Ao lado do meu quarto tem um outro quarto que andava meio quietinho.

Mas de um tempo pra cá, a movimentação por lá tem aumentado.
Em diferentes sentidos.
E hoje será a primeira noite em que um bercinho dormirá lá…
O berço é uma coisa linda.
Mas estava muito abatidinho ali, tão vazio…
Aí o papai deu a ideia: “vamos colocar lençolzinho, travesseirinho e cobertorzinho pra ver como vai ficar?”
Fizemos.
E ficamos ali mais de uma hora. Babando. Corujando. Só imaginando que logo logo a menina do quarto ao lado estará por ali…
Mas o bercinho ainda estava muito vazio.
E aí a gente chamou reforços.
E chegaram a Marinha e a Maggie Simpson pra não deixá-lo tão vazio.
Elas são as primeiras bonecas da Clarinha.
A Marinha foi o papai quem deu e a Maggie foi a tia Audrey, amiga do papai.
E enquanto elas ficaram lá, esperando pela dona do quarto, a mamãe foi mexer em todas as roupinhas e tudo o que ela já tem.
Horas de arrumação.
Clara tem roupa suficiente para 3 crianças. Cobertor para 4. Amor para um mundo delas…
E ontem ganhou mais um presentão: o carrinho de passeio.
Quem deu? Ah, foi o padrinho, o tio Jonny, quase-irmão da mamãe.
Falando com a mamãe ontem, ele disse: ó, vão lá escolher o carrinho que eu quero dar pra minha afilhada! Mamãe ficou toda emocionada (pra variar o repertório).
Essa menina que mora no quarto ao lado, embora ainda esteja dentro de mim, já é uma criatura muito privilegiada.
Cheias de coisas, num mundo onde tantos têm tão pouco.
Mas ela é a Clara.
E, como Santa Clara, ela nem precisaria de tudo isso.
Porque a menina do quarto ao lado é uma menina muito especial.
E já tem o mais importante: muito amor, por todos os lados.
E a mãe e o pai dela já deviam estar usando os babadores que ela ganhou hoje da tia Ana e da vovó Thereza…

Que admirável mundo novo, esse… Tá loco.

PS: segunda-feira eu continuei sentindo umas dores que comecei a sentir sábado. Fui à clínica falar com o médico de plantão. Contrações. Mas o útero estava fechadinho, nada de assustador. Ele sugeriu medicamentos endovenosos tanto para diminuir as contrações quanto para “preparar o pulmãozinho da Clara”. Mas em casa de ferreiro… às vezes nem entra espeto. Não. Nada de remedinho pra alterar nada da Clara. Tem coisa muito mais eficaz a se fazer. Cheguei em casa e tive uma conversa com ela. Fizemos um acordo. Eu diminuo o meu esforço e o meu desgaste. Ela fica até o fim lá dentro. Bom, pela melhoria dos sintomas, ela aceitou o acordo na hora, porque tem estado bem mais tranquilinha. Ela confia na mamãe. E eu respeito muito a confiança dela. Por isso, a mamãe doutora revisou os planos e tomou decisões. Não foram decisões fáceis não, pelo contrário, foram muito difíceis de serem tomadas. Mas quem não muda de caminho é trem, como dizia a camiseta de um amigo. E sobre essas decisões, falarei em outro momento.

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