Quero desculpar-me com aqueles que procuram esse blog para ler textos novos, ou que aguardam sempre um novo textinho no e-mail, pela ausência de atividades por aqui. Desculpo-me também com aqueles que entraram em contato comigo ao longo desta semana e não receberam resposta.

Tenho motivos: estou em movimento.
Nessa semana, tive a grande honra de participar do Seminário da Macrorregional Sul da Política

Na abertura do seminário, fotos maravilhosas de um
Brasil em busca da humanização em saúde.
E uma muito especial: amamentação em tandem,
uma mãe amamenta seus dois filhos.

Nacional de Humanização, evento intenso de 2 dias que possibilitou a mim o contato enriquecedor com tantas pessoas envolvidas no movimento de humanização da saúde, do SUS, com militantes de outros movimentos sociais, com gente que dedica sua vida a isso. Dois dias de imersão que me auxiliaram a compreender a questão da saúde pública e coletiva brasileira de outros prismas. Aconteceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, escolhida para o evento como forma simbólica de manifestar apoio à cidade e aos seus cidadãos, que sofrem ainda a dor da perda de centenas de jovens em função do incêndio na boate Kiss, ocorrido em janeiro deste ano. Quero escrever um texto especificamente sobre a intensidade da tristeza que vi e senti ao percorrer algumas ruas da cidade e ao ouvir o depoimento emocionado e sincero de um pai que perdeu uma das filhas no incêndio, que deixou bebê de 1 ano e 3 meses que hoje ele cria. 

E eu também…
Cheguei nesta quinta-feira em Florianópolis e parti direto para a manifestação popular que reuniu cerca de 50 mil pessoas nas ruas da cidade onde vivo e que fechou por quatro horas as duas pontes da cidade. Todos os dias Florianópolis para, em função do trânsito caótico causado por má administração. Ontem, foi o povo quem parou a cidade. Dois dias em 365. E parou para protestar, em uníssono com outras cidades, contra a corrupção, o abuso de preços do transporte coletivo, as obras superfaturadas da copa do mundo, o PEC 37, contra o ato médico aprovado em primeira instância nesta semana e contra o fundamentalismo religioso, esse câncer que surgiu no país. 
Nunca em toda minha vida presenciei algo como o que vi nessa manifestação. Mais de 50 mil pessoas,

unidas, gritando, bradando pelo fim da corrupção, do desrespeito ao brasileiro. Ao fim, todos se dispersaram, mas ficou pela ponte uma turma que a gente via que de manifestante não tinha nada. Os manifestantes de fato já estavam indo embora. Ficaram os que batiam no guard rail, entoavam gritos sobre o nada e soltavam bombas. Esses são os que estão pegando carona no movimento só para destruir. E é muito importante que todos vejam isso, ao invés de desmerecer um movimento INCRÍVEL, MONUMENTAL, respeitoso e consciente, considerado o maior ato popular da história de Santa Catarina, feito por dezenas de milhares de pessoas que desejam o bem comum. A imensa, esmagadora maioria portou-se como verdadeiro cidadão em usufruto de sua cidadania. Algumas dezenas de alienados continuaram a fazer zona, enquanto já comemorávamos em outros lugares a importância de tudo o que tínhamos visto.

E como movimento pouco é bobagem, apresento amanhã, para uma pequena banca de debatedores, meu projeto de doutorado, que no momento recebe o título de “Violência Obstétrica: percepção da violência institucional em maternidades brasileiras por mulheres da internet“, título que já mudou e pode mudar novamente. Apresentarei o delineamento da pesquisa e aceitarei contribuições para que, aí sim, eu possa começar a fase da entrevista com as centenas de mulheres que já estão inscritas e querem oferecer seus relatos.
Então é por tudo isso e mais um pouco que não consegui atualizar tanto quanto gostaria esse blog.
Para que você saiba e se programe, os próximos textos trarão os seguintes temas: 

O que são orgânicos: o documentário Brasil Orgânico;
O que dizem as novas pesquisas sobre cama compartilhada? (com contribuições da pesquisadora em neurociência, mãe e ativista contra a violência infantil Andreia Mortensen);
Parto natural após cesárea: tradução de um texto fundamental que vai ajudar muitas mulheres a fugirem de uma pegadinha (tradução de Miriam Giardini);
Amamentação continuada: diferentes mulheres contam suas histórias de amor e afeto amamentando seus filhos crescidos (com participação de cinco mulheres muito especiais que ajudam, voluntariamente, dezenas de outras mulheres em questões sobre amamentação).
– e outras coisinhas que aparecerem pelo caminho…

Por hora, vou botar a vida em ordem, matar a saudade da filha, do marido, da casa, apresentar meu projeto e descansar um bocadinho, que a vida anda me exigindo bastante (e felizmente tenho podido retribuir à altura). 
E se você está querendo saber que fim levou a fan page do Cientista Que Virou Mãe no Facebook, não se preocupe, logo ela estará de volta. Estamos reorganizando a página para aumentar sua funcionalidade. Logo, todos os textos do blog estarão disponíveis lá também, agrupados por temas e facilmente identificáveis por meio de imagens.
Faz parte de algumas pequenas mudanças que o blog vai sofrer em comemoração a algo muito, muito especial, e que eu agradeço a você: vamos atingir, muito em breve, 1 milhão de visualizações. Para quem nunca imaginou que isso tudo iria acontecer, é algo muito especial e que merece ser comemorado.
Desculpem a ausência.
É que eu realmente estou em movimento(s)…

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