Esse blog aqui deixou há muito tempo de ser meu para se transformar em NOSSO, uma co-criação feita pela interação tão grandiosa e positiva entre leitoras, leitores, eu, nossos aprendizados, nossas experiências como cuidadores, nossas vivências como pessoas em busca de constante crescimento. Especialmente, entre mulheres mães em busca de apoio, acolhimento, fortalecimento e empoderamento. Ele acaba de atingir o inimaginável, para mim, número de 4 milhões de visualizações, alcançando mais de 25.000 visitas em um único dia, justamente em função de um texto que evidencia a falta de apoio social às mulheres que se tornam mães
Em função da minha tese, que se encontra em processo de construção final, e também da minha própria história de vida até o momento, tenho me deparado com isso todos os dias, na leitura de relatos de todos os cantos do Brasil, na convivência com mulheres, em todos os lugares: a falta de apoio a mulheres que viram mães. Total falta de apoio. Social, político, financeiro, moral, emocional, parental, familiar. Todas as formas de ausência. E é para isso que tem sido direcionado quase todo meu foco de atenção e ação. Então, quando, bem aqui do meu lado, a partir de pessoas com quem convivo, que admiro e que me foram trazidas pela maternidade, surge uma iniciativa poderosa que tem como principal objetivo oferecer acolhimento e apoio a mulheres mães, é preciso parar tudo e apoiá-las. Gente que, agindo, me faz ter a seguinte certeza: estamos indo, estamos mudando. Tem gente se reunindo, tem gente fazendo do bem estar social também o seu foco, a sua meta. Tem gente trabalhando pelo outro.
Pela outra.
Por mim.
Por você.
Por todas nós.

Bel, Camilla, Cris, Denise, Karine, Marina e Veri: 7 mulheres em uma casa. Que, ao contrário da minissérie em cuja casa viviam mulheres à espera de homens que voltavam da guerra, estão organizadas em torno de algo diametralmente oposto: à espera de mulheres que, isoladas e sem apoio, também estão em busca umas das outras. Elas acabam de criar uma iniciativa linda, amorosa e acolhedora. Com base em duas coisas: muito trabalho e vontade de ajudar outras mulheres. Estive lá. Posso dizer. A casa é linda. Mas é mais que isso: ela pulsa. Pulsa forte. E emana uma energia revigorante. Que nossa memória ancestral remete ao tempo em que todas vivíamos juntas e imersas em valores matriarcais.

Chega de papo. São elas que conversam com a gente hoje.

QUANDO EMPATIA, ACOLHIMENTO E MATERNidADE SE ENCONTRAM NO MESMO LUGAR

Foto de Natalia Brasil

Empatia, acolhimento e maternidade são palavras que raramente se encontram na mesma frase. Nossa sociedade está tão centrada no individualismo que é incapaz de enxergar mães com empatia e acolhimento. Entende-se que se a mulher desejou ter filhos (ou se “deixou acontecer”), precisa dar conta das demandas da maternidade sozinha, preferencialmente com um sorriso largo estampado. Expressar as dificuldades e o cansaço é abrir portas para julgamento.
Precisamos rever esse conceito e agir diferente urgentemente. A maternidade é belíssima, mas também um caminho feito de difíceis escolhas todos os dias. Ainda atribuímos aos pais a tarefa de ajudar, quando na realidade as responsabilidades deveriam ser compartilhadas. Mulheres que criam os filhos sozinhas, quando a figura paterna é ausente, sofrem ainda mais com a invisibilidade. Não há apoio que venha dos círculos próximos.Quando iniciamos nossa caminhada em Florianópolis, há um ano, depois da Semana Mundial de Respeito ao Parto e Nascimento, criando o Grupo Gestar de apoio à gestante, pensávamos em disseminar informações com base nas evidências científicas para que mulheres se empoderassem para um parto digno e respeitoso. A ideia era basicamente essa. No entanto, no meio do caminho, ao longo desse ano de encontros, percebemos que não haveria como se tratar somente disso. Mulheres necessitam de apoio em toda a jornada da maternidade. A gestação é só o começo.

Vimos ao longo desse tempo que nem mesmo dentro do núcleo familiar as mães se sentem acolhidas, desde quando decidem se empoderar e enfrentar todo um sistema para parir, por exemplo. Parto e criação com apego são vistos como caprichos e não como segurança para mãe e a criança. Não foram raras as vezes que recebemos mulheres relatando que o único lugar onde poderiam dividir suas escolhas era dentro das rodas do grupo. Isso porque a sociedade não acolhe os desejos bem informados de mulheres que se debruçam estudando os melhores caminhos da maternagem. Porque o senso comum, o status quo, é aceitar que decidam por nós, desde a via de parto até o desenvolvimento e educação dos filhos.A ideia da criação de uma Casa para acolhimento de casais grávidos, mulheres, famílias, é uma ideia linda, é claro. E temos muito orgulho de ter tido a presença de espírito, a coragem e a conspiração do Universo para que a Casa Gestar se tornasse possível.Mas lindo mesmo seria um mundo em que espaços como a Casa Gestar fossem desnecessários. Pois esse mundo seria permeado de acolhimento sem julgamento.Enquanto esse mundo ainda não existe, vamos criando pequenos aldeias onde maternidade, acolhimento e empatia possam estar frequentemente na mesma frase.Nós somos Bel, Camilla, Cris, Denise, Karine, Marina e Veri. Mulheres de origens e profissões distintas, mas que tiveram seus caminhos traçados pelo ativismo, vontade de transformar a sociedade e também pela maternidade. Convidamos você a conhecer nossa pequena aldeia. Se a ideia lhe inspirar, você pode contribuir para a construção de nosso espaço, na campanha de financiamento coletivo do portal Eco do Bem, sua ajuda é muito importante para melhorarmos a infraestrutura da casa e ampliarmos nossos serviços. Colabore conosco: http://ecodobem.com.br/projetos/
criacao-das-casa-gestar/


Sobre a Casa Gestar


A Casa Gestar representa a realização do sonho de criar um centro de atenção que acolha com muito carinho todas as necessidades de famílias que estão iniciando ciclos gravídicos-puerperais, que muitas vezes são cercados de dúvidas, incertezas e medos. Nosso objetivo é oferecer suporte físico e emocional por meio de várias práticas, incluindo as já tradicionais rodas gratuitas do grupo de apoio à gestante – Gestar, que auxiliam a transformar e encarar essa passagem da vida de uma família com tranquilidade, apoio e ofertando as melhores práticas para vivenciar esse momento da melhor maneira possível, com muito amor. Estaremos de peito aberto e mãos dadas nessa jornada de muita entrega, troca de experiências e energia positiva.A Casa Gestar é um espaço para ministrar cursos que estejam de acordo com a nossa proposta, workshops e oficinas para famílias relacionados à gestação e cuidado dos filhos; cursos de especialização e atenção básica para profissionais que trabalham com parto, além de regularmente manter aulas de yoga, dança, colocação de brinco por auriculoterapia, atendimento psicológico, hipnoterapia, EFT (Emotional Freedom Techniques) consultoria em amamentação e materno infantil, acompanhamento pré-natal especializado (enfermagem), exposição e venda de produtos para maternidade e mais uma infinidade de atividades que a casa possa abrigar.  Tudo apoiado por uma brinquedoteca, onde tanto a mãe que trabalha quanto os usuários dos serviços possam deixar seus filhos em segurança. O espaço permanecerá aberto em horário comercial e períodos com aulas regulares.Estaremos sempre atentas às necessidades da comunidade e projetando diversas formas de acolher e movimentar gestantes, mães, pais e demais interessados nas práticas e atividades oferecidas.Inauguramos no último dia 21 e queremos covidar você a conhecer a Casa Gestar. Vem! A Casa Gestar é nossa…Em tempo, queremos agradecer a nossa querida Cientista Que Virou Mãe, Ligia. Você é muito responsável por termos chegado até aqui, afinal de contas, tudo começou há um ano atrás, na Semana Mundial de Respeito ao Parto e Nascimento. Gratidão, querida! Você nos inspira… 


Um adendo final. Queridas, não sou responsável por vocês terem chegado até aqui. Vocês são. Vocês fizeram. Vocês. Se eu organizei, aqui em Florianópolis, o evento que fez parte da Semana Mundial de Respeito ao Parto e Nascimento de 2014, foram vocês que transmutaram o que sentiram naqueles dias em algo concreto. E recebam meu sincero agradecimento por isso, como mãe moradora desta cidade. Vou terminar de postar isso e vou lá contribuir no crowdfunding.

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