Em 25 de novembro de 2011, em uma grande ação com a colaboração de dezenas de pessoas em quase todas as mídias sociais, e aproveitado a data – Dia Internacional de Combate a Todas as Formas de Violência Contra a Mulher – divulguei o convite à participação na minha pesquisa de doutorado.
Nós esperávamos um grande número de mulheres interessadas em contar seus relatos de violência no parto. Mas não imaginávamos a enormidade de pessoas que demonstrariam interesse em relatar o que viveram…
Então, nós (eu e meu orientador) fizemos uma grande pausa a fim de nos prepararmos para incluir todas as centenas de mulheres que demonstraram interesse, remodelamos o estudo, modificamos as estratégias, incluímos outros referenciais teóricos e reavaliamos objetivos. Incorporamos dicas preciosas oferecidas por outros pesquisadores e aqui estamos.
Até o momento, já são mais de 700 mulheres que manifestaram interesse em participar da pesquisa. Mas já faz bastante tempo que esse convite foi feito e avançamos muito na discussão coletiva sobre a violência que tantas brasileiras estão sofrendo no parto e nascimento de seus filhos. Com a quebra (ainda que parcial) de sua invisibilidade, centenas de mulheres passaram a problematizar a questão e a se reconhecerem como violentadas pela assistência que receberam em seus partos. E, nesse intervalo, centenas de outras mulheres também, infelizmente, passaram por experiências violentas dentro de maternidades. O envolvimento da mídia estimulou a discussão, o ativismo ampliou suas atividades, muito mais gente está disposta, preparada e quer falar.
Assim, decidimos fazer um novo convite à participação, a fim de abraçar tantas mulheres quantas quiserem contar o que viveram. Não só para que tenhamos grande participação social, mas também para que essas mulheres, contando o que viveram, possam começar a ressignificar suas experiências.
Você já deve ter visto por aí – em camisetas, banners, perfis de mídias sociais, etc – a ilustração que acompanha essa postagem. Ela foi feita especificamente para representar minha pesquisa e chamar as mulheres a participar dela, embora depois nós tenhamos autorizado seu amplo uso para fins de ativismo e militância no combate à violência obstétrica no Brasil.
Estamos em um momento crucial nesse contexto. Com quase todos os meios de comunicação divulgando notícias a respeito do que aconteceu com Adelir Carmen Lemos de Góes, na cidade de Torres, Rio Grande do Sul. Com muitas pessoas falando sobre violência obstétrica. Com muitas mulheres querendo contar o que viveram.
Se você já sabe que viveu violência obstétrica, fica o convite a participar da pesquisa. Ela será feita inteiramente via internet, com a devida aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da universidade da qual faço parte, e receberá informações pormenorizadas sobre todas as etapas. De maneira geral: eu irei “ouvir” o que você tem a dizer em dois diferentes momentos. E quero te ouvir!
Para participar, basta clicar aqui ou na imagem deste post. Um novo link irá se abrir, com um formulário. Nele você vai inserir apenas seu nome completo e e-mail de contato. Leia o pequeno texto que está lá. Dentro de aproximadamente 1 mês a contar de agora (início de abril) todas as mulheres que já se inscreveram ou se inscreverão receberão um e-mail contendo tudo o que será necessário saber.
Se você, felizmente, não passou por esse tipo de experiência mas quer ajudar de alguma forma, preciso da sua ajuda, a fim de alcançar ainda mais mulheres. DIVULGUE a pesquisa. Basta incorporar a imagem em seu site/blog/mídia social acompanhada do link do formulário-convite (http://goo.gl/VJYgNj). Ou compartilhar, ou enviar por e-mail, ou avisar quem você sabe que passou por isso. Toda ajuda será muito bem vinda.
Desde já agradeço às centenas de mulheres (entre outros apoiadores) que querem falar sobre a violência que viveram. Meu compromisso, já explicitado em tantos outros momentos, é público: divulgar e tornar acessível todo e qualquer material decorrente dos dados que as entrevistas irão produzir. Inclusive, transmitir minha defesa em tempo real a todo mundo que quiser assisti-la.
Muito obrigada pela confiança. Espero retribuir à altura.