Eu sou a mais velha de três irmãs.
Minha irmã do meio é a Livia, que tem 3 anos e meio a menos que eu.
A caçula é a Lenita, que é 4 anos e meio mais nova que eu.
Do meu ponto de vista, tivemos uma infância muito, muito feliz, sendo três irmãs.
Fomos crianças muito ligadas umas às outras. Principalmente as duas que, por terem pouquíssima diferença de idade, sempre faziam tudo juntas. Lembro-me de ir no quartinho delas e vê-las dormindo, cada uma em sua cama, uma ao lado da outra, e dois bracinhos pendendo das camas para que pudessem dormir de mãozinhas dadas.
Sempre fui muito apaixonada por elas, sempre.
Lembro-me da chegada de cada uma em casa, quando minha mãe voltava da maternidade.
Lembro de dar mamadeira pra Livia – tenho uma foto disso na sala da minha casa.
Lembro de rezar pedindo a Deus que transferisse a dor da minha irmã caçula, quando ela tinha crises de alergia, pra mim.
Nunca suportei a ideia de vê-las sofrer. Não suporto até hoje.
Éramos crianças animadas, brincávamos juntas, inventávamos histórias. Dançávamos ao som de uma fitinha cassete dos Smurfs, enrolávamos fraldas na cabeça pra parecer que o cabelo estava maior, estávamos sempre juntas.
Depois que crescemos, coisas diferentes aconteceram com cada uma, como acontece com todas as famílias. Hoje sou bióloga e moro em Florianópolis. Livia é bióloga também e mora no interior de São Paulo. Lenita é professora de Educação Física e continua na cidade onde crescemos.
Nos afastamos por alguns períodos mas hoje, com a maior alegria e agradecimento possível, estamos juntas de novo, mesmo que os quilômetros de estradas nos separem.
Sinto por elas um amor que eu não sei nem explicar…
Sou orgulhosa demais por tê-las como irmãs.
E sempre que possível falamos de coisas nostálgicas de nossa infância.
Temos aquelas coisinhas íntimas que só irmãos têm uns com os outros. Por exemplo, eu e a Livia sempre falamos das dancinhas e dos mistérios da meia-noite. Coisa que só a gente entende… Eu e a Lenita temos o nosso famoso encaixe, que é um abraço que só nós sabemos dar, e também tem a cara de urso… Nós três, juntas, temos coisas como AGUUUUOOOORA, FRIEEEENDS e COMÊRUÔTRO?!, que as três juntas entendem. As duas também têm essas coisinhas entre elas, e que, por serem delas, eu não sei… Mesmo com 30 anos nas costas, cultivamos isso.
Hoje estamos vivendo, com certeza, uma das fases mais importantes das nossas vidas.
Simplesmente porque eu e a Lenita estamos grávidas juntas, como já mencionei aqui. Eu estou de 36 semanas. Ela, de 33. O parto da minha filha Clara está previsto para o final de julho. O parto do meu sobrinho Murilo, filho da Lenita, está pevisto para o fim de agosto. E a Livia tá enlouquecida de alegria. Curtindo muito mesmo. E eu admito que não vejo a hora de tirar uma foto dela segurando os dois bebês.
Embora sejamos muito ligadas, nunca em nossas vidas pensamos que isso fosse nos acontecer: engravidarmos juntas.
E é uma felicidade incrível, redobrada!
Como a Lenita me disse hoje, às vezes dá uma atrapalhada nas ideias, porque gostaríamos de estar curtindo mais nossos sobrinhos, mas mesmo assim é de uma alegria infinita.
Teve uma época em que minha mãe temia que os vestibulares das três coincidissem. Rá! Tinha coisa muito mais louca pra coincidir, né mãe? Agora tá lá ela, a vovó, doidona pra receber os dois netos de uma vez.
Bom, a questão é que agora, que o parto da minha filha está muito próximo, tenho estado muito emocionada com essa situação. Ainda mais porque sei que o parto do meu sobrinho também está muito próximo.
E fico imaginando que eles estão do lado de lá se preparando pra chegar.
Que vão chegar juntinhos.
Que já estão fazendo suas mochilinhas.
Que já estão se despedindo de quem gostam.
Que vão tomar o mesmo ônibus em direção à Terra.
E que, pra não ficarem com medo, virão de mãozinhas dadas.
Fico pensando em como é especial essa situação, de duas irmãs grávidas juntas.
De um casal de netos chegarem juntos – nosso pai tá completamente babão, nossa mãe está toda eufórica.
De um casal de sobrinhos chegarem juntos – quase posso ver a Livia fazendo as dancinhas…
E pra esses bebês também deve ser uma coisa muito especial.
Aí, como é de praxe, eu criei uma imagem mental deles: os dois de mochilinhas prontas, de mãozinhas dadas, esperando pelo ônibus que os trará pra essa experiência.
Falei pro namorado e….. adivinha?
Desenhinho pra mim!
Ele fez na surdina, enquanto eu escrevia o post anterior, e me entregou.
E agora tô aqui toda inchadinha e ranhenta de chorar…
Porque não tenho como não me emocionar olhando pra esses dois pequenos esperando o onibinhus, de mãozinhas dadas.
Eu e minhas irmãs sempre tivemos o hábito de nos beijarmos, de nos abraçarmos e sempre tivemos orgulho de estarmos juntas em diferentes situações.
Sinto que com nossos filhos a história se repetirá.
Clara e Murilo já estão lá, com suas mochilinhas prontas.
Agora é só esperar…
Lá em cima está o lindo desenho que o papai-titio fez pra nós…
Ai que lindo…

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