Cantora, polêmica, filha de militar, com nome de santa, eclética, foi aprendiz de pedreiro, morou em diversas cidades, gravou cerca de dez álbuns, com o apoio de grandes músicos brasileiros.
Morreu há 10 anos, com 39 anos de idade, de uma parada cardíaca que, não, não foi uma overdose.
Homossexual assumida, talentosa, casada com Maria Eugênia – e mãe do Chicão que, após sua morte, passou a ser criado por sua companheira.
Cassia Eller: uma das maiores intérpretes que o Brasil já teve. Hoje, completam-se 10 anos de sua morte. E ao invés de uma foto segurando um violão, eu a homenageio com essa, garimpada por Claudia Rodrigues e divulgada via FB, com ela segurando e amamentando seu maior legado.
O que Cássia e Elis têm em comum?
Muita coisa.
São duas das mais importantes intérpretes brasileiras. Tiveram suas carreiras interrompidas por uma morte precoce. São ídolos de duas gerações de apaixonados fãs – quem cresceu tendo as paredes de casa preenchidas por fotos de Elis e cantando “Como Nossos Pais” antes mesmo do pintinho amarelinho por influência muito positiva da mãe, sabe disso.
Duas mulheres à frente de seu tempo, que sofreram dramas íntimos e os utilizaram como inspiração para que se tornassem dois ícones musicais.
Mas não é só isso que elas têm em comum…
Foram duas mulheres conscientes da importância da amamentação.
Cássia amamentou seu filho Chicão até que ele fosse, como se diz no interior, “menino grande”, a despeito dos preconceitos. Uma mulher que sabia lidar com preconceitos, pode crer.
Elis, não podendo amamentar seu filho João Marcello por não ter produzido leite suficiente (ao que ela atribuía a um grande estresse emocional que viveu), foi à televisão no ano de 1970 apenas para pedir, publicamente, amas-de-leite que pudessem amamentá-lo por ela. E recebeu uma fila de mulheres que se voluntariaram a isso.
Alguns dos meus heróis morreram de overdose. Uma pena…
E as heroínas, ah, elas amamentaram.
Vale mais o coração
Já que não me entendes, não me julgues
Não me tentes
O que sabes fazer agora
Veio tudo de nossas horas
Eu não minto, eu não sou assim
Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava a teu lado então
Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa,meu amor
Alguma coisa aconteceu
Do ventre nasce um novo coração
É o mundo que virá prá ti e prá mim
Vamos descobrir o mundo juntos baby
Quero aprender com o teu pequeno grande coração
Meu amor, meu Chicão…
(Letra de “1o. de Julho“)