Estou de férias autodecretadas há cerca de 15 minutos, na madrugada.
E agora?! Como é que usa esse treco quando se tem uma filha recém caminhante de 1 ano e quase 5 meses?
Quando eu era criança, um marco de início das férias era ganhar o Almanacão de Férias da Turma da Mônica, que não durava nem 2 dias porque eu fazia questão de deitar na rede e só levantar para itens de subsistência, não fazendo mais nada enquanto eu não o terminasse de ler. Naquela época, eu também fazia uma listinha das coisas que eu queria fazer e adorava ir fazendo tiques no que eu já havia feito.
Mas agora, aos 33 anos, nem sei como vai funcionar isso.
Clara está a mil, andando por tudo lindamente, falando mais que a mãe e o pai dela juntos – pensa? -, descobrindo muitas novidades e sendo, ela própria, muitas novidades.
Agora parei pra pensar no que quero fazer nessas férias. E, sinceramente, não sei. Sinto-me um pouco perdida. Foi um ano tão intenso de tanto trabalho que, agora que não preciso trabalhar, quero trabalhar só por hobbie, dá pra entender? E agora, que estou de férias, quero acordar bem cedo. Não, não tente me entender, eu frequentemente ultrapasso qualquer entedimento.
Sim, quero trabalhar nas férias. Mas também quero ir à praia com minha família, quero relaxar quanto aos horários, quero sair de manhã com eles e só voltar à noite, quero fazer trilhas slingadas, quero ir a lugares mais distantes dessa ilha, quero brincar muito com a Clara na areia, quero organizar umas coisas por aqui, quero escrever muito nesse blog (tenho textos organizados mentalmente só me esperando…).  E – o que me deixa muito feliz só por pensar – quero ler livros. Quero deitar na rede da minha sacada com um bom livro e devorá-lo. Quando? Não sei, já que minha filha está sempre grudada em mim. Mas que vou tentar, vou.
E vou começar por um que acabo de ganhar das mãos carinhosas de sua autora, “Parteiras caiçaras: relatos e retratos de parto e nascimento”, de Bianca Magdalena, cuja imagem de capa está aí ao lado do texto. Bianca, para mim, era apenas uma cientista social e blogueira muito bacana com quem conversava de vez em quando via mídias sociais. Hoje, posso chamá-la de amiga e companheira de ideias e interesses, uma querida que conheci via Facebook e que passou ótimos e alegres dias aqui com a gente em nossa casa. Uma história à parte para se contar aqui. Nas férias.
O que me surpreendeu positivamente nesse meu não-planejamento mental das férias foi o seguinte: muitas das coisas que quero fazer, além obviamente de curtir minha família, dizem respeito ao meu trabalho. Organizar artigos já lidos, ler novos, reler alguns, começar a esboçar a revisão que vamos escrever, preparar alguns documentos, concorrer a um edital e organizar uma mobilização para o final de janeiro.
Foi quando me toquei que, se estou incluindo nas coisas boas a serem feitas nas férias itens do meu trabalho, é porque atingi um ponto pelo qual sempre esperei: enfim, meu trabalho é o meu prazer. É o que me dá alegria, é o que me motiva, me impulsiona, é o meu hobbie. Enfim, estou onde gostaria de estar, fazendo o que gostaria de fazer.
Que grande ano esse. Que imenso ano para mim. Quantas descobertas, quantas conquistas, quanto crescimento, quanta coragem – sim, fui muito corajosa mesmo, hoje vejo – quanta vitória, quanta luta, quanta batalha vencida, quanta alegria vivida.
Estou feliz. 
Hoje fez um dia lindo em Floripa e o pôr-do-sol foi algo extraordinário. Paramos o que estávamos fazendo, nós três aqui em casa, e fomos contemplá-lo. E foi quando decidi: ok, vou descansar também.
Mas o meu descanso é assim. Produtivo. Cheios de coisas que quero fazer, de textos que quer ler e escrever. De amigos que quero encontrar.
Porque eu sou assim mesmo… esse moto contínuo sobre pernas.
A todos que, como eu, estão entrando em férias: bons dias, amigos! Descansem. Qualquer que seja sua forma de descansar.
E para os que estarão trabalhando: esperança, amigos. Ainda que eu esteja de férias, também estarei como vocês, trabalhando. Por oção. E feliz.
Boas férias de verão.

Pôr-do-sol de Sambaqui. Visto hoje de nossa sacada.
Se até ele pode descansar, ah, acho que vou também…

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