Quem acompanha a fanpage do blog Cientista Que Virou Mãe já deve ter lido as notícias sobre a transformação que estamos idealizando e trabalhando para operacionalizar aqui. Este blog, que começou sem qualquer pretensão de se tornar uma referência em assuntos sobre maternidade, que começou apenas com a minha intenção de compartilhar as coisas que eu ia/vou aprendendo ou refletindo em meu processo constante de me tornar mãe, acabou crescendo muito além do esperado, muito além do imaginado, além do que eu poderia supor.
Quando, há 4 anos, percebi que a ele estavam chegando cerca de 400 a 500 pessoas por dia, percebi a grande responsabilidade que tinha em mãos: produzir conteúdo que estava sendo acessado por pessoas em busca de apoio em suas dúvidas como cuidadores, especialmente MÃES na grande maioria dos casos. A partir de então, decidi assumi-lo como um blog focado em questões relacionadas à mulher que se torna mãe, ao respeito ao parto e nascimento e ao respeito integral à infância. E assim, ele se tornou o blog Cientista Que Virou Mãe. Hoje, tenho a imensa alegria (e espanto, como não dizer?) de ver que todos os dias chegam, em média, entre 6 e 8 mil pessoas até ele, em busca de informação e reflexão sobre cuidado com a infância, maternidade, empoderamento materno, entre outras questões, isso sem falar nas mais de 67 mil pessoas que compõem sua fanpage.
Até este momento, o blog ocupava um espaço extremamente importante em minha vida e na da minha filha, pois que meu caminhar como mãe, minhas descobertas e reflexões acontecem especialmente na interação que ele me permite viver com tantas pessoas. Papel importante, mas secundário, uma vez que a elaboração da minha tese de doutorado e os próprios cuidados com minha filha me ocupam quase todo o tempo, restando um tempo bastante reduzido para me dedicar à produção de textos que possam ser utilizados para benefício do coletivo. Ainda assim, quando os produzo, o imenso aporte que o blog recebe me serve como motivação e incentivo. E, especialmente, me mostra algo extremamente importante: as pessoas, especialmente as mulheres mães, precisam de informação de qualidade, que prime pela busca ativa de fontes, que esteja desvinculada do grande mercado e, portanto, que não sofra conflitos comerciais de interesse. A grande mídia que aí está não produz informação de qualidade. Produz informação que vende, que navega no senso comum, que de fato não está comprometida com a mudança social e, especialmente, não contempla mulheres mães, a infância, as transformações necessárias de paradigma como deveria contemplar. E aí acabamos ou sem informação que nos estimule a refletir sobre nossa realidade e nossas práticas, ou dependentes de boa informação produzida por gente muito boa, mas que também não tem condições de se manter escrevendo e produzindo sem que isso gere renda…
Estou em processo de finalização do doutorado em saúde coletiva e isso me estimulou a pensar em meus caminhos futuros. Em função de tudo o que vivi na interação com mulheres mães e com a infância nos últimos 4 anos, mediada tanto pelo blog quanto por minha própria tese, percebi como a produção de informação é de fundamental relevância para decisões embasadas e para a promoção da autonomia. Na verdade, isso vai muito além de uma percepção individual: está contemplado e previsto como questão estratégica em muitos documentos de organizações internacionais, que veem no empoderamento materno uma ferramenta das mais eficazes no combate à iniquidade e à violência. Assim, inserir-me novamente na academia, novamente como docente, diminuiria em muito minha atividade junto a mães, famílias e crianças. E não quero que isso aconteça. Já há muita ciência sendo produzida no interior das universidades e que não alcança quem a financia: nós. É preciso que aquelas e aqueles que a isso estão dispostos façam o movimento inverso: saiam em direção ao coletivo.
E foi isso o que decidi fazer.
Ter uma ferramenta com a dimensão do alcance do Cientista Que Virou Mãe, com grande potencial para ter ainda mais, e tratar de temas que geralmente não são tratados na mídia formal, me faz crer que é por aí que devo ir. Na verdade, não ME faz crer. NOS faz crer.
O blog foi considerado, por alguns grupos que trabalham com fortalecimento de negócios sociais, voltados para a promoção do bem estar coletivo e do empoderamento social, como uma ferramenta estratégica. E sem que eu pudesse sequer planejar (de novo…), eu, ele e nossa equipe (tenho a imensa alegria de poder contar, hoje, com uma equipe incrível), fomos selecionados para receber mentoria especializada e para participar de programas visando uma coisa só: seu crescimento, a amplificação de seu raio de ação e sua sustentabilidade. Mais que isso: o envolvimento de ainda mais pessoas, em um trabalho pautado pelos valores que defendo aqui e pela reflexão contínua sobre maternidade, empoderamento feminino, infância respeitada e tantos outros assuntos. É por isso que, hoje, estamos recebendo mentoria – gratuita e absolutamente dedicada e eficiente – de instituições como o SEBRAE, em seu Programa de Apoio a Negócios Sociais, o Impact Hub Floripa, o Semente Negócios e o Social Good Brasil. Todo esse apoio está exigindo de nós muito envolvimento, dedicação, aprendizado e criatividade, a fim não só de ampliar as atividades do Cientista Que Virou Mãe quanto de envolver todas e todos que participam dele, de forma que todas as pontas da relação sejam beneficiadas pelo processo, que resultará em um benefício coletivo maior. Estamos focadas em: 1) produzir informação independente voltada para a maternidade e para o empoderamento materno; 2) fortalecimento e respeito à infância; 3) sair do paradigma da escassez em direção ao paradigma da abundância. Nós acreditamos que há lugar para todos e há recursos para todos, basta que nos conectemos de maneira diferente do que fizemos até agora.
Em função disso, há pouco mais de 1 mês, nós entrevistamos mais de 100 mães leitoras para saber um pouco mais sobre quem são as pessoas que chegam ao Cientista Que Virou Mãe. Perguntamos a elas sobre suas alegrias, suas dores, suas dificuldades, sua interação com a mídia formal, entre outras questões. Esse material está nos ajudando a pautar a transformação que o blog está sofrendo tendo como centro o elemento humano, especialmente as mulheres que viram mães. No entanto, uma grata surpresa nos foi apresentada: embora a grande maioria das pessoas que o acessam sejam mulheres mães, há muita gente que chega até aqui e não é mãe. Gente em busca de informação e que acaba se identificando com as discussões propostas, seja no próprio blog, seja em sua fanpage no Facebook. Isso nos levou também a querer incluir e
ssas pessoas na construção da nova plataforma, bem como seus anseios e expectativas. Teremos sempre as mães e as crianças no centro do debate. Sempre. Porque é para esses grupos que produzimos informação. Mas não podemos deixar de fora todas as demais pessoas que se preocupam com o que divulgamos.
Assim, hoje, pedimos a participação e a interação de vocês, que não são mães e frequentam o Cientista Que Virou Mãe (blog e fanpage). Queremos conhecê-las e conhecê-los melhor. Queremos saber quem são vocês, o que fazem, como chegaram até aqui, o que buscam, o que pensam sobre a mídia tradicional, entre outras informações que nos ajudarão a construir uma plataforma representativa. Abaixo, há o questionário de entrevista. Você não gastará mais que 10 minutos para respondê-lo. Pode responder aqui mesmo no corpo do texto. Caso não apareça para você, basta clicar aqui e será redirecionado ao formulário.
Toda essa transformação está sendo cuidadosamente planejada e desenhada. E nesta sexta-feira, 03 de julho, já mostraremos um primeiro resultado de todo esse trabalho, que estamos fazendo com tanta dedicação, empenho e amor.
Novamente, agradeço por todo carinho, apoio, incentivo e motivação que recebo há 4 anos. Nós não crescemos sozinhas ou sozinhos. Crescemos é na interação.
Grande abraço!