Pois é…
Está chegando o dia da Clara.
Não sei precisar quando será, mas sei que está muito próximo. Meu corpo e meu espírito já me enviam os sinais mais importantes. Sei que ela já está por aqui, sendo preparada para sair desse lugar quentinho e acolhedor que é o meu útero para esse mundo aqui de fora. E estou sentindo toda a mudança espiritual, toda a responsabilidade da chegada de um ser que nos foi confiado para educar, amar, cuidar, proteger, guiar e orientar. Que nada mais é a paternidade e a maternidade do que isso: assumir a responsabilidade pela honra que é cuidar de uma nova pessoa que recomeçará sua jornada rumo ao aperfeiçoamento. Todos estamos aqui por esse motivo: pra superar nossas limitações, para eliminar nossos maus hábitos, para sermos indivíduos, de alguma forma, melhores. Às vezes conseguimos, outras fracassamos, mas o verdadeiro saldo só saberemos lá no fim da estrada, quando fizermos o caminho inverso ao que a Clara está fazendo agora. Eu tenho uma visão muito clara dessa passagem de vinda… a de ida ainda não consigo assimilar com tanta facilidade. Mas a de chegada eu percebo facilmente como representa uma dádiva: ter a chance de recomeçar, de se desafiar, de reencontrar pessoas queridas ou pessoas com as quais precisamos nos harmonizar.
Agora, com a minha filha às portas de entrada pra uma nova experiência, sinto a força da responsabilidade que é ser merecedora da tarefa divina de zelar por alguém. De ajudá-la nas escolhas, de alimentá-la, amá-la, protegê-la, perceber suas habilidades e limitações.
Estou profundamente emocionada, porque lembro que, nesse momento, espíritos positivamente ligados a mim, a ela e ao Frank estão todos aqui pelos arredores. Posso, inclusive, sentir suas influências benéficas, mudando minha sintonia, mudando meu ritmo, minha frequência de pensamento.
É um período de 9 meses que vai se findando. E eu quero aproveitar pra agradecer a pessoas que fizeram toda a diferença na minha gravidez, cuidando de nós na prática, mudando o rumo das coisas, e sem os quais metade da magia dessa fase talvez não existisse. Quero agradecer à Dra. Juliana Zanatta, que mudou a frequência de pânico que eu estava no início da gravidez, quando parecia estar certo que eu perderia a bebê. Agradeço à minha amiga Vanessa, que esteve junto comigo um pouco antes da descoberta e que, sendo a primeira a saber da notícia, me disse as melhores palavras que uma pessoa poderia ouvir nesse momento. À Sheila, que me apresentou esse mundo novo do parto domiciliar, que mudou toda a minha forma de encarar a vida. À minha irmã Lenita por ter vindo pra me ajudar aqui quando eu tive os descolamentos de placenta… e acabou descobrindo que também estava grávida. À Sulema, que cuidou da gente num momento tão complicado de uma forma que poucos fazem hoje. Ao meu compadre João, que sempre esteve presente me ajudando de todas as maneiras possíveis, mesmo estando longe. Aos meus amigos e compadres Livia e Pedro, que sempre se mostraram presentes e ofereceram ajudas de todo tipo. À minha irmã Livia, que se mostrou tão empolgada e empenhada com a chegada dos sobrinhos. A todos os amigos que ajudaram a montar, de uma forma ou de outra, o quartinho da Clara, com tudo o que ela precisava, com presentinhos fofos, lindos e úteis. Àquelas pessoas que nos enviam mensagens de otimismo e de amor, de onde tiramos, por várias vezes, inspiração pra fazer o melhor.
De uma forma mais que especial, porque sem essa força e ajuda eu não sei o que seria, eu agradeço ao meu pai, meu parceiro insubstituível, pelo cuidado e preocupação desde o primeiro dia da descoberta, pelas palavras de amor e incentivo que eu sempre ouvi durante todos esses meses. À minha mãe por estar de volta à minha vida de maneira tão presente, tão carinhosa, tão VOVOZONA, por estar ligada 24 horas em tudo o que tá acontecendo aqui, por aceitar retomar os laços fortes que sempre tivemos. Agradeço também a uma pessoa que não entrou na minha vida não, invadiu! Chegou chutando a mesmice e a falta de graça, com seu jeito Amelie Poulain da roça de ser. A comadre Cibele. Pela primeira consulta marcada pra mim, por todo o apoio e amparo que nos deu, por dividir a cama dela quando preciso, pela amizade tão forte com o Frank e, depois, comigo (isso é que foi incrível). Pelo carinho e amor.
E quero aproveitar pra dizer um OBRIGADA – que não comporta tudo o que eu precisava falar – pro Frank. Meu namorado, companheiro, amigo, parceiro, pela felicidade em ser sua namorada-esposa, pela honra que tem sido cuidarmos de tudo juntos, por me mostrar que tem um tipo de homem que eu nunca imaginei que existisse, por tanto amor e cuidado e paciência com meus xiliques de grávida, por ter trocado TODOS OS PERFUMES, DESODORANTES E SABONETES porque eu enjoava com os cheiros, por todos os cafés da manhã, almoço e jantares pra gravidona aqui, pedir desculpas pelas insanidades hormonais de todo tipo, e agradecer por que somos, depois de 9 meses construindo, virando a massa, juntando tijolo por tijolo, uma família. Sou mais feliz ainda, agora que a minha filha está chegando, porque ela é filha dele. Um dia ele me falou que não sabia de onde sabia, mas sabia que era eu. E que me amava antes de me conhecer. Disse isso três dias depois da minha defesa de tese. E eu achei que ele era louco… Hoje eu já sei que ele é louco mesmo. E é por isso que eu gosto tanto dele, porque são poucas as pessoas no mundo que têm uma loucura tão saudável e amorosa. Ao contrário de você, Frank, eu não sabia que era você, não… Mas vou te dizer: hoje não tenho a menor dúvida sobre isso.

Estou profundamente emocionada. Pelo “simples” fato de que sei que vou cuidar de um bebê que é meu mas não é. Porque é incrível saber que Deus confiou taaaanto em você a ponto de dizer: “Tó esse aqui. Cuida pra mim”. Prometo que farei tudo o que eu puder, e o que eu não puder também, pra fazê-la feliz.

Não sou dada a orações pré-cozidas. Mas quero fechar esse depoimento hoje com uma que gosto muito:

“Meu Deus, Vós me confiastes a sorte de um dos vossos filhos; fazei, pois, que eu me torne digno da tarefa que me destes. Concedei-me a vossa proteção, e esclarecei a minha inteligência, para que eu possa discernir desde logo as tendências desse Espírito, que devo preparar para a vossa paz. Deus, já que te aprouve permitir ao Espírito desta criança voltar novamente às provas terrenas, para o seu próprio progresso, concede-lhe a luz necessária, a fim de aprender a conhecer-te e amar-te. Faze, pelo teu supremo poder, que esta alma se regenere na fonte dos teus divinos ensinamentos. Que, sob a proteção do seu Anjo da Guarda, sua inteligência se fortaleça e se desenvolva, aspirando a aproximar-se cada vez mais de ti. Lança o teu olhar paterno sobre a família a que confiaste esta alma, para que ela possa compreender a importância da sua missão, e faze germinar nesta criança as boas sementes, até o momento em que ela possa, por si mesma e através de suas próprias aspirações, elevar-se gloriosamente para ti”.

Amém.

… e a Clarinha já começa a ver a luz no fim do útero…

Ilustra do papai Frank Maia!

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