Março se despede deixando um gosto desagradável de “mês do estranhamento” ou “mês do mal estar“. Inúmeras situações nos causaram imenso desconforto. Desconforto, estranhamento, mal estar, indignação, perplexidade e sentimento de incredulidade.
Aqui em Florianópolis, vivemos a invasão da Universidade Federal de Santa Catarina por uma polícia despreparada, atrapalhada e sem qualquer tipo de inteligência, com a suposta justificativa de estar “combatendo o tráfico”. Balela. O resultado da operação: 5 baseados apreendidos, pancadaria, bombas de efeito moral, muito gás lacrimogênio, alunos, professores e funcionários sendo coagidos e violentados, crianças da creche universitária saindo com máscaras para não se intoxicarem, em completo estado de pânico. Para que? Para que um delegado com pretensões eleitoreiras – e base religiosa – fizesse seu meio de campo e despertasse a fúria conservadora e reacionária da comunidade universitária florianopolitana/catarinense.
histórias ignoram ou denigrem aqueles que defendem a volta da ditadura e da intervenção militar? O que não estamos contando a nossos filhos, a fim de que permaneça viva a memória do que vivemos enquanto povo? O que estão defendendo aqueles que querem de volta a violência máxima legitimada?
dos órgãos de segurança do Estado continua agindo da mesma forma. Se antes o inimigo era o subversivo, o comunista, o guerrilheiro, qualquer pessoa que pensasse diferente da ordem imposta, hoje quem vive esse cotidiano na pele são crianças, jovens, homens e mulheres que vivem nas periferias, em geral negros e pobres, e muitos daqueles que decidiram ocupar as ruas para manifestar sua indignação nos últimos meses.
que ninguém termine a leitura deste livro sem se comprometer, em juramento sagrado com a própria consciência, a engajar-se numa luta sem tréguas, num mutirão sem limites, para varrer da face da Terra a prática das torturas. Para eliminar do seio da humanidade o flagelo das torturas, de qualquer tipo, por qualquer delito, sob qualquer razão.
– Mais de vinte depoimentos de mulheres torturadas na ditadura militar.
– Estreou no dia 27 deste mês o documentário “Em busca de Iara”, que conta a história de Iara Iavelberg, psicóloga, professora, que foi assassinada pela ditadura em agosto de 1971 em Salvador. A morte de Iara foi dada como “suicídio” pelos militares, mas a família questionou desde sempre. Iara foi companheira de Carlos Lacerda. Assista ao trailer.
Se manter viva na memória essa parte tão triste da história do Brasil também for importante para você, sugiro que contribua para a produção de Coratio. Não deixar que a sociedade brasileira se esqueça do que representa um regime ditatorial, violento e cruel, é dever de todos nós.
Para que não nos esqueçamos.
Para que nunca mais aconteça.