadas porque defendem e vivem a autonomia da mulher para parir de cócoras, na piscina, sem intervenções ou porque amamentam seus filhos no peito por tantos anos. Não. Intitulam-se assim porque venceram muitas lutas pessoais – e coletivas – para conseguirem fazer isso, lembrando que tudo isso aí representa grandessíssimas exceções no Brasil. Estamos falando de uma minoria. E por que é que o direito de escolha de uma minoria está sendo atacado tantas vezes?
desigualdade econômica e racial entre as mulheres. Sem garantia de vagas em boas creches, e sem licenças parentais razoáveis, a mão de obra de outras mães, pobres e geralmente negras e/ou migrantes, é explorada pelas famílias de classe média. Essas trabalhadoras, na maior parte dos casos, ainda não têm seus direitos trabalhistas respeitados e não encontram apoio público para o cuidado com suas próprias crianças.
utoras mencionaram, e ninguém está podendo fazer isso no Brasil sem arcar com uma longa lista de julgamentos e preconceitos, mesmo quem se sente empoderada. As mães que têm conseguido representam mesmo uma minoria. O que algumas feministas têm chamado de privilégio representa também uma conquista árdua, a partir da tomada de consciência e desejo de mudança sobre as condições gerais de maternagem em nosso país. De novo, atacaremos uma minoria porque a consideramos privilegiada?