Lembra que eu estava inserindo aos poucos as comidinhas pra Clara?
Então. Continuo. Bem aos poucos, porque ela não tava curtindo muito essa história não…
Aí comecei a prestar atenção em todos os sinais que ela mandava, pra perceber do que ela poderia gostar mais, o que fazia mais o gênero dela, o que não ia pra frente de jeito nenhum, enfim.
Frutas: amassava com um garfinho e oferecia a ela. Experimentava, não gostava, cuspia, virava a cara – nessa ordem. Aí percebi que, dando um pedaço inteiro na mão dela, ela mesma levava à boca. Percebi que ela não gosta muito de fruta amassada. Prefere tirar pequenos pedaços ela mesma com seus próprio nanodentes. Filha de leão, leãozinho é. Aí montamos a coleção “Clara e suas frutas”, com fotos dela mordendo pedaços de frutas. Já foi melancia, maçã, banana, nectarina (adorou!), melão, tangerina, uva, morango, tudo o que aparece de fruta perto da gente. Ela vê a frutinha e já tenta alcançar com a mão. E só coloca no boca se for com a mão dela, tá? Te mete. Vai aí um menu-degustação das experimentações paladarísticas e gustativóides do meu filhote. Uma fotinho tirada pela tia Van, no dia em que Clara comeu melão e tangerina.
Mas as papinhas de legumes, tsc tsc tsc. Nada feito. Fazemos com amor e carinho, amassamos depois de bem cozidinhos, colocamos uma colherinha de azeite de oliva, e nada. Sente o cheiro e vira o rosto, sem nem querer provar. Aí eu coloco um pouquinho na boca dela, ela experimenta, e fecha a cara. Momento banho de água fria…
Até que uma coisa muito legal aconteceu.
Seguindo as dicas de algumas amigas, no fim de semana cozinhei uma quantidade grande de mandioquinha. Quer dizer, eu chamo de mandioquinha, mas o marido chama de batata-salsa, outras pessoas chamam de mandioca-salsa e os “bicho-grilos que se espalham pelo espaço Unibanco e pela Vila Madalena, que ninam seus filhos ao som de Led Zeppelin e Beto Guedes e dão às suas crias nomes como Krishna, Cauê, Aritana e Sidarta (eu amo esse vídeo sobre os bicho-grilos! Conhece? Se não conhece, clique aqui depois)” chamam de batata-baroa“. Piquei a tal batata-baroa em pedaços pequenos e coloquei pra cozinhar. Depois amassei bem amassadinho, misturei com um azeitinho e enformei em forminhas de gelo (salve a grande Bibi Scliar, parceira de La Gonga!).
Aí ontem, naquele calor de antesala do inferno, Clara ficou toda molhada de suor e incomodada. Não tive dúvidas: coloquei o balde na sala e pra lá foi minha encalorada filhote, onde brincou toda feliz um tempão, fresca e fagueira. Como estávamos pra almoçar, ela também entrou na dança: aproveitamos o momento Clara’s relax, descongelamos um dos cubinhos do purê de mandioquinha-batata-baroa-batata-salsa, e ofereci a ela – já esperando a negativa…
Má que negativa, cara!
COMEU TUDO!
Adorou! Eu aproximava a colherinha da boca, e tava lá a boquinha aberta. Mandou ver!
Não sei se foi a alegria de estar no balde se refrescando ou se foi porque – assim como eu e o pai dela – adorou o gosto desse legume! Mandou ver mesmo, a filhote!
Ó que diliça!
Hoje vou cozinhar outra coisa e encher a outra forminha. E adeus copo com gelo aqui em casa! Só teremos “cubinhos de legumes”.
Esse negócio de bicho-griláji deve ser genético… parece que vai nos genes, a coisa…
Salve a batata-baroa, o Led Zeppelin, o Beto Guedes, o intelectual da USP e o capoeirista do pelourinho!
Salve os ex-bicho-grilos caretas e sua descendência!