Eu tenho o hábito de ser ácida ou sarcástica.
Simplesmente pra encobrir um lado doce e sereno que – não sei quando nem porquê – um dia achei que precisava esconder pra parecer forte.
No início da semana eu escrevi por aí uma frase da Fernanda Young (ácida e sarcástica) dizendo "sou uma doente mental que acredita no que nos dizem".
Não. Não sou doente mental por isso… Apenas tenho a tendência de acreditar nos outros. E não quero mudar não. Pago o preço das consequencias. Sou forte pra isso. Acredito nas pessoas, paciência.
E acho que são mesmo.
Seres humanos têm uma coisa, assim, que me fascina.
Vou seguir assim, acreditando nisso.
E hoje especialmente, porque hoje é dia de Lenita.
E, olha só que coisa boa, dia de Lenita é dia de terminar tese…
Terminou.
… e hoje quero dormir o sono de quem tem a sensação do dever cumprido.
ele virá com a boca e mão incríveis
tocar flauta no jardin.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
– só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela,se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?
Aninha e suas pedras (Cora Coralina)
Não te deixes destruir…
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
E foi neste dia em que escrevo isso que terminei minha tese…