Clara tem 1 ano e quase 9 meses. E desde que começou a interagir com o mundo ao seu redor, também o faz por meio da música, e essa é uma característica muito forte dela.
Não há um só dia que ela não dance muito. Qualquer tipo de ritmo é capaz de estimulá-la a dançar. Ela se requebra, tem forte noção de ritmo e sabe diferenciar os tipos de sons.
Acredito que isso seja uma mistura entre habilidade inata e o meio em que vive – como quase tudo em um ser humano. E o meio em que ela vive é muito musical.
Aqui em casa somos apaixonados por música e todos os dias, pelo menos em algum momento, tem música na casa.
Clara cresceu, aprendeu a engatinhar e a caminhar entre os violões do pai, com livre acesso e, hoje, é muito comum encontrá-la ao lado deles dedilhando e cantando.
Clara cresceu, aprendeu a engatinhar e a caminhar entre os violões do pai, com livre acesso e, hoje, é muito comum encontrá-la ao lado deles dedilhando e cantando.
Durante a gravidez, cantei muito pra ela. Músicas que tinham significado emocional para mim e que diziam belas coisas. Desde que ela nasceu, canto pra ela dando banho, trocando fralda, a vestindo e fazemos brincadeiras musicais. Hoje, quando digo: “Filha, vamos cantar uma música?”, ela já começa a cantar.
No criado-mundo temos dois potes revestidos de tecido, com tampas de plástico. Ela aprendeu a tirar os enfeites da tampa e usá-los como tambores. Quase todos os dias, vai até lá, coloca um deles embaixo do braço, vem tocando até mim, me deixa um, volta, pega o outro, vem até mim novamente e, juntas, fazemos um som – percussão na tampa de plástico da lata.
Como durante um bom tempo eu me dediquei a estudar percussão – pela qual sou apaixonada – tenho muitos instrumentos aqui e os libero aos poucos pra ela, em função do que já vai conseguindo segurar. Minhas duas claves já são de domínio comum, e ela as adora. Sai pela casa batendo uma na outra e dançando junto. As baquetas também, mas ficou um pouco perigoso quando ela começou a batucar nos vidros da cristaleira… O que ela gosta mesmo é de usar o sofá como bateria e coordena muito bem as duas baquetas entre as mãos.
Gaita também é sucesso por aqui. Já aconteceu algumas vezes de chamá-la de dentro de casa, ela estar lá fora e me responder em forma de sopro de gaita. Chamo de novo e ela responde via gaita novamente.
Clara também já percebeu que a música pode ser uma importante forma de interação social e de quebrar o gelo. É muito frequente parar na frente de alguém e começar a requebrar, porque percebeu que isso leva o outro a dançar também. E, claro, adora ser aplaudida depois de uma dancinha. Quando isso não acontece espontaneamente, ela dá uma forcinha à platéia, iniciando as palmas…
Sempre propiciamos a ela um ambiente musical rico, com música de boa qualidade. Ela já foi a muitos shows e apresentações, e adora. Já assistiu ao Moraes Moreira, ao maestro José Carlos Martins, já foi a ensaios de escolas de samba – ainda que não tenhamos ficado tão próximo, para poupar seus ouvidos -, ao show do Pato Fu e a muitas apresentações de músicos locais. Ontem, passamos a tarde ouvindo chorinho em um evento em comemoração ao Dia Municipal do Choro, lindo evento que aconteceu aqui em Florianópolis, e hoje iremos à apresentação de um amigo músico, na festa de fraldas de sua filhinha que está pra nascer.
Quando tem apresentação musical no Bazar Coisas de Mãe, lá está ela, sempre dançando, tocando e envolvida. No último, saiu entre os presentes fazendo da maraca microfone, colocando na boca das pessoas para que cantassem também. A Rosamon, vocalista do lindo grupo de histórias cantadas Tac Tic Tum, que é nosso parceiro, teve que dividir o próprio microfone com ela… e foi difícil devolvê-lo.
Em casa, está sempre fingindo que sua própria mão é um microfone. Nesses episódios, fecha os olhos pra cantar, como se estivesse num grande espetáculo.
Em casa, está sempre fingindo que sua própria mão é um microfone. Nesses episódios, fecha os olhos pra cantar, como se estivesse num grande espetáculo.
Eu sempre dancei com ela no colo, sempre dançamos todos juntos e a incentivamos.
Durante os três primeiros meses de vida, Clara teve muitos episódios de choros noturnos, aqueles que geralmente estão associados a cólicas. Nessas noites, ela só se acalmava quando eu a pegava no colo, abraçava bem abraçadinha (ou a colocava no sling) e cantava uma música bem calminha. Logo relaxava e dormia. Tentei fazer apenas com embalo, sem música, mas nunca surtiu o mesmo efeito.
É natural, portanto, que ela encare a música como mais uma forma de comunicação, bastante eficaz.
Suas músicas favoritas são as do Helio Ziskind, principalmente as do CD “O Gigante da Floresta“, onde ele conta a saga das galinhas, cavalo e Julio em busca do amigo Galileu e a história de um jequitibá de 1500 anos que foi incendiado criminosamente em Minas Gerais. Lindo CD, que recomendo com toda certeza.
O primeiro contato mais profundo da Clara com o blues, um dos meus estilos musicais preferidos, foi justamente por meio desse CD. A faixa “Era um dia desses” é um blues daquele de cantar junto e querer ouvir sempre. Ela já canta junto, principalmente quando, na própria música, é pronunciada a palavra “blues”. Faz um bico especial e fecha os olhinhos pra pronunciar “buuuu
uusssss”. É pra matar a mãe e o pai de amor.
uusssss”. É pra matar a mãe e o pai de amor.
É também desse CD a música que a embalou na maior parte das noites desde o dia em que nasceu. Uma música que eu conheci poucos meses antes de engravidar e que amei. “Metamorfose das Borboletas”, que já compartilhei aqui no blog antes mesmo de pensar em ser mãe, e que compartilho novamente. Aqui, a versão interpretada pelos próprios músicos. E aqui, a versão como apresentada no programa Cocoricó, da TV Cultura. Claro que eu diminuí o ritmo para servir como canção de ninar… Hoje já não posso mais usá-la pra esse fim, porque ela aprendeu a cantá-la; é só cantar a primeira frase que ela se anima toda e continua.
Atualmente, sua favorita é “Mama, não vou mais mamar”, uma música que o Frank fez para o processo de desmame do melhor amigo dela, o Caetano.
Quando seus primeiros dentinhos começaram a nascer, Frank compôs especialmente pra ela uma música muito divertida. Consegui gravar um trechinho no dia em que ele a compôs, quando era bem bebezinha. Por muito tempo tentei criar um arquivo compartilhável dessa música, mas nunca tive sucesso. Eis que justamente enquanto escrevia esse texto, consegui! Então, é com alegria que compartilho essa música feita pelo Frank pra Clarinha, na esperança de que inspire mães e pais a cantarem pros seus filhos também. Pena que não gravei até o final, mas dá pra ter uma ideia.
Clara não passou por nenhuma escolinha de música, mas vive intuitivamente um forte processo de musicalização. A música sempre fez parte, naturalmente, de sua vida, está integrada em todas as suas brincadeiras, é parte de sua personalidade e de sua forma de se expressar. A ajuda a aprimorar sua coordenação motora e a tem estimulado a pronúncia de suas primeiras palavras.
Encontrei um belo texto sobre a importância da musicalização infantil nesse site.
Também recomendo esse texto: “Bebês também entendem de música: a percepção e a cognição musical no primeiro ano de vida“, de Beatriz Ilari.
Aqui em Florianópolis, conheço com uma professora de música muito sensível, também cantora, com bastante experiência em musicalização de mães com bebês, a Joana Knobbe – que agora entende mais ainda, já que nasceu sua filha Lîla. Certa vez, conversei sobre isso com ela e fiquei encantada ao saber o que a música pode despertar no bebê ainda dentro da barriga, depois que nasce e enquanto vai crescendo.
Musicalização infantil não está restrita às salas de aula, muito pelo contrário.
Ela acontece principalmente dentro de casa e através dos pais ou cuidadores.
Por isso é tão importante selecionar o que se canta, o que se ouve ou o que se permite ouvir perto das crianças. Com certeza não conseguiremos controlar tudo o que elas ouvirão, mas uma boa seleção doméstica já pode garantir a qualidade do seu desenvolvimento musical.
Música ajuda a tornar as crianças felizes.
E, como diz Oscar Wilde, “A melhor maneira de tornar as crianças boas, é torná-las felizes“.
Encontrei um belo texto sobre a importância da musicalização infantil nesse site.
Também recomendo esse texto: “Bebês também entendem de música: a percepção e a cognição musical no primeiro ano de vida“, de Beatriz Ilari.
Aqui em Florianópolis, conheço com uma professora de música muito sensível, também cantora, com bastante experiência em musicalização de mães com bebês, a Joana Knobbe – que agora entende mais ainda, já que nasceu sua filha Lîla. Certa vez, conversei sobre isso com ela e fiquei encantada ao saber o que a música pode despertar no bebê ainda dentro da barriga, depois que nasce e enquanto vai crescendo.
Musicalização infantil não está restrita às salas de aula, muito pelo contrário.
Ela acontece principalmente dentro de casa e através dos pais ou cuidadores.
Por isso é tão importante selecionar o que se canta, o que se ouve ou o que se permite ouvir perto das crianças. Com certeza não conseguiremos controlar tudo o que elas ouvirão, mas uma boa seleção doméstica já pode garantir a qualidade do seu desenvolvimento musical.
Música ajuda a tornar as crianças felizes.
E, como diz Oscar Wilde, “A melhor maneira de tornar as crianças boas, é torná-las felizes“.