Ativistas de mais de trinta cidades brasileiras estão se preparando para, novamente, ir às ruas.

Com o único objetivo de ecoar a voz das mulheres, essas pessoas dedicaram tempo de suas vidas para organizar mais uma manifestação em prol de algo muito básico: a defesa dos direitos reprodutivos, de ser bem atendida e respeitada no nascimento de um filho, lutar contra a violência no parto e poder dar à luz com dignidade.

Amanhã, 19 de outubro, pessoas estarão reunidas em diferentes pontos do Brasil em um ato pela humanização do parto e contra a perseguição que muitas instituições de saúde, públicas e privadas, estão exercendo contra os poucos profissionais que baseiam sua prática em evidências e no respeito à dignidade feminina no parto.
Para falar sobre esse evento, que pode se tornar o maior evento brasileiro em defesa da assistência respeitosa ao parto em termos do número de cidades envolvidas, convidei uma pessoa que tem estado diretamente envolvida em sua organização e planejamento.
É a Luana Xavier.
A seguir, o recado da Luana. Nele você encontra todas as cidades participantes e os links para seus eventos no Facebook. 
Abaixo dele, parte do material produzido voluntariamente por diferentes mulheres, a título de algo que vale muito: informação.
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Não era por 0,20. Não é pela educação. Não é pelo nascimento. É por RESPEITO.

Quando a Ligia me chamou para escrever um texto divulgando a Marcha, me senti extremamente feliz por poder compartilhar da luta de muitas mulheres e homens desse país, que se preocupam e se mobilizam para correr atrás de um novo modelo de assistência obstétrica. Estes últimos dias têm sido de muito trabalho para todos que se envolveram na organização e todo esforço será recompensado pelo lindo Ato que, com certeza, faremos amanhã! 
Vem com a gente!
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Junho de 2013, Brasil. 
Não é só pelos 20 centavos e o país se levanta para defender o direito básico à mobilidade urbana, cerceado pelos interesses escusos da máfia dos transportes país afora. A “Revolta do Vinagre” explode e contamina a população, que se recusa a aceitar calada o que lhe é empurrado, em todos os âmbitos de sua vida: saúde, educação, segurança, transportes. A rua volta a ser palco da política, como deveria ser sempre.


Há uma clara intenção de marginalizar aqueles que representam resistência à engrenagem violenta, em todas os sentidos. Desde junho, movimentos sociais e a sociedade civil sofrem com atitudes cada vez mais covardes e arbitrárias de seus governos, suas polícias e da imprensa. Agosto e setembro chegaram com tudo nessa verdadeira caça a todos que se recusam “a ter aquela velha opinião formada sobre tudo” e os alvos certeiros foram os professores. 

Então veio o dia 4 de outubro.

4 de outubro, Brasil. 
Vários golpes certeiros vinham sendo desferidos direta e indiretamente contra mães, pais, ativistas e todos que defendem o direito a uma assistência digna ao nascimento em nosso país. Nesse dia, uma situação específica veio como gota d’água e nos recusamos a ficar calados.


Uma obstetra de São Paulo – r
econhecida por sua conduta humanizada e baseada em evidências e pelo respeito ao protagonismo feminino – havia sido descredenciada de um conhecido hospital privado da capital paulista, sendo impedida de prestar assistência a partos na instituição.


Semanas antes, Braulio Zorzella, coordenador da Santa Casa de Sorocaba (SP), já vinha sofrendo represálias após conseguir – por meio de pequenas mudanças no serviço, estimulando condutas baseadas em evidências – a diminuição, em seis meses, de 55% para 40% no índice de cesáreas na maternidade. (Link da petição de apoio a ele: http://www.peticaopublica.com.br/?pi=07102013).


Em Curitiba, a enfermeira obstétrica Adelita Gonzales foi afastada do exercício de sua função na Maternidade Victor Ferreira do Amaral, simplesmente por adotar práticas humanizadas em sua assistência a partos. (Link da petição em apoio a ela: http://www.change.org/pt-BR/peti%C3%A7%C3%B5es/carta-de-rep%C3%BAdio-pelo-afastamento-da-enfermeira-obstetra-adelita-gonzalez)


No Rio de Janeiro, a Maternidade Maria Amélia Buarque de Holanda foi bombardeada nas últimas semanas pela mídia e por associações médicas, que responsabilizam o parto normal pela morte de bebês na instituição, embora as causas ainda não tenham sido, de fato, esclarecidas. A maternidade apresenta taxas de cesarianas muito próximas às recomendadas pela OMS bem como índices muito baixos de procedimentos invasivos sem indicação clínica na assistência ao parto; e tem atraído muitas gestantes, que deixam seus planos de saúde de lado, em busca da possibilidade do parto humanizado.

Era hora de colocar os bebês nos slings e ir para a rua!

Diante disso tudo, teve início uma mobilização em rede na qual pessoas de todo o Brasil se juntaram para organizar mais uma Marcha pela Humanização do Parto – desta vez em um Ato contra a perseguição a profissionais e instituições humanizadas. Já somos 34 cidades em luta pela melhoria da assistência obstétrica no Brasil, cada qual tendo escolhido lugares-chave para os manifestos – portas de maternidades, vias importantes, parque públicos – e com suas demandas específicas sendo apresentadas durante os atos.


Assim, em 2013, o coletivo Marcha pela Humanização do Parto se ergue para um novo Ato baseado em um tripé de reivindicações:

1) Apoio aos profissionais e instituições alinhadas com evidências científicas, recomendações do Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde;
2) A favor do parto humanizado e da valorização do parto normal.
3) Pela educação sexual nas escolas públicas e privadas, onde o parto e nascimento sejam abordados de forma fisiológica, humana e integral para crianças e adolescentes de todas as idades e classes sociais.



Continuamos na mesma luta: basta de mercantilização do parto e nascimento: somos indivíduos e temos o direito de receber nossos filhos cercados de amor, paz e primordialmente RESPEITO!

Vamos juntas e juntos trazer nosso movimento à tona e exigir políticas públicas contundentes para que o SUS nos atenda com dignidade. 
É o que queremos e merecemos! 
Homens e mulheres: vamos à luta!


Cidades confirmadas com links para seus eventos no Facebook:

Bertioga – (A CONFIRMAR)
Lajeado – (A CONFIRMAR)
Poços de Caldas – (A CONFIRMAR)

Vitória – https://www.facebook.com/events/193254990859547/

Por Thalita Dol Essinger
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Clique na imagem para ler o excelente MANIFESTO TIMOATIVO PELA HUMANIZAÇÃO E CONTRA A PERSEGUIÇÃO, produzido pelas ativistas e editoras da Editora Timo.
Por Ana Basaglia, Natalia Coltri Fernandes e demais colaboradoras

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