Quem entrou hoje no blog foi redirecionado para o site do GRAAC (http://www.graac.org.br/) – Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer.
Isso porque eu aderi à campanha DOE SEU SITE para o GRAAC, campanha em que blogueiros e donos de sites poderiam vincular seu site ao da instituição, para ajudar a divulgar os trabalhos do grupo e arrecadar fundos.
Amanhã, se você entrar, não será redirecionado. A campanha era só hoje, dia 08 de abril, Dia Mundial de Combate ao Câncer.
E hoje, lendo uma matéria sobre o significado desse dia, me deparei com um trecho em que o autor afirma que hoje se comemora o Dia Mundial de Combate ao Câncer.

Como assim “se comemora”?
Não há nada a se comemorar não…
Deve ter sido um erro de expressão, com toda a certeza.
De acordo com o INCA – o Instituto Nacional do Câncer, serão 489.270 novos casos de câncer no Brasil em 2010 e 2011.
É muita gente doente…
O INCA disponibiliza um relatório sobre as estimativas da doença para esses dois anos e você pode acessar esse relatório clicando aqui.
Lá tem uma série de informações estatísticas sobre a incidência, mortalidade e outros parâmetros relativos ao câncer. Por exemplo: o câncer de mama será diagnosticado em cerca de 49.240 mulheres e o câncer de pulmão em 17.800 homens e 9.830 mulheres, apenas no ano de 2010.
É muito gente doente mesmo…

Mas, para mim, tem um dado mais significativo, não incluso nesse relatório.
Se tantas pessoas assim, quase 500.000, serão diagnosticadas com câncer apenas em 2010 e 2011, imagina quantas pessoas, no total, sofrerão junto com os pacientes?
O que eu quero dizer é: o câncer traz sofrimento não somente aos próprios pacientes. Junto com eles sofrem a família, os amigos, as pessoas próximas. E é grande o sofrimento. Quem já teve um parente ou pessoa querida acometida por câncer sabe do que estou falando. E acho que todo mundo já teve alguém nessas condições, não?
Todo mundo já sabe (ou deveria saber) que existem diferentes tipos de câncer: câncer de mama, de pulmão, de estômago, de pele, leucemias, linfomas, entre outros.
Alguns aparecem sem que o paciente tenha contribuído ativamente para seu aparecimento.
Outros aparecem por contribuição ativa e insistente de seus portadores. E todo mundo também já sabe (ou deveria saber) quais são esses fatores que contribuem: cigarro, álcool, exposição solar prolongada, às vezes sem proteção, exposição a agentes químicos, entre outros fatores. Todo mundo tá cansado de saber…

Mas esse post aqui não tem como objetivo ficar levantando bandeira nem posando de moralista nem de propagador de “modos de se viver”.
Mesmo porquê eu sou uma recente ex-fumante (parei de fumar assim que li POSITIVO no meu exame de gravidez) e sou também consumidora e apreciadora de cerveja, vinho e outras bebidas alcoólicas (também tendo parado agora na gravidez).
Tem como objetivo lembrar todo mundo do sofrimento que sente quem tem ou teve um parente ou amigo acometido por câncer.
É a angústia da incerteza da vitória, é o não saber como agir para ajudar a pessoa, é se sentir totalmente impotente. É o medo da perda, da solidão, a tristeza de ver o sofrimento de quem se ama, é a dor que se sente ao saber que o outro sente dor.
Muitas vezes se tem vontade de arrancar com a mão o que tá ruim lá dentro da pessoa…
Infelizmente, tenho tido contato com notícias de novos diagnósticos muito próximos a mim. Amigos, amigos de amigos, parentes de amigos. E, pra mim, é sempre uma angústia saber disso.
A gente sabe que o câncer é um pouco como roleta russa: algumas pessoas fumam ou bebem durante décadas e não morrem em decorrência disso. Outras sofrem de câncer tendo uma vida saudável. Não temos controle sobre isso…
Mas não dá pra negar a responsabilidade que todos temos nas mãos: evitar não só o nosso próprio sofrimento, mas também o sofrimento de quem nos ama, se pudermos evitar.

Eu fumei até o dia anterior de saber que estava grávida.
Parei pra não prejudicar meu bebê.
E não pretendo voltar não…
Nunca mais coloquei um cigarro na boca e não enlouqueci.
Mas precisa ter força de vontade e um objetivo. É realmente muito mais fácil continuar… É sempre difícil testar seus limites porque é quando você sabe se é fraco ou forte.
Não sou infalível e posso ter uma recaída mais pra frente.
Mas, no momento, o que pretendo é não voltar nunca mais.
Simplesmente porque não quero aumentar as chances de ter um câncer de boca, ou pescoço ou estômago e fazer a Clara sofrer com meu sofrimento, com minha dor física, com internações repetidas e afins. Quero estar viva muito tempo pra ver minha filha crescer. Pode até ser que eu saia na rua, o carro passe e me mate (como dizia a vizinha que mencionei no post anterior) ou pode ser que as coisas que os terroristas diários dizem (que também mencionei anteriormente) aconteçam mesmo. Mas no que eu puder evitar, né?

Hoje rolou no Twitter uma matéria do caderno DONNA DC, um caderno feminino do Diário Catarinense, sobre um estudo realizado por pesquisadores da London School of Economics em que afirmam que mulheres inteligentes são as que mais bebem. Se isso realmente representar a realidade, com certeza essas mulheres não bebem mais por serem inteligentes, porque isso seria um contrassenso. Ninguém que bebe muito faz isso por ser inteligente… Quem bebe muito bebe porque gosta, o resto é desculpinha.
Mas não dá pra negar que grande quantidade de álcool facilita o aparecimento de câncer de estômago e de laringe-faringe-esôfago.
Então achei que essa matéria foi publicada num dia não muito bacana, vamos dizer assim… Poderia ter sido publicada, por exemplo, uma matéria falando do aumento do número de mamografias realizadas no Brasil e do crescimento dos exames de Papanicolaou, exames utilizados para diagnóstico precoce de tumores (o IBGE revela que, entre 2003 e 2008, aumentou de 42,5% para 54,8% o percentual de mulheres brasileiras que fizeram exame de mamografia. No mesmo período, cresceu em 25% o número de mulheres que fizeram o exame preventivo de câncer de colo do útero, o Papanicolaou. Esses exames são fundamentais para a prevenção e detecção precoce do câncer. Mais brasileiras também se submeteram ao exame clínico das mamas, realizado por profissional de saúde). Você pode ver a notícia inteira clicando aqui também

Então hoje eu quis falar sobre isso, solidarizando-me com quem tem ou teve uma pessoa querida com câncer, porque sei que o sentimento de impotência é imenso. Assim como a dor.

Hoje, dia 08 de abril, é o Dia Mundial de Combate ao Câncer.
E seria o aniversário de uma figura muito importante para minha família.

Antonio Joaquim Moreiras.
Português (como o nome bem sugere), diretor de fotografia, dono de barraca em camping, portador de um chapeuzinho azul e de um par de pés “dez pras duas”, com um rabo de andorinha pra fora da boca, autor da célebre frase “Você é o famoso quem?”. Meu tio.

Ele faria hoje 63 anos (se não me engano), se não tivesse perdido a luta contra o câncer há 9 anos. De laringe, faringe e esôfago.

Ele e eu, na foto…

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