As ferramentas da internet têm permitido uma mobilização inédita em prol do respeito dos direitos reprodutivos das mulheres.
Foi por meio delas que milhares de mulheres e suas famílias puderam se organizar e sair às ruas, em diferentes marchas e manifestações, e que puderam produzir material e documentos que estão sendo entregues nas mãos das autoridades políticas brasileiras.
Estas ações estão contribuindo para levar o assunto à grande mídia e promovendo um novo olhar sobre a questão do respeito ao parir e ao nascer e do protagonismo feminino.
Sem dúvida alguma, o ano de 2012 ficará marcado como marco na busca pela recuperação da autonomia feminina e do respeito ao parto e nascimento no Brasil.
Entre março e maio deste ano, um grupo de mulheres se organizou para levar ao ar uma ação que teve como objetivo levantar dados sobre a violência que muitas mulheres brasileiras sofrem no momento do nascimento dos filhos. Foi o Teste da Violência Obstétrica.
A ação foi inteiramente realizada via internet, mobilizando as mídias sociais e lançada na forma de uma blogagem coletiva, da qual participaram mais de 70 blogs e sites brasileiros.
Em pouco mais de 30 dias, foram obtidas 1.966 respostas a respeito de práticas abusivas, desrespeitosas e violentas que centenas de mulheres viveram no nascimento de seus filhos.
Mulheres afirmaram terem sido agredidas verbal e emocionalmente, ouvido gritos e ameaças por parte da equipe de saúde, foram alvo de piadas e escárnio sobre seu comportamento e impedidas de manifestar suas emoções nesse momento tão especial.
Centenas de mulheres se sentiram ameaçadas pela atitude dos profissionais que as atenderam, outras centenas afirmaram terem deixado de tirar dúvidas ou expressar seus medos e angústias em função de serem tratadas com desdém.
Muitos depoimentos espontâneos foram oferecidos, histórias dramáticas que refletem uma triste e cruel realidade frequentemente presente na assistência ao parto em nosso país e que endossam a informação de que 1 a cada 4 mulheres brasileiras são desrespeitadas no nascimento de seus filhos, como apontado pela Fundação Perseu Abramo (2011).
No Brasil, as discussões sobre violência no parto e nascimento ainda são incipientes e é preciso criar ferramentas e estratégias para torná-la mais conhecida, mais discutida, mais evidente, de forma que as mulheres brasileiras que passaram por tais situações tenham VOZ, efetivamente. E que, falando sobre o que viveram, ajudem a compor estratégias para evitar/impedir que outras mulheres continuem a ser sistematicamente desrespeitadas.
Assim, começamos agora uma nova ação.
Uma ação que visa tornar audível a VOZ de mulheres que passaram por algum tipo de desrespeito ou violência em seus partos.
É a Postagem Coletiva: VIOLÊNCIA NO PARTO – A VOZ DAS BRASILEIRAS.
Nós queremos, a partir de depoimentos individuais, compor um vídeo único, construído pelo depoimento de diferentes mulheres, em diferentes locais do país, a respeito da violência e desrespeito que sofreram no nascimento de seus filhos. Não
existe, até o momento, um vídeo brasileiro como esse e acreditamos que sua divulgação poderá promover mais discussão sobre o assunto, em busca da construção de medidas e políticas efetivas no combate à violência no parto.
COMO PARTICIPAR DA POSTAGEM COLETIVA VIOLÊNCIA NO PARTO: A VOZ DAS BRASILEIRAS
A partir de hoje e até 28 de outubro, publique um post no seu blog ou perfil do Facebook convidando mulheres que tenham se sentido desrespeitadas, maltratadas ou violentadas em seus partos/nascimentos para gravar e nos enviar um pequeno vídeo contando brevemente o que viveram. Você pode fazer isso pela transcrição deste texto na íntegra ou apenas postando/compartilhando a imagem abaixo, que contém as instruções para o envio dos vídeos:
O vídeo poderá ser gravado de maneira simples, caseira, utilizando apenas uma câmera fotográfica, a web cam do computador ou o próprio celular. O roteiro informado na imagem tem como objetivo facilitar a gravação do depoimento e a edição posterior.
Depois de gravados, deverão ser enviados para o e-mail videoviolencianoparto@yahoo.com.br.
Após o perído de envio, iniciaremos a edição do vídeo único, composto por trechos de todos os depoimentos enviados.
O vídeo final será apresentado oficialmente no Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, quando as autoras dessa ação apresentarão os dados sobre violência obstétrica coletados por ocasião do teste conduzido neste ano.
PRECISAMOS DA SUA AJUDA PARA LEVAR MAIS ADIANTE A LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA!
Envie seu depoimento!
Fale sobre o que você viveu!
Divulgue, compartilhe, poste a imagem, envie para seus contatos.
Temos apenas 10 dias para coletar todos os vídeos.
Quanto mais blogs, perfis, sites e portais entrarem nessa postagem coletiva, mais mulheres alcançaremos!
Esperamos contar com toda a rede que tem se formado em torno da defesa dos direitos femininos, inclusive os direitos reprodutivos.
Muito obrigada,
Bianca Zorzam
Ligia Moreiras Sena (www.cientistaqueviroumae.com.br)
Ana Carolina Franzon (www.partonobrasil.com.br)
Kalu Brum (www.mamiferas.com)