Chega dia 08 de março e sempre tem uns rebeldes sem causa que protestam contra a hipocrisia do dia internacional das mulheres…
Cada um com seu cada um.
Eu, particularmente, adoro colocar o meu bonequinho feito com a barra da camiseta pra conversar com essas personas. Porque não tem coisa mais demodê do que protestar contra tudo… Ui, xô, sai pra lá pomba preta! Escolhe uma causa realmente válida e vai militar lá na casa do cadete!
Então hoje quero falar – como centenas de outros blogs estão falando nesse momento – sobre termos um dia para comemorar o Dia das Mulheres.
Não precisaria mesmo. Nisso concordo.
Não precisaria termos um dia para tal comemoração, porque mulher é festa todo dia.
Dá um pulinho na Renner ou em outra loja dessas de vender coisa de sacolada pra ver se mulher não é festa todo dia?!
Dá uma olhada na cara de uma chefe de departamento delegando função pra ver se mulher não é festa todo dia?!
Dá uma lida num artigo científico escrito por uma professora pra ver se mulher não é festa todo dia?!
Até na hora da esparrela, do pega-pá-capá, mulher é festa todo dia.
Mulher é festa sempre.
Limpando casa mulher é festa, cantando It’s raining man, aleluia!
Chorando de mágoa, mulher é festa, cantando “Jogue a chave da frente/Por debaixo da porta/Que é pra não ter motivo/De pensar numa volta” e a sensação de que o mundo, com certeza, agora está acabando.
Organizando pilhas de documentação, mulher é festa, com sua metodologia própria de catalogação que ninguém mais entende, só ela.
Mulher dirigindo também é uma festa! Uma festona bem radical, adoro!
Mulher cozinhando, puts grila, é festa demais!
Dormindo, mulher é festa, linda e cheia de cremes, com sua camisola de cetim ou seu pijamão de roupa velha, porém macia!
Tirando a sobrancelha, e xingando cada bendito pelinho que é arrancado, mulher também é festa!
Mulher sendo promovida a um cargo importante, gente do céu, é muita festa!
Mulher defendendo mestrado é festa!
Doutorado então, nem se fala, é festa de três dias (algumas rendem até bebês, eu ouvi falar)!
Mulher cuidando dos filhos é uma festa como poucas, curtida a cada momento, aproveitada em seus mínimos detalhes.
Mulher lutando pra ter o que dar pros filhos comer, puts, não tem festa mais linda que essa…
Mulher decidindo se compra um litro de leite pras crianças ou um maço de cigarro pra desestressar, porque só tem 1 puto na carteira, até nisso mulher é festa. Porque faz de cabeça erguida. E compra o leite.
Mulher ganhando bolsa de pós-doutorado, o décimo quinto, mais ou menos, e indo pro exterior deixando os filhos já crescidos e criados aqui, é muita festa!
Mulher num salto 15, barbaridade! Festa das boas!
Mulher numa rasteirinha bichogrilete… Festa!
É festa descobrir que está grávida! Mesmo quando não se espera estar, é festa… não há como negar.
Mulher descobrindo o sexo do seu filho ou comprando sua primeira roupinha é muita, muita, muita festa!
Mulher é festa também tentando segurar o bebê quando os médicos dizem que é ameaça de aborto, festa! F-E-S-T-A.
Sentindo o bebê mexendo, sem saber se é mesmo o bebê ou se é gases (cruzes!), festa, festa, festa!
Tomando cerveja, comendo alface no lugar da torta de morango, corrigindo duzentas e cinquenta e três provas no feriado, viajando quilômetros para ver o namorado-marido-amante, correndo pra casa pra dar tempo de arrumar as coisas antes de começar a novelinha, assumindo três funções no trabalho quando precisaria assumir uma somente, fazendo crediário, sendo candidata à presidência, assumindo cargo importante, passando em concurso público, chamando o guincho, acionando o seguro, administrando a casa, trocando a resistência do chuveiro, colocando etiquetas no material dos filhos, cozinhando, lendo, dando palestra, comprando seu primeiro apartamento ou quitando seu primeiro carro, até chorando mulher é festa….
Mulher parindo também é uma festa.
Mulher é festa nisso tudo…
É só olhar uma mulher na lida, com olhos de quem quer ver além, pra ver como é festa…

Eu sou heterossexual. E sou apaixonada por mulheres. Apaixonada.
Mas por MULHERES, com M maiúsculo, com M de guerreira, M de destemida, de corajosa, mulher pra valer.

Sempre fui feliz por ser mulher. Sempre gostei disso. Sempre achei místico-cabalístico ser mulher. Mesmo com tudo de negativo que as pessoas associam ao fato de ser-mulher: cólicas, depilação, dor de cabeça, sensibilidade em demasia, temperamentalismo, frescurite. Mesmo porque, eu não sou uma mulher que liga muito pra isso, digamos assim. Por exemplo, não sofro com as cólicas. Quando não tô a fim de sentir dor, atraso a depilação uns dias e passo calor dentro de uma calça, não tem problema. Comprei um aparelhinho elétrico há alguns anos pra me livrar, sempre que possível, da vexatória pose para a moça da depilação, fazendo aquela cara de tédio por estar vendo mais uma das 10 mulheres de calcinha que aparecem por dia – isso quando a depilação permite estar de calcinha, né? Tem essa ainda…
Enfim. A questão é que chega o dia das mulheres e muita gente lembra disso, da “dificuldade” de ser mulher.
Pô, acho de uma injustiça isso…
Porque não acho nada difícil ser mulher.
E adoro todas as peculiaridades da condição. Cada uma delas. Sempre disse isso…
Para se ter uma idéia, nunca tive problemas com a menstruação. Ouvia minhas amigas dizendo “droga, menstruei” e não entendia o porquê daquilo…
Por que droga, gente?
Coisa mais natural… Vivemos na época dos superabsorventes, de tamanhos variados, diurnos e noturnos, internos e externos, para bacurinhas alérgicas ou descontraídas, cobertura seca e suave ou sempre seca. Qual a crise?
Para quem sofre de cólicas, minhas condolências. Realmente não sei o que é isso. Mas temos muitos analgésicos e tem gente ralando no mestrado e no doutorado justamente para aumentar esse arsenal. Menstruação é uma coisa tão bacana que, quando não vem, entra em ação o universal: “Caraca, fedeu! Não veio!”, meio em pânico… Tanto é que quando eu não menstruei, eu mesma disse isso… Pra depois confirmar que a minha Clara é quem estava vindo no lugar do tradicional descolamento do endométrio.
É bom até quando não é bom!

Bem, enfim, dia das mulheres eu acho mesmo que é todo dia, embora isso seja um clichêzão e eu deteste clichê… Mas nada como ter um dia especial pra comemorar isso.

Então, nesse dia das mulheres, um abraço bem apertado e um beijo bem demorado em cada uma das mulheres especiais da minha vida, que me fazem ter orgulho de ser mulher por diferentes motivos… E nada como ter um dia pra citar todas elas (em ordem alfabética):

Ana Paula
Andressa
Bianca
Brunilda
Camila
Cecília
Cibele, minha comadre
Débora
Elayne
Fátima
Laura
Leila
Lenita
Livia
Livia, minha comadre
Lize
Mara
Marina Silva (porque estamos em ano eleitoral, sacomé…)
Milena
Mirtes
Sheila
Silvana
Sulema
Thereza
Vanessa

… e, claro, Clara, a minha filha.

Feliz dia de festa a todas essas mulheres que para mim são muito especiais, por diferentes motivos, e com quem muito aprendi, aprendo e ainda vou aprender!
Para todas vocês, dedico a música abaixo.
Liguem suas caixinhas de som e ouçam! Fará bem, juro!

Abraços, minhas queridas!

Ya estoy en la mitad de esta carretera
Tantas encrucijadas quedan detrás…
Ya está en el aire girando mi moneda
Y que sea lo que
Sea

Todos los altibajos de la marea
Todos los sarampiones que ya pasé…
Yo llevo tu sonrisa como bandera
Y que sea lo que
Sea

Lo que tenga que ser, que sea
Y lo que no por algo será
No creo en la eternidad de las peleas
Ni en las recetas de la felicidad

Cuando pasen recibo mis primaveras
Y la suerte este echada a descansar
Yo miraré tu foto en mi billetera
Y que sea lo que
Sea

Y el que quiera creer que crea
Y el que no, su razón tendrá
Yo suelto mi canción en la ventolera
Y que la escuche quien la quiera escuchar

Ya esta en el aire girando mi moneda
Y que sea lo que
Sea

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