Compilação inicial dos mais de 60 blogs – até o momento – participantes desta ação.
Trabalho dedicado e comprometido da Ana Carolina Franzon.

Na semana do dia 08 de março, Ana Carolina Franzon, do blog Parto no Brasil, Fernanda Café, do blog Mamíferas, e eu divulgamos uma ação que aconteceria no próprio dia 08, Dia Internacional da Mulher, que visava sensibilizar a comunidade virtual – que de virtual não tem mais tanto – para a questão da violência obstétrica à qual centenas de mulheres são submetidas.
Assim, no dia 08, nós lançamos, em forma de blogagem coletiva e com o apoio de muita gente, o Teste da Violência Obstétrica, um questionário composto por 15 perguntas de múltipla escolha que visam levantar informações a respeito da assistência ao parto e que colherá respostas até o dia 15 de abril.

Os primeiros resultados dessa ação são altamente positivos e estão indo além da dimensão prevista inicialmente.
Vai aqui um breve e informal resumo desses resultados:
  • o teste atingirá, ainda no dia de hoje, 1500 preenchimentos
  • alcançou esse espantoso número em função, principalmente, de mais de 60 blogs envolvidos, em diferentes áreas da blogosfera (assim que terminarmos a compilação, divulgaremos a lista completa)
  • estão sendo recebidos dezenas de e-mails de pessoas que, ou querem mais informações sobre o assunto, ou querem compartilhar suas histórias, ou querem nos fornecer mais dados sobre o problema, ou apenas reforçar a importância da ação
  • os meios impressos de comunicação também foram mobilizados, e alguns, pequenos, médios e bem grandes, já entraram em contato, embora nossa postura seja bastante cautelosa quanto a isso
  • emissoras de rádio também entraram em contato
  • dezenas de mulheres já demonstraram interesse em participar da pesquisa formal sobre a percepção da mulher que foi vítima da violência obstétrica
  •  foi criada, nesta semana, uma página no Facebook para discussão, problematização e enfrentamento da violência obstétrica, onde são postadas notícias, compartilhamentos de sites e blogs, imagens relevantes e discussões pertinentes
  • muitas pessoas estão levando o debate para além dos limites da internet, gerando discussões em seus próprios grupos de trabalho ou grupos de apoio ao parto e nascimento
  • alunos de cursos da área médica estão se manifestando, compartilhando suas complexas experiências na tentativa da prática de um melhor acolhimento ao parto, mais humano e respeitoso, enquanto são assediados moralmente por seus superiores quando assim o fazem
  • mulheres com as mais diferentes posturas filosóficas estão discutindo a partir de quando as práticas configuram violência, quando não configuram, quando refletem a escolha da mulher, quando refletem apenas a dominância da opinião médica, entre tantas discussões complexas e pertinentes
  • entre outros resultados muito positivos que, no momento, podem ter sido deixados de lado por uma falha de memória.
Fica evidente a força do meio digital na problematização e enfrentamento da violência obstétrica. Fica evidente a necessidade que temos, todos, de mais e melhores informações. E, principalmente, a necessidade de canais diretos e eficazes de denúncia, para que haja a desnaturalização das práticas violentas e desrespeitosas de assistência ao parto. Para que a questão dos direitos reprodutivos sejam, realmente, interpretadas como direitos humanos.
Portanto, quando me perguntam quais são os resultados da pesquisa, eu penso mais nesses resultados práticos e vistos já, agora, no desenrolar dos fatos, que nos próprios resultados numéricos que o preenchimento do questionário irá nos fornecer. Mesmo porquê, embora ele possa ser usado como base, não tem a real representatividade que seria necessária, uma vez que não há controle das respostas.
Esses eram nossos reais objetivos: atingir as pessoas, estimular a discussão, levar a problematização para diferentes meios de comunicação. Mobilizar. Esclarecer. Enfrentar. Desnaturalizar.
Xingar uma mulher em trabalho de parto ou parto, ofendê-la, tratá-la com desdém ou ironia, deixá-la sem suporte, ironizar sua condição, diminuí-la ou desacreditá-la, obrigá-la a procedimentos desnecessários, impedir a presença de acompanhantes, coibir a expressão das emoções são formas de violência.
Não. Isso não é normal. Infelizmente, tem sido de praxe. Mas não é normal. Tem sido comum. Mas não, não é normal.
A Ana Carolina, companheira dedicada à questão, estudiosa, envolvida com afinco, fez um levantamento inicial dos blogs envolvidos na ação e produziu a apresentação que abre essa postagem. Ainda estamos complementando a lista, porque a cada dia, mais blogs participam. Vamos assim, juntos, até 15 de abril.
Nosso agradecimento inicial a todas essas pessoas, à frente de todos esses blogs, pelo apoio a essa ação. Que visa contribuir, de alguma forma, para a melhoria da assistência às mulheres em seus partos.

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