A boa mãe, a que não grita, não perde as estribeiras, não ultrapassa todos os seus próprios limites, é a mãe que consegue descansar.
A boa mãe, que não dá chilique nem surta com os colegas de trabalho, é a mãe que tem uma válvula de escape saudável, que faz bem para si.
A boa mãe tem tempo para um banho morno e revigorante.
A boa mãe é aquela que tem tempo para fazer uma refeição sentada.
A boa mãe consegue fazer uma comidinha apenas para si, do jeito que quer comer, com pimenta, temperinhos verdes, cebola e tudo aquilo que criança não gosta de comer e fica escolhendo no prato.
A boa mãe pode ficar um dia inteirinho de pijama deitada assistindo série, ou correndo, ou praticando atividade física, ou meditando, ou fazendo sabe-se lá o que ela quer fazer e que lhe faça bem, porque tem quem cuide das crianças além dela mesma.
A boa mãe, aquela que responde com amorosidade à centésima décima segunda vez que a criança fez a mesma pergunta, é a que está com a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.
A boa mãe, a que não se arrepende de comportamento algum com as crianças porque teve tempo de se antecipar ao seu próprio impulso agressivo, consegue respirar profundamente e não está vivendo situações constantes de estresse.
A boa mãe têm orgasmos com frequência.
A boa mãe não se sente sozinha, porque pessoas ao seu redor se responsabilizam igualmente pelos cuidados com a família.
Com a casa.
Com os alimentos.
Com a segunda lavagem da roupa que todos esqueceram dentro da máquina de lavar sem pendurar.
Com as contas para pagar – não apenas do valor, mas da data, dos compromissos.
Com os cuidados emocionais da criança.
Com o fortalecimento da autoestima dos filhos.
Com a data da apresentação.
Com o lanche cotidiano.
Com a resposta a perguntas como: “O que é sexo?”.
A boa mãe não está sozinha.
Ela tem o pai dos filhos cuidando junto – se essa foi a sua escolha.
Ela tem outros membros da família também se vendo como responsáveis.
Ela tem um trabalho que respeita sua condição de mãe.
Tem direitos advindos da inegável sobrecarga materna.
Se uma mulher não está nessas condições; se a ela falta apoio, co-responsabilidade, parceria, afeto, cuidado; se ela não tem sequer tempo para um banho digno; se não consegue dormir em virtude das excessivas preocupações; se está sendo depositada sobre ela a suposta obrigação de cuidar, gerenciar, amar, orientar, limpar, trabalhar, organizar; se ela está completamente sozinha, eu tenho uma sugestão a você, que a critica por não ser “a boa mãe”: assuma a sua parte e substitua a sua crítica por apoio. Quando uma mulher é deixada sozinha, a culpa – pelo cansaço, pelo desequilíbrio, pela má alimentação, pelas olheiras, pelo grito que por ventura é dado, por tudo aquilo pelo qual ela é julgada – é de todos ao redor. Sua inclusive.
Se você é uma mãe e está, neste momento, se julgando por não se achar suficientemente boa, respire, olhe ao seu redor e veja se você tem o apoio de que precisa. Não tem? A culpa não é sua.
A boa mãe não surge do nada, por geração espontânea ou por milagre: ela é fruto de todos assumirem sua responsabilidade.
A verdade é que se você não se importa, a boa mãe pode não existir.
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Parte do meu trabalho é apoiar mulheres nas mais diferentes questões das suas vidas: maternidade, educação sem violência, empoderamento, fortalecimento, carreira profissional, desenvolvimento científico. Sou Mestra em Psicobiologia pelo Departamento de Psicologia e Educação da USP, Doutora em Ciências/Farmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina e Doutora em Saúde Coletiva também pela Universidade Federal de Santa Catarina, com foco na saúde das mulheres e das crianças. Se você precisa de apoio e orientação, mande um e-mail para ligia@cientistaqueviroumae.com.br que eu te explico como funciona a MENTORIA E APOIO MATERNO.