Minha pequena conversadeira e desenhista.
Foto tirada um dia depois de sua fala compreendida e no dia em que estreou a modalidade VAMOS RISCAR O CHÃO MUUUITO

Ontem, 03 de setembro, foi um dia muito importante para nós! E não porque foi dia do biólogo, mas porque Clara começou a formar palavras compreensíveis, associadas a um contexto! Vou explicar melhor: ela “começou a falar”!

Não gosto muito de dizer que foi ontem que ela começou a falar porque, afinal, ela fala faz tempo. Eu é que não entendo… Dizer que foi ontem é minimizar o grande esforço que ela tem feito nos últimos meses à procura da batida perfeita – ou da linguagem perfeita.
Ela balbucia desde muito cedo e nos últimos tempos fala o tempo todo, exercitando a riqueza de fonemas, sílabas, movimentos orais e prosódias à qual é exposta diariamente. Ainda mais considerando o pai e a mãe que ela tem.
Todo mundo diz que ela é muito sorridente. Isso foi uma característica observada nela desde 15 dias de vida, embora todos dissessem que o bebê só sorri após o segundo mês. Que bobagem. Temos aqui fotos dela sorrindo intencionalmente com 15, 20 dias… Eu tenho plena certeza de que ela sorri assim porque nós sempre a atendemos, desde que nasceu, sorrindo. Dando banho, trocando, alimentando, brincando, estamos sempre sorrindo pra ela. Aqui em casa nós somos assim… A casa tá caindo e ainda assim arrumamos motivos para um ou outro riso, uma ou outra piada. Não, não somos idiotas. Não sorrimos de tudo nem para todos, apenas valorizamos os momentos em que estamos com ela. Pode estar a maior crise cósmica, mas cuidar da Clara é sempre acompanhado por sorrisos. Então eu acredito, sim, que ela sorri desde cedo também por isso, associado à sua característica altamente sociável.
Assim, pensando dessa maneira, eu sempre achei que ela fosse falar muito cedo. Não porque eu a azucrine pra isso, pelo contrário. Com essas coisas de hiperestimulação eu tomo muito cuidado. Mas porque aqui em casa somos todos de conversa solta… Se você nos conhece, sabe disso. Não fazemos o tipo que mantém silêncio por muito tempo e adoramos um, dois, três ou dez dedinhos de prosa. Como ela vive nesse ambiente, achei que fosse falar cedo. Mas não… ela é tranquila, tem o ritmo dela e não se deixa influenciar muito.
Nos últimos 2 meses ela tem falado sem parar, naquela linguagem típica dos bebês. Mas ontem conseguiu dar significados compreensíveis aos sons.
Assim que acordamos, eu disse, brincando: “chama o papai, filha”. E ela não titubeou: “Papaaaaaai!”, chamou duas vezes, pra não me deixar com dúvidas.
À noite, sentados nos sofá, mostramos pra ela dois videozinhos que minha irmã mandou do meu sobrinho, que acabou de completar 1 aninho. E eu: “olha, filha, o Murilo”. Ela balbuciou algo como “ilo”, mas eu achei que era impressão minha. Comentei: “eu tive a impressão dela ter falado Murilo”, ao que o Frank respondeu que também tinha ouvido. Então repeti: você viu o Murilo, filha? E ela, pra acabar com a nossa dúvida: “ilo, ilo”. Sim, ela já está conseguindo articular as sílabas com significado associado ao contexto!

Mas aí, hoje, notei várias palavras às quais ela já atribui sigificado: água, por exemplo. Ela já diz “ápua”, quando está com sede. Então talvez já esteja dizendo algumas outras coisas há algum tempo. Não vou entrar naquelas de atazanar a bichinha mostrando, do nada, um lápis e dizendo: “lápis”, por exemplo. Eu acho isso um tanto forçado, um tanto artificial. Não gosto de fazer dela um palquinho de experiências. Prefiro seguir o fluxo natural, ir ensinando as palavras associadas ao contexto quando o contexto realmente aparecer. Por exemplo: ela hoje quis pegar o próprio gorro que estava no sofá. Ficou nervosa por não conseguir. Então eu fui lá, peguei, dei na mãozinha dela e disse: pronto filha, seu gorro. E ela repetiu um som parecido, sem que eu fizesse dela um miquinho. Acho mais natural, mais significativo do que ficar forçando a barra. Outro dia vi uma mãe na rua que dizia: quer água? Então fala Á-GUA, senão não dou! Pô, que tosca. Ela não está ensinando a falar água. Ela está ensinando que quem manda é ela e que ela é uma ótima chantagista. Mas… cada um com seu cada um, escolhas são individuais – embora isso não me impeça de comentá-las.
Pode ser que alguém leia isso e pense: “exagerada, todo mundo faz isso”. É por isso que eu vivo falando que maternar conscientemente é sair do senso comum, que faz as coisas porque “todo mundo” faz. A Vivienne Westwood, estilista inglesa que criou o moda punk, é autora de uma frase que eu adoro e que cabe como uma luva nesse contexto: 
“Se você pensa que alguma coisa está certa só porque todos acham isso, então não está pensando.”

Agora ficarei mais atenta ainda, para ver ao que mais a Clarinha, aquela menina que está crescendo tão rapidamente a ponto de me deixar meio assustada, já está pronunciando associado ao contexto.

É bom lembrar também que o mundo pode não ser exatamente como a gente pensa…
E que as crianças estão cada vez mais mentalmente perspicazes.
Enquanto eu estou aqui toda feliz e orgulhosa, contando um grande avanço na vida da minha filha, espantada pela rapidez com que ela está se desenvolvendo, ela pode estar ali brincando e pensando:

“Ai que legal! Hoje é um dia importante pra minha mãe e pro meu pai: eles começaram a entender o que eu falo. Puxa, que demora. Precisaram de 1 ano”.

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