“Informação sobre maternidade” é uma questão extremamente problemática no Brasil. Há uma quantidade gigantesca de informação espalhada pela rede, bem como inúmeras revistas voltadas para o tema. Mas, como sabemos, quantidade nunca foi sinônimo de qualidade e falar sobre maternidade de um ponto de vista crítico, reflexivo, saindo do senso comum, indo em direção à maternidade emancipatória, ainda é coisa muito rara e difícil. Tão difícil quando facilitar seu acesso. Pauteiros, editoras e revistas parecem estar mais preocupados em preencher seus espaços com matérias fúteis e superficiais – mas que vendem – do que debruçar-se sobre as que podem, realmente, fazer a diferença. Isso é um problema sério por inúmeros motivos, especialmente por contribuir para a construção de uma visão estereotipada, ingênua e fútil de prática materna.
Felizmente, parece estarmos em um novo tempo, onde os que se dedicam a pautar questões realmente relevantes do mundo materno, que visam lançar novos olhares, abrir espaço para a defesa dos direitos das mulheres mães, estão sendo mais valorizados, mais lidos, mais procurados. São pessoas que visam tratar da maternidade para além da roupinha, do bercinho, do enxovalzinho a serem comprados durante a gestação, para além das crendices e reduções infantilizadoras sobre maternidade. É claro que fazer isso quando se está em um ambiente independente de produção de informação, como são os blogs e alguns portais, é mais fácil. Não mais fácil no sentido de produzir com qualidade, porque sabemos que isso é tão difícil e raro quanto – basta ver o imenso número de blogs que reproduzem a mesma maternidade cor de rosa e estereotipada que a massa quer, que a grande mídia gosta, que movimenta o ciclo do consumo e do controle. É mais fácil no sentido de termos autonomia para decidir sobre o que escrever, sobre o que tratar. Mas escolher falar sobre as questões que realmente importam do mundo materno, sobre os problemas sociais que de fato enfrentamos como mães, sobre as iniquidades a que estamos sujeitas, estando dentro de uma mídia hegemônica – e bastante reacionária – é tarefa para as fortes. Para as destemidas. Para aquelas que veem seu trabalho como ferramenta de mudança, que posicionam-se de maneira crítica no mundo e assumem um compromisso com o grupo ao qual pertencem.
Hoje, o blog Cientista Que Virou Mãe e suas milhares de leitoras vêm homenagear uma jornalista que, de 2013 até muito recentemente, esteve dentro do jornal Folha de São Paulo pautando temas de fundamental importância para nós, mulheres que viraram mães. Ela fez uma escolha: estar verdadeiramente ao lado das mulheres mães. Por muitos meses, pautou temas essenciais: o direito de amamentar, a epidemia de cesarianas, as consequências da violência contra a criança, a violência contra a mulher, a violência obstétrica, entre outros assuntos que deram ainda mais visibilidade às questões que realmente nos importam.
Ano passado, por ocasião do lançamento do nosso livro, Educar sem violência – Criando filhos sem palmadas, ela nos entrevistou e produziu uma excelente matéria. Agora, tenho a honra de inverter os papéis e entrevistar essa mãe a quem carinhosamente chamo de “a jornalista infiltrada”: Giovanna Balogh. Giovanna, receba meu sincero agradecimento pelo trabalho que fez durante esses meses em nossa defesa. Foi mais que uma atuação jornalística, foi assumir a responsabilidade social de sua profissão. Em nome de tantas mães: muito obrigada. E muito sucesso em seu novo projeto, que continuará a nos representar.
cuidado.
qual sua motivação, onde pretende chegar?