Como era de se esperar, estou ansiosa pela chegada da Clara. Anteontem, tomando banho, eu tive uma longa, carinhosa e séria conversa com ela. Ela tem o costume de me ouvir, esse meu tiquinho de gente embutido dentro desta matrioska que vos escreve… Disse pra ela, nessa conversa, que faltava só completar uns detalhes da mala da mamãe (porque mesmo sendo um parto domiciliar, queremos estar preparadas para qualquer eventualidade), comprar um roupão bem quentinho, arrumar um botijãozinho de gás adicional (pra ajudar a aquecer a água da piscina) e terminar umas 8 lembrancinhas que ainda estavam incompletas. Disse pra ela que, assim que estivesse tudo pronto, pra ela ficar absolutamente à vontade pra chegar. Que a casa é dela, a mãe é dela e o pai é dela também. Que lá dentro, daqui a pouquinho, ia começar a ficar muito muito muito apertado, e que aqui fora, embora esteja bem frio, estará muito quentinho esperando ela chegar. Quentinho de amor e quentinho de aquecedor.
Agora não falta mais nada, terminamos tudo o que precisava desses preparativos. E ela é muito, muito atenta. Presta atenção em tudo o que a mamãe fala e faz… Viu que terminamos tudo e começou a dar sinais: comecei a sentir umas cólicas e umas coisas diferentes, sinais de que está havendo uma modificação pra preparar a gente pro parto.
E, como disse lá em cima, estou ansiosa e curiosa pelo momento, e sou exatamente como o Bob e o seu Fantástico Mundo: monto imagens de tudo o que eu penso ou ouço. Então eu imagino que minha filha está lá no lugar de onde vêm os bebês, numa fila, esperando a vez dela. Hoje cedo nasceu, assistido pelo Hanami, um bebê da leva dela. A mãe dele participou da mesma palestra de apresentação do parto domiciliar que eu e mantivemos um contato essa semana, uma dando força à outra. Ele tinha 1 semana a mais que a Clara. E chegou hoje. Então a minha imagem se completa: agora a Clara talvez seja a primeira da filinha… Se eu, que já conheço o mundo, estou ansiosa, como será que ela está? Sinceramente, não sei. Porque existem mais mistérios entre o céu e o útero do que imagina a nossa vã obstetrícia… No caso de dúvida, já falei pra ela: filha, estou aqui e vou estar sempre, do seu lado, te apoiando, te amparando. O papai também. Quando quiser, pode vir. Vai ser muito legal.
Agora é esperar ela subir no onibinhus, aquele que o namorado desenhou em um dos posts anteriores, e chegar. Pode ser até que já esteja a caminho, né? A gente é que não sabe se a viagem é longa…
Enquanto isso, eu fico aqui me preparando. Mas não sozinha.
Junto com esse cara incrível que não tem me deixado sozinha em nada que diga respeito à nossa vida e à da nossa filha.
Junto com o pai da Clara.
Agora mesmo a gente estava falando sobre isso: estamos vivendo um dos momentos mais incríveis das nossas vidas. Como é bom ter consciência disso.
Ainda tem muito homem bunda no mundo. Mas, como eu ouvi essa semana, uma porção deles está mudando em função das novas mulheres que estão surgindo.
Falando em homens que apoiam suas mulheres, uma pessoa que acompanha o blog, a Beatriz Bacci, gentilmente me indicou a leitura de um depoimento publicado em outro blog, dessa vez pelo pai que acompanhou o parto domiciliar da sua filhinha. Ontem o namorado leu e hoje eu li. Adorei! Então, compartilho com quem mais quiser ler sobre o assunto. É só clicar aqui. Obrigada, Beatriz!
Tem gente que é feliz, não tem consciência disso e, por não ter consciência, vive buscando a felicidade em outro lugar ou esperando ela chegar.
Ter a consciência de que se está vivendo um momento feliz já é a felicidade.
PS: Respondendo a uma pergunta que me fizeram. Por que eu imagino a Clara chegando num ônibus e não no bico da cegonha? Ué, simples. Primeiro porque nessa família todo mundo gosta de pegar a estrada e ver a paisagem. Segundo porque somos contra a exploração de animais… Coitada da cegonha. Já pensou ter que voar segurando um bebê de quase 4 quilos e que vai dando pitaco a viagem inteira?