E então no PRÓXIMO SÁBADO (mudou a data em Floripa! Veja aqui) estarei na rua, junto com muitas outras pessoas, pra dizer o seguinte:
– chega dessa história de cercear a liberdade das pessoas
– chega dessa história de achar que parto em casa é um sonho romântico
– chega dessa história de achar que o corpo feminino pertence a outra pessoa que não a dona dele
– chega dessa história de achar que parto é coisa de médico, que é coisa de hospital, que é coisa de conselho.
– chega de perseguir, como uma caça às bruxas, os médicos que apoiam o parto domiciliar.
E entenda: não estamos lutando contra o parto hospitalar. Lutamos, sim, contra a violência que acontece dentro dele, lutamos para que o parto hospitalar seja um local de respeito à parturiente, mas não lutamos contra a instituição em si. Queremos ampliar as possibilidades, ao invés de restringi-las. Queremos que, de uma vez por todas, as evidências científicas que mostram a segurança do parto domiciliar planejado sejam levadas em consideração. Pedimos, inclusive, que os interessados assinem esse abaixo assinado por um debate cientificamente fundamentado sobre o local de parto.
Como tudo isso começou?
Você já deve saber… No último domingo, o programa Fantástico apresentou uma curta matéria sobre o parto domiciliar. A coisa deve estar mudando mesmo, para a Rede Globo de televisão decidir falar sobre o assunto…
Ativistas e não ativistas, de maneira geral, gostaram da matéria, descontando alguns clichês já velhos conhecidos. Gostaram mais do fato de uma emissora como a Globo (plin$ plin$) tocar no assunto de maneira relativamente respeitosa que da matéria em si, a verdade seja dita. E então, na segunda-feira seguinte, o CREMERJ (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) se pronunciou, dizendo que estava abrindo denúncia contra o médico Jorge Francisco Kuhn, médico de conduta irretocável, apoiador do parto domiciliar, apenas pelo fato dele ter dado seu depoimento a favor do parto em casa. Dr. Kuhn não é médico do Rio de Janeiro, é médico de São Paulo. Mas o CREMERJ, numa atitude arbitrária, autoritária e outros árias, decidiu apresentar denúncia ao CREMESP.
Bem, todo mundo sabe de longa data o que vai acontecer no fim da estrada, lá na frente: os CONSELHOS de medicina vão lutar até o fim contra o parto domiciliar, de todas as maneiras possíveis. E quando se convencerem de que as evidências científicas não suportam esse discurso fraco de “riscos”, “perigo”, “não recomendável”, vão perceber que estão é perdendo um grande filão. E aí? Aí vão tentar decretar o parto domiciliar como  ato médico. Você tem alguma dúvida? Eu não. Veja o que aconteceu com a acupuntura…
Dr. Jorge Kuhn é uma pessoa muito querida entre os que optam, defendem e trabalham com o parto domiciliar. A denúncia contra ele acertou em cheio o miolo do formigueiro. Em questão de minutos – sério, de minutos – a notícia se espalhou pela internet, principalmente via Facebook, nos grupos de discussão sobre parto natural, maternidade consciente e afins. E, nos muitos diálogos, começou a surgir a mesma ideia, originada da indignação, da exasperação, da não aceitação de mais essa atitude opressora contra mulheres que querem escolher onde dar à luz e contra os médicos que as apoiam: E SE?!
E se nos organizássemos?
E se fizéssemos uma passeata?
E se fizéssemos uma marcha?!
Chega disso!
Sim, vamos fazer uma marcha!
Não é possível que isso continue a acontecer…
Foi algo impressionante! Eu nunca tinha visto nada igual.
Como consciente coletivo fruto de muito tempo de insatisfação, de comedimento, de deixar a poeira abaixar, as formigas todas se mobilizaram.
E em questão de poucas horas – sim, poucas horas – já havia um evento organizador geral marcado, já haviam diferentes eventos em diferentes cidades, já haviam organizadoras responsáveis por cada núcleo, já havia imagem de divulgação.
Formigas… essas implacáveis! Que são pequenas, mas ágeis e trabalhadoras.
O dia acabou, a noite chegou, e o mulheril se mobilizando. A noite correu, o dia raiou e, com ele, a mobilização já organizada: MARCHA DO PARTO EM CASA em diferentes cidades brasileiras. Não duas ou três ou quatro cidades. Dezenas. Dezenas de cidades, com centenas de mulheres e suas famílias.
E aí foi só consequência: release para a imprensa, preparação de folders, pedidos de autorização para os departamentos de planejamento urbano, avisar todo mundo, mobilizar gente. Dezenas de mulheres e homens trabalhando incansavelmente para que no próximo fim de semana, outras dezenas de pessoas possam sair às ruas e dizer: nós não precisamos do seu CONSELHO para que nossos filhos nasçam, frase que criei num momento de revolta.
Para mim, é uma grande alegria, honra, emoção estar conectada a mulheres tão diferentes – e tão semelhantes – em diversas regiões do Brasil, Rio, SP, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Brasília e tantas outras.
Desde então, a mídia tem emitido notas a respeito e no final deste post listo algumas das matérias que já saíram.
A imagem símbolo da marcha – essa preta – criei em questão de minutos, para que pudéssemos aproveitar o calor do momento e mobilizar ainda mais pessoas. Nela, está a logomarca que o Frank fez para a minha pesquisa sobre violência obstétrica. Rapidamente, as mulheres e homens envolvidos passaram a incorporá-la nas fotos de seus perfis. Nós, aqui em casa, mal acreditávamos no que víamos.
A força dessa pessoas, conectadas por redes que de virtuais só tem o nome, é algo sem adjetivo ainda.
É, no mínimo, uma revolução.
Continuamos no trabalho para que no próximo fim de semana centenas de pessoas em diferentes locais do Brasil pos
sam ir às ruas pela liberdade de escolha do local de parto e da equipe de assistência.

Compartilho também um dos folders, frente e verso, que será distribuído na marcha em algumas cidades. Clique, abra e leia seu conteúdo. Ali está explicado o que queremos. O que é o parto domiciliar. Quais são as evidências científicas que atestam sua segurança. Onde se pode buscar mais informação a respeito.
Nesse link, está a página oficial da Marcha Nacional do Parto em casa.
Aqui, está o link para o evento geral criado no Facebook.
E nesse, você encontra as informações sobre a Marcha em Florianópolis, que estou organizando com a ajuda da Raphaela Rezende – que com filha doente e em meio a uma mudança, ainda encontrou um jeito de estar ativa.
Estamos fazendo história.
De tudo isso, muitas coisas estão me emocionando. Uma delas, foi o Frank ter destinado tempo a produzir uma charge em homenagem à marcha, que abre esse post. Outra, foi o depoimento de uma amiga de São Paulo:
“Eu marquei minha primeira cesárea e marcaria a segunda, tenho pavor de pensar em entrar em trabalho de parto, de perder o controle, traumas de infância. Não vou discutir isso, é uma decisão minha, sei de tudo o que envolve essa decisão. Mas estarei na marcha em SP porque liberdade é uma coisa séria demais para ser proibida. Fico imaginando como eu me sentiria se me proibissem de fazer a cirurgia que eu quis fazer, acho que não suportaria ser desrespeitada assim. Então consigo me colocar no lugar dessas mulheres e sentir a indignação de ser obrigada a ter meu filho no hospital mesmo querendo ter em casa. Já entendi que é uma marcha pela escolha. Eu e minha cesárea estaremos ao lado das ativistas para defender a liberdade de uma mulher de fazer o que quer. E porque já tô de saco cheio dessa mania de médico querer mandar no mundo. As mães deles devem estar envergonhadas dessa magalomania doentia”.
Abaixo, os links para as notícias que já foram postadas sobre o assunto.
E no final de semana, estaremos lá! Vem também! Traga seu cartaz, sua voz, sua disposição e venha engrossar o coro.

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