Eu tive um professor na graduação, o Tatão (que vi de longe quando retornei à cidade em que me formei, e o cara parece que tá num pote de formol), que tentou ensinar pra nossa turma da Biologia alguma coisa sobre a Teoria do Caos e Fractais. Eu digo “tentou” porque me lembro da cara de paisagem da maioria dos meus colegas hoje biólogos, com testa enrugada de quem diz “que porra é essa?!” (não que o cara fosse ruim de ensinar, pelo contrário; o assunto é que era mandarim mesmo, pra gente). Lembro também da explicação de uma colega de outra turma, mutcho loca, quando eu perguntei: ow, cê entendeu o que é fractal? E ela: ó, num sei direito, mas sei que no final aparece um troço que é tipo assim uma mandala, super lindo! – definições que só a bichogrilada dos meus amigos consegue formular…
Eu mesma me lembro vagamente desse assunto porque detestava Física e quase tomei pau na parada. Mas me lembro que tinha um tal de efeito borboleta no lance de caos, alguma coisa assim. O que sei sobre isso é o que o senso comum também sabe: é aquele lance lá de que se uma borboleta bate as asas lá na casa do chapéu, tipo a África assim, um furacão acontece não sei onde, do outro lado do mundo, tipo em Massachusetts, sei lá… Tá vendo o tanto que eu sei sobre o assunto, né?
Melhorando a explicação: algumas situações são causadas pela ação e interação de elementos de forma praticamente aleatória. Ou seja: você pode achar que uma coisa aconteceu simplesmente por acaso. Mas te digo: pode ser que não seja acaso, pode ser que você tenha contribuído para o processo…
Exemplos de interação aleatória de elementos que acaba culminando em algo:
– Acenda um cigarro no ponto de ônibus. Seu ônibus chega.
– Vá ao banheiro fazer o número 2. O papel acaba.
– Marque uma festa no quintal da sua casa. Chove.
– Chegou o dia de uma festa tão esperada. Você acorda com uma espinha monstro-promissora (outra definição da área da Biologia Evolutiva, um dia vou explorar isso melhor).
– O pneu do seu carro furou. Começa a chover.
– Você colocou uma carne pra assar no forno. Acaba o gás.
– Acabou de ensaboar os cabelos. Acaba a luz ou estoura a resistência do seu chuveiro (trauma, trauma).
E tem uma que eu só aprendi agora que sou mamis.
– Sentou pra almoçar. A Clara vaaaaaaaaai acordar e dar uma choradinha. Mas é batata! É certeza! E é na hora da primeira garfada! Se isso não acontecer, é correr pra ver porque ela deve estar em coma. Ou entraram pela janela e roubaram a criança.
Mas hoje não deu pra não rir. Clara já dormia há umas 3 horas. Até assistimos a um filminho, vê que progresso… Aí fomos fazer um almocinho, terminamos, sentamos, e eu pensando “é agora, é agora”. Peguei o garfo. “É agora”. Coloquei a comida no garfo. “É agora”. Levei o garfo à boca e… lá vem o meu chorinho lá da sala…
Ufa!
Tá viva, a criatura!
Vai, Edward Lorenz! Se vira aí no além-túmulo pra chegar à equação matemática que simule o resultado desse sistema.
Vai Tatão. Quero ver fazer uma equação pra essa…
Ah, em tempo. É lógico que todos os exemplos que eu dei sobre efeito borboleta, teoria do caos e fractais é brincadeira. O assunto é super bacana e relevante para todas as áreas científicas, eu é que avacalhei… Tenho amigos que estudam isso, são pessoas normais e até conseguem ser muito felizes. Pronto, avacalhei de novo. É que é mais forte que eu…