Muddy Waters

B. B. King
Willie Dixon
Eric Clapton – o Deus…
John Lee Hooker
Stevie Ray Vaughan

Blues…
Estilo musical que amo de paixão. Nada como um B. B. King numa noite fria, ou um Clapton num sábado ensolarado. E vice-versa. Adoro um blues.

De forma que me surpreendi ao saber que no pós-parto é muito natural que aconteça uma condição chamada baby blues
 Mais surpresa ainda fiquei quando me dei conta que a estou vivendo.
Baby blues é um tipo de variação de humor que pode aparecer em mulheres no puerpério, algo como uma melancolia – tanto que também pode ser chamada de melancolia da maternidade, ou melancolia pós-parto.
Não é a famigerada “depressão pós-parto”, é uma coisa mais leve e transitória.

Esse blues aí é marcado por um curto período de emoções à flor da pele, voláteis, que vêm e vão sem explicação, um alto e baixo emocional, digamos assim. Normalmente, aparece por volta do quarto ou quinto dia após o parto, dura pouco tempo e tende a sumir espontaneamente em mais ou menos 2 semanas. É tão leve que pode ser que ninguém nem perceba…

Ligadona que sou, me toquei bem rapidamente que estava meio esquisita… E fui atrás de saber o que era isso.

Nos primeiros dias, a gente fica ultra sensível. Um vento mais forte é capaz de nos emocionar; um sorrisinho do bebê parece que é capaz de causar um enfarto; um silêncio maior e a vida parece estranha e triste; aí o silêncio se quebra e a vida volta a ter sentido; um monte de dúvidas aparecem e vem um medo da vida, vem um medo da morte, vem um medo de tudo, medo de que algo aconteça com o bebê, de que a gente não seja uma boa mãe. Angústia por não saber se vai dar tempo de fazer tudo o que precisa, se vai dar conta de tudo. Aí a gente chora sem motivo, ri sem razão, fala pelos cotovelos ou emudece sem causa aparente.

Não é patológico, é normal, natural e até esperado.
Lógico, é muita mudança…  E de todos os tipos.
A impressão que tenho é que, no dia 30 de julho, eu reencarnei numa outra vida. Os mesmos lugares pelos quais eu passava parecem diferentes. E estão mesmo. Tudo foi ressignificado, adquiriram uma outra relevância, uma outra importância.

Aqui em casa gostamos de ler sobre tudo. Nos informamos sobre tudo o que nos diz respeito, e sobre o que não nos diz também… Eu e meu companheiro lemos juntos sobre esse blues e entendemos. Outro dia eu estava na cama com ela no colo e comecei a chorar. Ele me olhou e perguntou: “É o blues?” E eu: “Sim”. E ele: “Calma, ele já vai embora ” – exatamente como eu falo com a Clara sobre o Pum Malvado…

Não tenho medo da depressão pós-parto, e esse é o primeiro passo para que ela não chegue. Não sou do tipo que se deixa deprimir, porque sou muito exigente comigo mesma. Não consigo desistir das coisas facilmente. Resiliência é uma marca forte em mim.
Para mim, particularmente, não existe remedinho melhor do que ver minha filhote dormindo tranquila aqui do meu lado.
Agora é ter paciência e esperar passar… Na verdade, acho que já está passando.
Faz parte da adaptação.
E eu, como bióloga que sou, apaixonada pela profissão, já sei de longa data que quem não se adapta, se estrumbica. Seleção natural…
Quando fica mais difícil que o normal, eu olho pra Clara.
E meu coração se ilumina e passa tudo…

Cada dia mais eu entendo o significado do nome dela.

Logo logo o blues voltará a ser SÓ o do Clapton.

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