Sonho.
O que é sonho pra você?
Sonho pra mim é aquele anseio íntimo pessoal. Um desejo, um objetivo, uma meta. Meus sonhos – nessa concepção – são passíveis de serem realizados. Não tenho sonhos alucinatórios, como ficar milionária do dia pra noite, digamos assim. Sonho em ter uma filha saudável, espirituosa e inteligente. Sonho em ter o emprego que lutei tanto pra ter. Sonho em ter o meu canto próprio. Sonho em controlar minha ansiedade e ser uma pessoa mais zen. E em manter minha pequena família feliz, por exemplo.
Sonho, pra mim, também é aquele pãozinho doce que a gente encontra na padaria, e que tem, como ingredientes, um monte de creme, gordura e culpa.
E sonho também é, pra mim, aquela experiência que temos algumas vezes quando estamos adormecidos. E é desse último tipo de sonho que quero falar hoje.
Os sonhos e as experiências oníricas podem ser interpretadas cientificamente sob o prisma de duas áreas diferentes: pela psicanálise, como representações simbólicas pessoais (mais ou menos isso) e pela neurociência, como atividades cerebrais que acontecem fora do período de vigília. O primeiro prisma foi pioneiramente estudado por Freud e, depois, por Jung. O segundo, mais recente, é estudado por muitos neurocientistas que tentam compreender a neurobiologia dos sonhos. Os aspectos neurobiológicos dos sonhos começaram a ser estudados a partir do eletroencefalograma. Esse exame transforma a atividade cerebral em ondas que podem ser registradas graficamente com o auxílio de um equipamento. Durante o sono, temos ondas lentas e ondas rápidas. Grande parte do sono é representado por ondas lentas que, em alguns breves períodos, são interrompidos por ondas rápidas e curtas, que representam a atividade do córtex cerebral (aquela camada superficial do cérebro), e que são acompanhadas por movimentos rápidos dos olhos, mesmo estando fechados. E é nesse período de ondas rápidas e movimentos rápidos dos olhos (o nome daquela banda R.E.M. é inspirado nessa fase) que os sonhos acontecem. Hoje, a neurobiologia já sabe que os sonhos têm uma importante função biológica, relacionada à memória e ao aprendizado. Exatamente como se dá essa função não se sabe ainda. Mas tem gente muito boa estudando isso. Inclusive brasileiros como Sidarta Ribeiro, de quem sou fã, e que é atualmente o chefe de laboratório do Instituto Internacional de Neurociências de Natal. Clique aqui pra conhecer esse renomado Instituto brasileiro, que anda ensinando gente graúda do exterior a fazer pesquisa.
Bom, em função da minha formação, essa deveria ser a minha concepção principal sobre os sonhos.
Mas não é.
Com certeza os sonhos têm a sua base neurobiológica. Atividades neuronais que produzem a sensação de se estar vivendo coisas que não estamos vivendo na realidade. Mas acredito piamente que os sonhos nos trazem mensagens importantes. Tanto sobre sua personalidade quanto sobre os momentos que se está vivendo. Acho também, nada cientificamente falando, que os sonhos também podem servir, muitas vezes, como canais de comunicação com um outro tipo de linguagem, que talvez não possa ser acessada de outro modo. Um tipo de mediunidade, digamos assim. Tenho essa opinião em função das minhas crenças e das minhas experiências prévias, que acontecem desde a minha infância. Minha família toda sabe que, quando sonho, é bom dar ouvidos… Meus amigos mais próximos também sabem disso. Mas de uns tempos pra cá, esse tipo de sonho tem se rareado e tenho sonhado com coisas mais relacionadas ao dia-a-dia.
Normalmente não sonho com coisinhas fofas, com bichinhos, e coisinhas afins. Sonho com coisas mais práticas, ou participo de conferências e congressos nos sonhos ou tenho sonhos bizarros e absurdos. Desde que fiquei grávida, tive uns 4 sonhos com a minha filha. Sonhei que ela tinha arrancado a plantinha do vaso, que era pra plantinha não sofrer; sonhei que ela tinha aparecido sem a roupa com a qual tinha saído, porque tinha dado a própria roupa pra um “pobrinho, mãe, coitadinho”; sonhei que estava amamentando minha fofa e tive um outro sonho que não gostei muito, mas que representava, a meu ver, uma angústia naquele momento.
Mas o sonho que tive de sexta pra sábado passado foi especial. Não pelo sonho em si, mas pela coincidência que se seguiu e pelo simbolismo.
Sonhei que estava à beira do mar e que, lá do horizonte, veio chegando um grupo muito, muito, muito grande de golfinhos. Nunca tinha sonhado com golfinhos… Eram muitos, uns cinquenta. Eles estavam felizes, pulavam, rodavam, como os rotadores de Noronha. Então eu entrei no mar e eles me rodearam, exibindo-se e dando gritinhos, numa atitude amistosa. Depois eles foram todos embora em direção ao sol poente, com um céu vermelho alaranjado de matar de lindo. Lembro-me que levantei a noite pra fazer xixi, voltei a dormir e continuei sonhando a mesma coisa. Quando acordei, lembrei do sonho inteiro, achei lindo e tals, mas não dei muita importância. Enquanto arrumava a cama, liguei a tv pra ver o que passava. E coloquei num canal que nunca coloco, a TV UFSC. E eis que estava passando um documentário sobre golfinhos na Área de Proteção Ambiental de Anhatomirim.
Aí para tudo.
É muita coincidência.
Parei de arrumar a cama, sentei e fiquei vendo o programa – que, coincidentemente, ainda contava com imagens feitas por um amigo nosso, o Gustavo Cabral Vaz, marido da querida Aline – casal que tem um pé quente tremendo nos jogos do Brasil na copa, inclusive.
Aí fiquei muito cabreira, né? Sonhar com golfinhos e, logo ao acordar, ver um documentário sobre eles? Desci e contei pro namorado o que tinha sonhado e o que tinha acontecido na sequência. E, como eu acredito nas bruxas porque sim, elas existem, fui procurar o significado simbólico de golfinhos em sonhos.
E ficamos todo arrepiados aqui em casa com o que descobrimos.
Achei diferentes sites falando sobre o significado desse tipo de sonho. Os aparentemente mais sérios diziam a mesma coisa.
O significado simbólico da raposa, por exemplo, é servir de guia, é fazer a transição entre a vida e a morte. Ou melhor, entre a vida e o lado de lá. O golfinho também simboliza a transição, também é um tipo de guia. Só que ele faz a transição oposta: ele traz do lado de lá para a vida como conhecemos. Golfinhos simbolizam a transfiguração, trazer à luz, facilitar a passagem, a chegada. Sempre possuem conotação positiva, de abrir a estrada, os caminhos, tanto é assim que, frequentemente, grupos de golfinhos são vistos acompanhando embarcações, como se as estivessem guiando. Encontrei um blog muito interessante, inclusive, que fala sobre os símbolos nos sonhos. Lá eu li que os golfinhos são símbolos clássicos de “passagem”. E que também estão relacionados aos impulsos instintivos. “Aquele ou aquela que é guiado(a) pelo golfinho deve convencer-se da relação benéfica e positiva com o seu lado instintivo”. O que mais me impressionou foi saber que, de acordo com Jung,o termo golfinho vem do grego delphis. E que o termo grego delphus significa ÚTERO. Ou seja, há uma ligação simbólica entre o animal e o órgão. Me arrepiei até o último pelo do corpo, quando li isso. Fiquei muito impressionada!
Principalmente por
que foi justamente num dia em que eu tive uma daquelas crisezinhas, totalmente naturais, de preocupação com o parto, com a hora H, “será que eu vou conseguir”, “será que vai dar tudo certo” e dei uma chorada forte, meio que desabafo, no ombro do namorado que, como sempre, me deu o maior apoio. E ainda disse: você é a pessoa mais instintiva que eu conheço. Confia no seu instinto! E aí acho que os golfinhos vieram reforçar o recado…
Com golfinhos ou sem golfinhos, uma coisa é certa: quanto mais eu confiar nos meus instintos, quanto mais eu confiar no meu corpo, a chegada da minha filha será mais tranquila. Ela já está aqui com a gente faz tempo e só está se dando os últimos retoques pra chegar. Enquanto isso, eu fico aqui me preparando. Hoje faço 35 semanas de gravidez. E ontem um monte de gente me ligou perguntando se a Clarinha já estava se preparando pra vir, inclusive minha comadre Livia. Depois que eu me toquei porque todo mundo estava pergutando isso: a lua virou cheia. E essa é a última lua cheia que vivo antes da chegada dela. Acho que ela chega na próxima…
Bem, com certeza os golfinhos apareceram, durante meu sono, no período das ondas cerebrais rápidas, acompanhadas pelos movimentos rápidos dos olhos. Como a ciência ainda não consegue comprovar a veracidade ou não dos simbolismos psíquicos, como proposto por Freud e Jung, eu poderia duvidar dessas representações atribuídas aos golfinhos.
Mas em virtude da minha experiência e, principalmente, do meu instinto, eu prefiro achar que é o eletroencefalograma que ainda não consegue captar tudo o que se passa nessa cabecinha… e nesse barrigão.
Clara está chegando. Minhas ondas cerebrais, em forma de golfinhos, estão me avisando.
O que é sonho pra você?
Sonho pra mim é aquele anseio íntimo pessoal. Um desejo, um objetivo, uma meta. Meus sonhos – nessa concepção – são passíveis de serem realizados. Não tenho sonhos alucinatórios, como ficar milionária do dia pra noite, digamos assim. Sonho em ter uma filha saudável, espirituosa e inteligente. Sonho em ter o emprego que lutei tanto pra ter. Sonho em ter o meu canto próprio. Sonho em controlar minha ansiedade e ser uma pessoa mais zen. E em manter minha pequena família feliz, por exemplo.
Sonho, pra mim, também é aquele pãozinho doce que a gente encontra na padaria, e que tem, como ingredientes, um monte de creme, gordura e culpa.
E sonho também é, pra mim, aquela experiência que temos algumas vezes quando estamos adormecidos. E é desse último tipo de sonho que quero falar hoje.
Os sonhos e as experiências oníricas podem ser interpretadas cientificamente sob o prisma de duas áreas diferentes: pela psicanálise, como representações simbólicas pessoais (mais ou menos isso) e pela neurociência, como atividades cerebrais que acontecem fora do período de vigília. O primeiro prisma foi pioneiramente estudado por Freud e, depois, por Jung. O segundo, mais recente, é estudado por muitos neurocientistas que tentam compreender a neurobiologia dos sonhos. Os aspectos neurobiológicos dos sonhos começaram a ser estudados a partir do eletroencefalograma. Esse exame transforma a atividade cerebral em ondas que podem ser registradas graficamente com o auxílio de um equipamento. Durante o sono, temos ondas lentas e ondas rápidas. Grande parte do sono é representado por ondas lentas que, em alguns breves períodos, são interrompidos por ondas rápidas e curtas, que representam a atividade do córtex cerebral (aquela camada superficial do cérebro), e que são acompanhadas por movimentos rápidos dos olhos, mesmo estando fechados. E é nesse período de ondas rápidas e movimentos rápidos dos olhos (o nome daquela banda R.E.M. é inspirado nessa fase) que os sonhos acontecem. Hoje, a neurobiologia já sabe que os sonhos têm uma importante função biológica, relacionada à memória e ao aprendizado. Exatamente como se dá essa função não se sabe ainda. Mas tem gente muito boa estudando isso. Inclusive brasileiros como Sidarta Ribeiro, de quem sou fã, e que é atualmente o chefe de laboratório do Instituto Internacional de Neurociências de Natal. Clique aqui pra conhecer esse renomado Instituto brasileiro, que anda ensinando gente graúda do exterior a fazer pesquisa.
Bom, em função da minha formação, essa deveria ser a minha concepção principal sobre os sonhos.
Mas não é.
Com certeza os sonhos têm a sua base neurobiológica. Atividades neuronais que produzem a sensação de se estar vivendo coisas que não estamos vivendo na realidade. Mas acredito piamente que os sonhos nos trazem mensagens importantes. Tanto sobre sua personalidade quanto sobre os momentos que se está vivendo. Acho também, nada cientificamente falando, que os sonhos também podem servir, muitas vezes, como canais de comunicação com um outro tipo de linguagem, que talvez não possa ser acessada de outro modo. Um tipo de mediunidade, digamos assim. Tenho essa opinião em função das minhas crenças e das minhas experiências prévias, que acontecem desde a minha infância. Minha família toda sabe que, quando sonho, é bom dar ouvidos… Meus amigos mais próximos também sabem disso. Mas de uns tempos pra cá, esse tipo de sonho tem se rareado e tenho sonhado com coisas mais relacionadas ao dia-a-dia.
Normalmente não sonho com coisinhas fofas, com bichinhos, e coisinhas afins. Sonho com coisas mais práticas, ou participo de conferências e congressos nos sonhos ou tenho sonhos bizarros e absurdos. Desde que fiquei grávida, tive uns 4 sonhos com a minha filha. Sonhei que ela tinha arrancado a plantinha do vaso, que era pra plantinha não sofrer; sonhei que ela tinha aparecido sem a roupa com a qual tinha saído, porque tinha dado a própria roupa pra um “pobrinho, mãe, coitadinho”; sonhei que estava amamentando minha fofa e tive um outro sonho que não gostei muito, mas que representava, a meu ver, uma angústia naquele momento.
Mas o sonho que tive de sexta pra sábado passado foi especial. Não pelo sonho em si, mas pela coincidência que se seguiu e pelo simbolismo.
Sonhei que estava à beira do mar e que, lá do horizonte, veio chegando um grupo muito, muito, muito grande de golfinhos. Nunca tinha sonhado com golfinhos… Eram muitos, uns cinquenta. Eles estavam felizes, pulavam, rodavam, como os rotadores de Noronha. Então eu entrei no mar e eles me rodearam, exibindo-se e dando gritinhos, numa atitude amistosa. Depois eles foram todos embora em direção ao sol poente, com um céu vermelho alaranjado de matar de lindo. Lembro-me que levantei a noite pra fazer xixi, voltei a dormir e continuei sonhando a mesma coisa. Quando acordei, lembrei do sonho inteiro, achei lindo e tals, mas não dei muita importância. Enquanto arrumava a cama, liguei a tv pra ver o que passava. E coloquei num canal que nunca coloco, a TV UFSC. E eis que estava passando um documentário sobre golfinhos na Área de Proteção Ambiental de Anhatomirim.
Aí para tudo.
É muita coincidência.
Parei de arrumar a cama, sentei e fiquei vendo o programa – que, coincidentemente, ainda contava com imagens feitas por um amigo nosso, o Gustavo Cabral Vaz, marido da querida Aline – casal que tem um pé quente tremendo nos jogos do Brasil na copa, inclusive.
Aí fiquei muito cabreira, né? Sonhar com golfinhos e, logo ao acordar, ver um documentário sobre eles? Desci e contei pro namorado o que tinha sonhado e o que tinha acontecido na sequência. E, como eu acredito nas bruxas porque sim, elas existem, fui procurar o significado simbólico de golfinhos em sonhos.
E ficamos todo arrepiados aqui em casa com o que descobrimos.
Achei diferentes sites falando sobre o significado desse tipo de sonho. Os aparentemente mais sérios diziam a mesma coisa.
O significado simbólico da raposa, por exemplo, é servir de guia, é fazer a transição entre a vida e a morte. Ou melhor, entre a vida e o lado de lá. O golfinho também simboliza a transição, também é um tipo de guia. Só que ele faz a transição oposta: ele traz do lado de lá para a vida como conhecemos. Golfinhos simbolizam a transfiguração, trazer à luz, facilitar a passagem, a chegada. Sempre possuem conotação positiva, de abrir a estrada, os caminhos, tanto é assim que, frequentemente, grupos de golfinhos são vistos acompanhando embarcações, como se as estivessem guiando. Encontrei um blog muito interessante, inclusive, que fala sobre os símbolos nos sonhos. Lá eu li que os golfinhos são símbolos clássicos de “passagem”. E que também estão relacionados aos impulsos instintivos. “Aquele ou aquela que é guiado(a) pelo golfinho deve convencer-se da relação benéfica e positiva com o seu lado instintivo”. O que mais me impressionou foi saber que, de acordo com Jung,o termo golfinho vem do grego delphis. E que o termo grego delphus significa ÚTERO. Ou seja, há uma ligação simbólica entre o animal e o órgão. Me arrepiei até o último pelo do corpo, quando li isso. Fiquei muito impressionada!
Principalmente por
que foi justamente num dia em que eu tive uma daquelas crisezinhas, totalmente naturais, de preocupação com o parto, com a hora H, “será que eu vou conseguir”, “será que vai dar tudo certo” e dei uma chorada forte, meio que desabafo, no ombro do namorado que, como sempre, me deu o maior apoio. E ainda disse: você é a pessoa mais instintiva que eu conheço. Confia no seu instinto! E aí acho que os golfinhos vieram reforçar o recado…
Com golfinhos ou sem golfinhos, uma coisa é certa: quanto mais eu confiar nos meus instintos, quanto mais eu confiar no meu corpo, a chegada da minha filha será mais tranquila. Ela já está aqui com a gente faz tempo e só está se dando os últimos retoques pra chegar. Enquanto isso, eu fico aqui me preparando. Hoje faço 35 semanas de gravidez. E ontem um monte de gente me ligou perguntando se a Clarinha já estava se preparando pra vir, inclusive minha comadre Livia. Depois que eu me toquei porque todo mundo estava pergutando isso: a lua virou cheia. E essa é a última lua cheia que vivo antes da chegada dela. Acho que ela chega na próxima…
Bem, com certeza os golfinhos apareceram, durante meu sono, no período das ondas cerebrais rápidas, acompanhadas pelos movimentos rápidos dos olhos. Como a ciência ainda não consegue comprovar a veracidade ou não dos simbolismos psíquicos, como proposto por Freud e Jung, eu poderia duvidar dessas representações atribuídas aos golfinhos.
Mas em virtude da minha experiência e, principalmente, do meu instinto, eu prefiro achar que é o eletroencefalograma que ainda não consegue captar tudo o que se passa nessa cabecinha… e nesse barrigão.
Clara está chegando. Minhas ondas cerebrais, em forma de golfinhos, estão me avisando.