Vez ou outra, aparece em minha caixa de e-mails relatos daqueles que você começa a ler em leitura flutuante, mas decide parar. Parar, pegar uma caneca de café quentinho, esticar bem as pernas, colocar-se confortável na cadeira e ler. Ler até o fim. E se emocionar, e suspirar e sentir que tudo vale a pena.
Foi o que aconteceu com o relato de nascimento que posto aqui hoje. Não de um nascimento. Mas de muitos. Da mãe, do pai, dos filhos todos, da família, da fé na vida, da esperança. Escrito por um pai que sentiu uma imensa necessidade de compartilhar suas emoções a respeito do nascimento de sua última filha. Mas que não se restringem ao nascimento da filha.
Um relato de amor. De reconstrução. De reafirmação de vida.
O relato que vem agora descreve o nascimento de uma menininha com nome de pintora: Tarsila. Que, na verdade, começou bem antes, no nascimento de seu irmão mais velho, Gustavo, e de sua irmãzinha do meio, Betina. Pois sem ambos, talvez seu nascimento não tivesse o significado redentor que teve.
Sem mais delongas:
O Parto de Tarsila: um (re)nascimento coletivo.
Por seu pai: Luiz Franco.
Olá Lígia
Você não me conhece, mas minha esposa “conhece” você. Ela lê o seu blog e acho que foi umas das coisas que mais a ajudou nos últimos meses.
Antes de mais nada, obrigado.
Eu precisava repartir com alguém o que vivi nesse último nascimento de minha filha.
Antes de mais nada, sou poeta. Na verdade não é isso que diz o meu registro profissional, ou quando preencho fichas em hotéis viajando pelo trabalho. Faço minhas poesias e minha compreensão do mundo e da vida é obviamente guiada pelas minhas sensações, interpretações através de uma visão calcada nos sentimentos, nos símbolos, nas metáforas.
uma paciente.
r semanalmente muito coco nos caminhões próximos ao mercado municipal. Estocava mais de 30 cocos e abria-os diariamente, sempre deixando uma jarra de 2 litros para Amina. No final de dezembro ela saiu do emprego.
ha que trazer Amina. Não deve ser fácil para um bebê trazer tanta gente assim.
Seu parto significa que há sim como fugir das mãos truculentas dos médicos de hospitais
que praticam um fórceps quase que com um prazer orgástico. Seu parto serve para mostrar que desconforto respiratório existe, mas pode ser tratado de forma humanizada. Seu parto serve para mostrar que sim, estudar, se conhecer, se preparar ainda é a melhor arma contra a estupidez daqueles que se julgam acima do bem e do mal. Seu parto não foi uma violência contra a mulher, seu parto foi longo, seu parto foi feito pelas mãos de pessoas que te respeitaram, te amaram. Seu parto foi único, foi de três crianças, de uma mãe que ficou silenciada aos 16 anos. Seu parto deve ser contado para que outras mulheres não esperem passar por 2 cesáreas desnecessárias para descobrir o que é um parto vaginal.