Passei o carnaval desconectada, tentando descansar um pouco. Mas como é difícil esse negócio de tentar descansar quando se tem um bebê, caraca véi. Mas, especialmente nesse feriado, fiz o que alguns amigos sempre me recomendam desde que a Clara nasceu: cada vez que ela cochilava, eu largava tudo e cochilava junto. Fez bem, fez muito bem. Mas tenho tido noites infindáveis, com a pequena acordando a cada hora, hora e meia. Não faço a menor ideia do que tá rolando agora, mas acho que pode ser uma promessa de dentinho superior. Ainda bem que isso não acontece para cada um dos 32 dentes humanos, Jesus… Confesso: tô cansada que não tô me aguentando. E o corpo tá cansando junto, coisa que é rara de ver. Normalmente, mesmo cansada, meu corpo aguenta quase tudo, é quase um Hummer esse meu envoltório carnal, não fico doente facilmente. Mas quando a gente está à beira da exaustão começam a pipocar coisas: estou com uma dermatite atópica que normalmente aparece em momentos tensos, como foi na defesa da minha tese, por exemplo, que não está cedendo nem sob tortura. Dia sim outro também, tenho tido crises de rinite como eu nunca havia tido antes. E, o que me fez sofrer horrores ontem e anteontem, meu leite deu uma empedradinha. Não foi nada punk ou gravíssimo, mas foi o suficiente pra não me deixar dormir em uma dessas noites e de chorar de dor. Já tá tudo normal de novo, mas ô coisa doída. Conversando com amigas, soube que isso é comum quando se está cansada ou estressada. E tenho estado muito mesmo. Sobre um assunto que nem posso falar aqui, ói que coisa… Esse negócio de liberdade de expressão é mesmo muito relativo… Mas quem convive comigo, presencial ou virtualmente, já sabe bem do que estou falando.
Bom, bola pra frente, que a semana tem só 2 dias. Ainda bem…
Aliás, um desabafo: já falei que de-tes-to essa expressão “bola pra frente”? Prontofalei. Você tá lá cheio de cansaço e minhoca na cabeça, querendo pegar uma marreta e dar em si pra ver se, assim, alivia, e aí vem aquela pessoa que parece ter chegado ontem da ilha de lost, olha pra você, aperta os olhinhos, balança a cabecinha e diz: “é, é… bola pra frente”. Fala?! Fala tudo, mô quirido, fala: “é foda”, “puxa vida”, “força, amiga”, mas não fala “bola pra frente”. “Bola pra frente” dá a sensação de que tá lá você toda ferrada, detonada, sem a tampa do dedão, e tem que ficar chutando a bola pra frente. Pô, tem hora que não tem nada que chutar a bola. Tá cansado? Pega a bola, no melhor estilo “a bola é minha” e vai deitar, pô!
Eu me lembro de uma vez, quando eu era criança-pequena-lá-em-barbacena, que estava jogando bola sozinha no quintal, quicando a bola no chão pra ela bater na parede e voltar pra mim, meio chateada da vida, e a bola ainda por cima vinha toda hora torta. E eu ficava pensando: vâmo lá, bola pra frente (ó a criança…). E batia na bola, e ela vinha torta e eu pensava “bola pra frente”. E batia, e lá vinha ela torta, e “bola pra frente”. Uma hora me emputeci, saí pisando duro, abri uma caixinha comprida que tinha na casa, peguei uma agulha de tricô que eu sabia que estava lá, voltei revoltada, e buffff, furei a bola. E pensei: “bola torta não vai pra frente, saco”. No melhor estilo “quando Nietzsche chorou”, filosofia para momentos de crise. Foi um momento de liberdade. Entrei, e fui jogar Atari, mais leve.
O duro é que quando a gente cresce, as bolas ficam maiores e as agulhas menores.
Sim. Hoje acordei meio Peter Pan.

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