Algumas pessoas já me perguntaram porque eu não coloquei a fotinho do livro que estou fazendo pra Clara. Então aí está! O objetivo do livro é registrar os principais momentos da vida intra-barriga da minha bebê. No livro, estou colocando tudo. Fotos, ultrassons, bilhetinhos, tudo o que tem sido mais marcante. Mas quero ressaltar: não é um trabalho individual. A ideia sim foi minha, mas o trabalho tem sido conjunto. Eu escrevo e monto as colagens, os enfeites e tal. O papai da Clara faz as ilustrações. E tá ficando a coisa mais fofa do mundo! Hoje, sábado, eu passei o dia inteiro mexendo no livro, pra aproveitar a chuvinha que não para de cair aqui em Floripa… E, também, porque tem sido uma ótima terapia ocupacional, pra desviar a mente um pouco das batalhas que terei a partir da semana que vem. E pra acalmar a minha revolta sobre um deteminado assunto que só vou falar mais pra frente…
Quando percebo que a taquicardia tá demais, que a ansiedade e o nervosismo tão pegando (o que geralmente acontece a cada 20 minutos, mais ou menos), respiro fundo e vou fazer as coisinhas da Clara. E quando vejo, estou calma, assobiando ou cantando, feliz da vida.
Quando eu digo “as coisinhas” da Clara estou me referindo ao livro, às arrumações das roupinhas, que já comecei a lavar, e às lembrancinhas. Sim, estou fazendo as lembrancinhas do nascimento dela todas à mão. E até que tá ficando bem bonitinho…
Se você gostou da capa do livro, saiba que não é tão difícil assim de fazer. Só é preciso um pouco de tempo, dedicação e criatividade. Como, infelizmente, tempo tem sido um item raro em nossas vidas, eu tenho aproveitado as madrugadas pra fazer, aproveitando os picos de energia que aparecem com frequência nessa etapa da gravidez.
No caso do livro da Clara, eu aproveitei um pouco dos poucos conhecimentos que tinha de patchwork (bem poucos mesmo) e exercitei a imaginação.
Pra fazer um livro como esse você precisa de um caderno-livro, desses que são maiores que um caderno normal. Eu optei por um com capa dura e folhas não pautadas brancas, mas é a criatividade quem manda. Escolhi três cores diferentes de retalhos: um lilás de bolinhas brancas, um roxo liso e um roxo de bolinhas brancas. Tô numa fase bolinhas…
Para as bordas, fitas de cetim, nesse caso lilás e pink. O título do livro eu escrevi com cola plástica com glitter. Os lacinhos nos cantinhos (aí aparecem só dois, mas na verdade são 4, um em cada quina) foram feitos também com fitas de cetim. Também não aparecem na foto, porque o pai da Clara não se aguentou e tirou a foto antes de estar pronto, mas no título também tem uns cristaizinhos, como se fossem adesivos. Na contracapa, eu desenhei e recortei borboletinhas de TNT lilás e colei com cola branca no tecido roxo liso, junto com mais uns cristaizinhos adesivos.
Como eu fiz: medi os tecidos e depois os costurei com pontos de patchwork, à mão. Pra capa ficar fofinha, costurei os três tecidos, agora unidos como um só, sobre uma espuma. Depois, colei a espuma costurada com os tecidos sobre a capa. Pro acabamento, usei as fitas de cetim. Por dentro, pra não aparecer as fitas coladas, colei papel cartão por cima.
E pronto. Tá pronto o livro… ou pelo menos a parte mais fácil. Porque o mais difícil é, mesmo, preparar o conteúdo. Tenho a vantagem de namorar um ilustrador de primeira, que faz uns desenhos lindos pra colocar no livro. Mas se você não tem o dom do desenho, como eu, pode também trabalhar com recortes de revistas ou com figuras impressas da internet.
Bom, está aí a dica, na filosofia que eu gosto de adotar do “compartilhando o que é bom”. Eu já prometi um livro como esse, com as cores que ela quiser, para uma amiga que está querendo engravidar – e com certeza conseguirá – muito em breve! E quero ver se consigo fazer um pra minha irmã também. Agora só preciso de mais umas duzentas madrugadas de pique, pra conseguir dar conta de tudo. Ah, e de uns dedos novos também, porque os meus já estão cheios de bolhas…
Mas é bom.
Assim eu me acalmo…
O interessante é como meu cérebro tem processado isso: já sonhei umas duas vezes que abro o livro da Clara e leio coisas como “funções do hipotálamo ventromedial” ou “aborção, secreção e reabsorção tubular e a função renal”, ou ainda “requisitos para inscrição no concurso público para provimento do cargo de docente”…
Bom, nesse último exemplo, a vontade que eu tenho é de acordar e sair atirando, metralhando, explodindo elaboradores de editais.
Tá, mas não quero nem falar nisso.
Prometi pra mim mesma que só vou falar daqui a um tempo…
Mas se eu conseguir transformar a minha indignação sobre esse assunto em coisas pra Clara, capaz que consigo construir e pintar, sozinha, o trocador e o armário dela. Só na base da revolta…
Pronto, passou.
Boa sorte com seu livro!