Não sei se é influência do fim do inverno ou da proximidade da primavera, mas tenho sentido algumas saudades importantes. Muitas saudades da família em São Paulo – mãe, irmãs, sobrinho -, saudade dos meus livros – que estão aqui ao lado, porém um pouco solitários… -, saudade de passear mais, caminhar mais, ler mais. Saudade de Clarice Lispector, de Martha Medeiros, Aldous Huxley e Rubem Alves – desse estou com uma saudade até exagerada – saudade de Paulo Freire. Estou com saudade até de textos que ainda não li e estão aqui esperando para serem lidos. Saudade de imergir em coisas que sempre me interessaram. Saudade de mato e pé no chão, e de conversar olhando pro céu nas noites quentes. Saudade de um certo isolamento que gostei de cultivar no final da minha gravidez. Saudade do isolamento compartilhado – eu e minha família.
Que bom que a primavera está chegando! Quero ir eliminando esse cheiro de inverno e matar algumas saudades. A vida diária às vezes nos faz colocar o urgente na frente do importante, a gente acaba levando os dias no automatismo e, quando vê, está fazendo coisas que não são assim tão relevantes, deixando de lado as que são realmente válidas. Estou com saudade de colocar meus reais interesses em primeiro lugar. Então vou aproveitar pra reexercitar isso. Família antes de tudo. E meu desenvolvimento intelectual na sequência – já que essa é uma parte importante de mim. Vou aproveitar também para finalizar projetos importantes que estão em andamento – um em especial que, ESSE SIM, sei que irá florir lindamente nesta primavera e que envolve muitas pessoas. Esse será o meu projeto especial de primavera, um lindo trabalho coletivo.
E assim pretendo encerrar esse inverno: plantando outras coisas.
E matando saudades. Pelo menos daquilo que ainda posso…
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.
Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência…”
Para Mara, minha irmã. Que faria aniversário hoje.
De quem sinto saudades demais.