Eu recebo o Alerta do Google para alguns temas-chave sobre os quais tenho interesse.
E eis que agora há pouco o tal alerta me manda essa matéria aqui.
Eu nem devia estar escrevendo sobre isso, mas eu não me aguento.
Li a matéria e comecei a rir daquele jeito meio indignado de quando a gente lê alguma coisa absurda…
Veja você mesmo. Clique pra ficar maior, se não conseguir ler – embora não vá perder nada…

Olha, nada pessoal, mas realmente não tenho interesse em saber do nascimento dos filhos das famosas, obviamente não foi isso que me chamou a atenção. O que me deixou chocada foi a frase:

“Todo mundo sabe que a atriz gosta de tratamentos holísticos e terapias alternativas mas, para dar à luz, ela quer tudo bem tradicional, sem essa história de parto humanizado ou outros modismos”. 

Bem, se ela quer tudo bem tradicional, eu poderia pensar que ela optará por um parto normal, dará à luz em casa, parto feito por parteiras e tal. Porque, até onde eu sei, esse é o parto tradicional, o parto tradicionalmente feito. Isso subentendendo-se ser, a tradição, a transmissão de práticas ou de valores de geração em geração, o conjunto das crenças de um povo, algo que é seguido conservadoramente e com respeito através das gerações. É em casa que as mulheres dão à luz nas comunidades tradicionais, por exemplo (embora quem estudou um pouco de etnobiologia, como eu, saiba que há grande discussão sobre a expressão “comunidade tradicional”).
Mas é lógico que a pessoa que escreveu isso aí não sabe nada nem sobre o que é tradicional, nem sobre o que é parto humanizado, nem sobre a responsabilidade e o rigor que se deve(ria) ter quando se escreve para outras pessoas e eu quero muito crer que essa pessoa não seja nem formada em comunicação social.

Fico irritada porque, infelizmente, é um número imenso de pessoas que lê esse tipo de notícia pelo teor dela mesmo, buscando informação sobre o filho da ciclana ou da fulana que fez a novela tal e que largou o ator do comercial de margarina pra casar com o cara que é ex-marido da apresentadora de tv, e que acaba lendo que  “o tradicional” é, inclusive, uma cesariana.

Esse tipo de coisa se enfia na cabeça das pessoas como uma mensagem subliminar, vira regra, vira ditadura, vira padrão. Aí as pessoas saem por aí dizendo que é verdade um absurdo como esse.
Infelizmente, algumas pessoas inconsequentes não param pra pensar no que escrevem. Chamar o movimento pró-humanização do parto de modismo é uma imbecilidade dessas tantas que a gente ouve todos os dias. Quem pensa que é modismo e escolhe um parto humanizado por modismo é uma pobre pessoa (ainda que a criança que vai nascer seja beneficiada por isso). Pobre pessoa porque perdeu uma oportunidade ímpar de aprender muito sobre a vida e sobre ela mesma, inclusive, entre outras coisas.

Modismo?
Sabe o que é modismo? Modismo é: “Modo de expressar-se típico de certas pessoas, ou de certas localidades vigentes à margem da língua-padrão, sem ser gíria nem regionalismo”.
Ou seja, é basicamente o que a pessoa que escreveu isso aí fez. Porque parece que agora tá na moda falar de parto humanizado sem saber o que é, principalmente alguns meios de comunicação conhecidos por não serem muito imparciais. Tem uma grande revista por aí tentando fazer isso, veja você… Tá doidinha pra falar sobre parto domiciliar. Tá louca pra que alguém dê entrevista enaltecendo o parto domiciliar pra fazer o que ela costuma fazer: pegar a entrevista, colocar num contexto outro e defender o ponto de vista que ela escolheu (ou que alguém pagou pra ela escolher).

É por isso que muita gente que está verdadeiramente envolvida com a questão do respeito ao parto e nascimento e do parto domiciliar está evitando dar entrevistas falando sobre isso para esses meios de comunicação.

Se liga aí, você que gosta do assunto e defende a causa!
Tem gente querendo usar sua vontade de divulgar algo bacana para fins outros.
Vem pra luz, Carol Anne!
Sai do rosa, Pollyanna! Que o mundo tá virado…
 

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