Fui convidada pra conversar sobre “criação com apego” em um programa da RBS, afiliada Globo aqui no Sul do país. Tenho minhas próprias considerações sobre o assunto, sobre as quais falo constantemente neste blog.
Mas acredito que o conhecimento sobre maternidade vem, em grande parte, de uma construção conjunta de várias mães. Mulheres diferentes, com diferentes concepções de mundo, que se reúnem para discutir, em síntese, “como ser mãe” – como se uma definição dessa fosse possível…
Assim, conversamos coletivamente no grupo Maternidade Consciente sobre o que seria mais importante mencionar em uma entrevista sobre  “criação com apego”.
O que falta na maioria das matérias sobre o assunto?
O que é importante que as famílias saibam e que geralmente fica negligenciado?
O que todas gostariam que fosse abordado?
Quais são os equívocos que se encontra por aí?
Muitas respostas surgiram e vou tentar resumir aqui o coletivo de tantas mulheres, permeado por minha opinião pessoal sobre o tema.

Do nome insatisfatório

A expressão “Criação com apego” pode levar à falsa conclusão de que crianças assim criadas estão sendo ensinadas a se apegar às coisas ou às pessoas no sentido material. Mas não. A proposta é absolutamente diferente disso.
O nome vem da tradução literal do termo em inglês “attachment parenting“. Muitas sugestões existem como variações desse nome, justamente para evitar a má interpretação, como: criação com afeto, criação com vínculo, criação com disponibilidade, criação com empatia, criação com segurança emocional.
Quando se fala em “criação com apego”, muitas pessoas repelem a discussão por puro desconhecimento e preconceito. Ao contrário do que se pensa quando não se conhece, não se pretende com essa proposta, crianças grudadas nos pais. Pelo contrário: pretende-se a criação de seres seguros, autoconfiantes e empáticos justamente porque a eles foi dada total segurança emocional.

Da não autoria do Dr. Sears

Embora muitas matérias sobre o tema deem ênfase aos tais “princípios do Dr. Sears“, não foi o Dr. William Sears quem “criou” essa forma de maternagem. Como alguém poderia ter criado uma forma intuitiva de cuidados infantis que acompanha a humanidade há séculos e que é totalmente variável entre as culturas, embora se baseie num mesmo ponto, o respeito?
Dr. Sears, por se dedicar a falar sobre o assunto e por basear sua prática nisso, tornou-se o disseminador ocidental da ideia, não seu “criador“.
As práticas envolvidas na criação com apego são encontradas em comunidades antigas e tradicionais, menos inseridas no capitalismo selvagem way of life, e se baseiam no respeito, na empatia, na conexão e no afeto como base para uma criação emocionalmente segura.
É importante que se diga: não é necessário que ninguém crie uma forma de cuidado parental, nem que se dê um nome a isso. As pessoas precisam se desconectar mais dos rótulos e se conectar mais com seus próprios valores e escolhas…

Das regras que não existem

Diz-se muito que a criação com apego subentende, obrigatoriamente, a realização de algumas práticas, como compartilhar o leito, transportar a criança em slings, amamentar continuadamente até mais de 2 anos, não escolarizar tão cedo, entre outras.
Mas, entenda: NÃO HÁ REGRAS!
A criação com vínculo não é um manual, um guia, nem pretende ser.
E quando lembramos que grande parte das famílias está, justamente, buscando um manual, com regras claramente delimitadas, então se explica, em grande parte, um dos motivos da “polêmica” em torno do assunto. Como se pode achar bacana, ou ao menos despertar o interesse, algo que não oferece o que eu quero: regras?!
É por isso que livros que supostamente “ensinam” o bebê a fazer tal coisa são tão vendidos. Porque é justamente o que a maioria dos pais e mães querem: que o bebê aprenda a se comportar exatamente como eles querem. O que por si só é uma loucura…
Querer que um filho corresponda às suas expectativas de comportamento é preparar um ser humano para a frustração, para a baixíssima auto-estima, para se ver sempre como inadequado e incompleto aos olhos dos pais.
É fácil entender isso: use o adulto como exemplo.
Pense que aquela pessoa que você ama vive exigindo que você seja exatamente assim ou exatamente assado e que você se comporte desta ou daquela maneira, sempre. E que se você não se comportar assim, então você é quem está errado, e você, então, precisa aprender a se comportar.
Isso nega a sua individualidade, nega a sua liberdade, a sua característica ímpar como ser humano. isso te nega em sua essência.
É assim que uma criança se sente, sem ter a capacidade de formular um pensamento tão elaborado quanto.  Mas o registro emocional disso fica guardado em locais que, no futuro, o mais breve gatilho é capaz de disparar.
É também por isso que a criação com vínculo não subentende regras.
Porque regras são para pessoas iguais.
E as crianças são seres muito diferentes.

Da contrariedade por parte de tantos pediatras (e demais profissionais que se dizem entendidos de filhos)

Continuando nessa linha de raciocínio, é possível entender o porquê de tantos pediatras e outros profissionais se dizerem contra a criação com apego.
Muitos nem sabem do que se trata em profundidade, mas se dizem contra – o que, também, representa um atestado de não confiabilidade. Afinal de contas, para que se possa emitir uma opinião a respeito de algo, deve-se conhecer em profundidade o assunto. Do contrário, corre-se o risco de falar bobagem e se cair em descrédito perante quem entende um pouco mais por estudar a fundo o assunto.

Mas continuando a linha de raciocínio de que a criação com apego não subentende regras – porque regras são para pessoas iguais e as crianças são seres muito diferentes – é possível compreender porque muitos profissionais se dizem contra: porque a pediatria hegemônica e algumas teorias psicológicas de desenvolvimento infantil atuais, aquelas que são praticadas em grande parte dos consultórios médicos ou psicológicos, e que também são ensinadas em muitos cursos de medicina, veem a criança como um sistema que deve se comportar de determinada maneira. E, ao mesmo tempo, vê todas as crianças como iguais. Nessa lógica, portanto, todas as crianças devem se comportar da mesma maneira – ou apresentar os mesmos comportamentos frente às mesmas situações.< br />

É por isso, então, que:
– todas devem ser desmamadas pra não “mal acostumar”;
– todas devem começar a comer outros alimentos aos 6 meses;
– todas devem andar pouco antes ou por volta dos 12 meses;
– todas devem falar aos 2 anos;
– todas devem dormir noites inteiras, sempre;
todas devem ser afastadas da mãe pra criar independência (que mundo é esse que quer que crianças sejam independentes aos 12, 24 meses?).

E todas aquelas que não se comportarem assim, de duas uma: ou estão com problemas, ou os pais estão fazendo coisa errada.
Ai ai ai, mãezinha, amamentando à noite? Um bebezão desse tamanhão, quase um garoto grande, de 6 meses de idade, mãezinha? É por isso que ele não dorme à noite, porque quer o peito. Tira logo esse peito dele, complementa com leite artificial e problema resolvido“.
Ai ai ai, dormindo com o papai e com a mamãe? Assim a criança terá problemas psíquicos e atraso no desenvolvimento…“.
Tantas coisas ditas sem qualquer tipo de embasamento.
Onde estão as evidências que comprovam esse tipo de argumentação?
Indiquem-nos as evidências comprobatórias dessas afirmações!
Não se tem porque não existem… Mas, ainda assim, isso tudo é afirmado aos montes nos consultórios e salas de atendimento.
Quantos de nós já não ouvimos coisas do tipo?
E, infelizmente, muitos aceitam…
E por que?
Porque:

1) Querem o melhor para o filho e acham que, se um profissional que supostamente devia saber tudo sobre filhos – ainda que muitos nem sequer os tenham – sugere isso, então é ele quem está certo, não ela mesma ou a sua intuição; e/ou
2) Porque ainda não se apoderaram da sua plenitude como mães, porque não se viram ainda como as verdadeiras detentoras da capacidade própria de escolha; e/ou
3) Porque estão inseguras, porque ouvem muitos conselhos, muitos que não foram sequer pedidos, porque estão pressionadas pela família e não sabem a quem dar ouvidos; e/ou
4) Porque não se envolveram ativamente na busca por informações. Porque, do contrário, saberiam que, nesse caso específico, um médico que sugere um desmame aos 6 meses de idade está indo contra as próprias recomendações da Organização Mundial de Saúde. Saberiam que muitas crianças amamentadas dormem a noite inteira desde que nasceram, assim como muitas acordam inúmeras vezes à noite, e o mesmo vale para as que tomam mamadeira: porque as crianças são diferentes, and… here we go again! E se as crianças são diferentes, não há como esperar o mesmo de todas. E que se os conselhos pseudopsicológicos de separação precoce fossem realmente bons a todos, as mães não se sentiriam tão identificadas com o que escreve e diz a psicoterapeuta argentina Laura Gutman. Aliás, ela vem aí, e eu estarei na fila do gargarejo.

Ah tá, você é um profissional que entende tudo sobre a psiquê da criança. Sei.
Saiba que esse é o discurso usado por muitos profissionais que sugerem coisas bastante deletérias, como desmame abrupto, separação precoce injustificada, entre outros.
Novamente: vamos discutir em termos de artigos científicos?
Porque se o modelo biomédico se baseia em comprovação científica, então queremos as mesmas comprovações também aqui.
Por uma questão de coerência.

Do respeito à singularidade da criança e do respeito ao ser que está se formando

Se fosse possível resumir os preceitos da criação com apego em uma única expressão, seria essa: respeito à singularidade da criança e respeito ao ser que está se desenvolvendo.
Respeitar a criança como ser em formação, como detentor de sentimentos, como necessitado de empatia, de envolvimento, de acolhimento, e não de autoritarismo, negação, afastamento e violência.

Deixar chorando no berço para que acostume, ou afastar a criança de si para que se torne independente, apenas porque os pais querem que ela se enquadre em suas expectativas, deixando de ser quem é para se tornar o que querem que ela seja, não é respeitar quem está se formando, que precisa se sentir acolhido, e não desamparado apenas porque o Dr. Estivill, a Dra. Super Nanny ou qualquer um que queira adestrar crianças disse que assim é melhor. Se é necessário um doutor para sugerir, embasado em sua percepção, então eu posso sugerir facilmente aqui uma lista de doutoras e doutores para sugerir o contrário, embasadas tanto em suas percepções quanto em inúmeras evidências científicas.
Nesse caminho, se uma criança, desde os primeiros meses, aprende a ser aquilo que querem que ela seja, então, no futuro, ela será aquilo que todos quiserem que ela seja. Menos ela mesma. Porque isso não foi ensinado ou respeitado. Isso não foi valorizado.
Essa questão de querer que uma criança se comporte como se espera que ela se comporte, e não como ela realmente é, é a raiz da tal MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA. É só por isso que tantas crianças estão tomando psicoativos sem real necessidade, com apoio de psicólogos e médicos. Para que se moldem.
Percebem como o problema tem raízes antigas?

Da negação à permissividade

Escolher a criação com apego como forma de cuidado com os filhos não é ser permissivo.
Escolher a criação com apego como forma de cuidado com os filhos não é ser permissivo.
Vamos lá, mais uma vez.
Escolher a criação com apego como forma de cuidado com os filhos não é ser permissivo.
Quem assim escolhe não acha que a criança deve fazer tudo o que quer. Muito pelo contrário. Acha-se que ela deve ter noções de limites, porque isso também é uma forma de respeito. Ter limites, conhecer os limites do outro e os seus próprios é estar inserido, respeitosamente, no mundo.
A questão é: COMO SE ENSINA A CONHECER OS LIMITES?
Com base no autoritarismo, no medo, na repressão injustificada, no “Não pode fazer isso porque eu disse que não pode!“? Ou com base no diálogo, na compreensão e no respeito, no “Não, porque fazer isso fará mal a você ou ao amigo, por isso, por isso e por isso“.?
Dizer que quem cria com apego cria pessoas sem limites é:
1) desconhecimento
2) preconceito
3) senso comun
4) absurdo
Ah sim.
E, definitivamente, criar com apego, afeto e amor exclui veementemente a violência como forma de imposição de limites. Seja ela física, moral ou psicológica.

Da vida sexual dos pais

Quem pratica cama compartilhada ou quarto compartilhado – que não é prática obrigatória da criação com apego, já que, como dito anteriormente, não existem regras – faz sexo.

Se não faz, o problema não é da cama compartilhada.
E – como já foi sugerido por quem não sabe sequer como pode ser a cama compartilhada – o sexo não é feito na presença da criança. Sim, a gente ouve esse tipo de afirmação bizarra da turma do desconhecimento…
Onde foi que se determinou que
sexo só se faz na cama onde se dorme?
Mas sabe o que que é?
É que o ser humano tem uma atração irresistível por saber da vida sexual do outro e fantasia loucuras sobre isso.
Dizer que quem dorme junto com os filhos não transa mais é como dizer que quem não cozinha, não come.
E é só mais uma das coisas que se diz por aí fruto de não se ter experiência ou conhecimento de causa no que se diz.
As conversas mais divertidas nos grupos que discutem criação com apego se dão em torno desse tema.

Ah sim, não podemos esquecer também de mencionar aquele papo pra boi dormir de que criança que dorme com os pais não sabe o seu lugar e nunca irá querer dormir sozinho. Criança que nunca quer sair do quarto dos pais é a criança que nunca dormiu com eles. Esse sim, por não poder dormir juntinho nunca, quando consegue uma vez não quer sair. Aquele que dorme constantemente próximo dos pais, que os sabem presentes a qualquer hora da noite, que não sentem medo pelo afastamento, não se sentem compelidos a estar ali pra sempre e, aos poucos, com naturalidade, tendem a buscar o seu cantinho. Esse é o depoimento de dezenas de mulheres que já viveram isso na pele, não na teoria.
E quem disse que buscar o seu lugar deve excluir a presença do pai e da mãe também à noite?

Do feminismo x criação com apego

Há uma lenda urbana que diz que para escolher a criação com vínculo como forma de criação de filhos é preciso que se abandone carreira, profissão e trabalho fora de casa para que se esteja 100% livre para cuidar do filho.
Mas em que mundo essas pessoas vivem?!
Quantas mulheres hoje tem condições financeiras que permitem isso?!
Quantas mulheres hoje realmente desejam isso?!
É perfeitamente possível – e muito recomendado, inclusive, pelos muitos benefícios que traz – que principalmente as mulheres que trabalham fora criem seus filhos com apego. Simplesmente porque isso representa o aproveitamento integral do tempo de que se dispõe com as crianças.
Quem acha que criação com apego é a antítese do feminismo:
a) não sabe o que é criação com apego, ou
b) não entende muito bem o feminismo, ou
c) ambas as coisas.
E, inclusive, é importante que se diga algo sobre isso: essa maneira de criar filhos aumenta em muito o empoderamento da mulher.
E acredito fortemente que isso advenha do fato de se sentir e se saber responsável pelas escolhas; de saber que não se está seguindo a massa irracionalmente; de saber que na sua própria casa há consciência, no sentido de “Estou pensando sobre, não estou estagnada, estou questionando, estou me movendo, acredito em mim e nas minhas escolhas“.

Um artigo científico publicado neste ano, com o título de “Feminismo e criação com apego: atitudes, estereótipos e equívocos“, conduzido por Miriam Liss e Mindy Erchull, da Universidade Mary Washington nos Estados Unidos, discute exatamente isso: que tipo de mães as feministas são?
De acordo com esse estudo, as mães que se consideram feministas endossam a importância das práticas incentivadas pela criação com apego.
As feministas são frequentemente representadas na mídia como sendo anti-família e anti-maternidade e assumir o estereótipo de que são mulheres sem interesse em cuidar de filhos tem contribuído em muito para as reações contrárias ao feminismo.
As autoras da pesquisa se preocuparam em analisar se praticar a criação com apego representaria uma forma de empoderamento ou de opressão às mães.
A pesquisa foi realizada com 431 norte-americanas (147 mães feministas, 74 feministas que não são mães, 143 mães não feministas e 66 não-feministas e não-mães), as quais foram entrevistadas sobre feminismo e maternidade.
Os resultados mostraram que as feministas são mais simpáticas às práticas da criação com apego que as não-feministas, sendo essas últimas as que tendem a adotar esquemas mais rígidos de cuidados com as crianças.
Ou seja: isso vai contra tudo o que se diz por aí acerca de feminismo e maternidade.
É mais provável que uma mulher feminista aceite a criação com apego do que a que não é feminista.
Mais uma prova de que é preciso saber das coisas com um pouquinho mais de profundidade antes de julgá-las.

Da inexistência de  mulheres perfeitas

E já passou da hora de enterrar esse comportamento irônico e sarcástico de dizer que quem pratica criação com apego tenta ser perfeita.
Jamais! Absolutamente! No way!

Pelo contrário.
São mulheres que se questionam sobre suas práticas acima de tudo.
Estão sempre perguntando a si mesmas “Será que estou no caminho?”, “Será que estou fazendo algo que pode ser melhorado?”, “Será que isso está adequado?”.
Mulheres que se acham a última água gelada do deserto não se questionam dessa maneira, simplesmente porque assumem que sabem tudo sobre tudo.
Escolher a criação com apego significa “problematizar”, “questionar”, “se colocar em cheque, em dúvida, dar ultimatos e cheque-mates repetidos em si mesma”.
Quem participa de grupos de discussão sobre o tema sabe quantas vezes por dia surgem questionamentos nesse sentido, de tentar melhorar a prática.
E reconhecer que a prática precisa ser melhorada exclui a possibilidade de perfeição.
O fato de querer ser o melhor que se pode ser não subentende perfeição.
Sim, subentende grande dose de esforço.
Perfeição? Quiéisso, tá brincando?!

Do absurdo do “modismo”

Se, como foi dito lá em cima, os valores nos quais se baseiam a criação com apego são a base de sistemas tradicionais seculares, e se essas práticas vêm sendo adotadas por diferentes comunidades ao redor do mundo há muitas gerações, então dá pra entender que  É IMPOSSÍVEL DIZER QUE É UM MODISMO, não dá?
O que está havendo é a recuperação de valores antigos, de formas antigas de cuidado com os filhos, que eram mais valorizadas antes do enlouquecido e mecanicista modo de viver atual.
Moda mesmo é dizer que isso é moda, sem qualquer tipo de fundamento.

Da não criação de pequenos tiranos ou de crianças com problemas emocionais

Quem você acha que tem mais chance de se tornar um pequeno tirano ou uma criança com sérios problemas emocionais: quem sempre teve atenção, presença e amor ou quem sempre foi tratado com autoritarismo, negação, ausência e descaso?
Posso citar dezenas de artigos de psicologia para comprovar que a resposta é o último caso.
Quem aqui já ouviu alguém dizer, na idade adulta, que é inseguro, triste, melan
cólico ou revoltado porque a mãe ou o pai estiveram sempre presentes, porque foram empáticos com ele e entenderam suas solicitações, porque estiveram disponíveis e não foram violentos?
Alguém?
Eu nunca.
Os principais problemas da juventude vem do excesso de amor ou da falta?
Da presença ou da ausência?
Do amparo ou da violência?
Da compreensão ou de se deixar chorar sem consolo?
Achar que uma criança ficará mal acostumada porque mama na mãe até mais de 2 anos, porque dorme próximo dos pais, porque não foi cedo à escola, significa dizer que fazer exatamente o oposto é criar pessoas bem acostumadas.
Desculpe-me, mas as evidências estão TODAS contra essas crenças.

Dos outros absurdos que se ouve por aí por quem não entende o que é a criação com apego

– Que criança grande que mama no peito não se alimenta direito.
– Que leite materno após 1 ano de amamentação perde seu componente nutricional.

– Que criança que dorme com os pais não aprende o seu lugar.
– Que bebês são chantagistas e manipuladores. Não. Esses são os ADULTOS. Inclusive os que disseram isso pra convencer uma mãe ou um pai de que o bebê não merece tanto desvelo assim…
– Que criação com apego estraga a criança.
Quem diz esse tipo de coisa não cria com apego. E se não cria com apego, não pode dizer porque não sabe. Quem cria com apego, ou quem conhece crianças criadas com apego, sabe plenamente que não é assim. É só mais um preconceito ou um senso comum absorvido como se fosse verdade.

E se você é uma mãe ou um pai que também fez a opção de criar seu filho com respeito, empatia, disponibilidade, segurança afetiva e não violência, por favor, dê sua contribuição.
Vamos produzir um material que possa ser consultado por quem tem dúvidas sobre isso.

E uma última dica: se um psicólogo, pedagogo, pediatra ou outro profissional disser que tudo isso representa prejuízo para a criança, peça evidências que sustentem essas afirmações. Peça referências confiáveis.
Eu tenho aqui várias, se você quiser, mostrando como tudo isso é vantajoso e benéfico às crianças e suas famílias, do ponto de vista emocional, cognitivo e neurocientífico.
Peça, nós temos vários.
E eles?
Terão também ou o que dizem é fruto do “eu acho que“?

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