Envolve o querer do filho e o querer da mãe.
Alguns dizem que desmamar estimula a independência da criança. Quem foi que disse que uma criança de 1 ano, 1 ano e meio, 2 anos, precisa aprender a ser independente? Querer a independência de uma criança dessa idade é uma forma um pouco esquisita de delegar à vida algo que seria de responsabilidade da mãe e do pai. E as pessoas ainda comentam, com certo grau de estranhamento, sobre como os indivíduos andam tão individualistas pela vida, como tem havido pouco vínculo no mundo, como as pessoas têm estimulado o individual em detrimento do coletivo, o isolamento ao invés da ligação. Não me parece estranho, me parece coerente. Ligação, coletividade, reciprocidade, vínculo não é algo que se cria quando adulto, é algo que se constrói juntamente com a construção das personalidades.
Eu amamento minha filha desde a hora em que ela nasceu e nos vimos pela primeira vez. Tive o grande privilégio biológico de produzir muito leite nos meses iniciais, que foram suficientes para doar semanalmente ao hospital infantil da cidade cerca de 1 litro e meio. Com o tempo, a produção se adequou às necessidades diárias dela, foi se adaptando às fases que nós vivíamos.
Ela tem mamado inúmeras vezes, dia ou noite e, embora eu continue achando o momento de amamentar uma coisa incrível, de puro amor, tenho estado bastante cansada…
e afeto líquido.
“Quando as pessoas me vêem amamentando, algumas me perguntam até quando vou amamentar. E eu acho aquela pergunta tão sem sentido, que minha resposta, às vezes, é a risada. Só penso: essa pessoa não está entendendo nada do que eu sinto. Perguntar sobre a data-final da amamentação é como perguntar a um casal que vive bons dias de relação, até quando ficarão bem…”
Eu ainda não penso efetivamente no desmame. Pode ser que eu venha a pensar mais pra frente porque, como eu disse, é um processo de mão dupla, tem a ver com o filho e tem a ver com a mãe. Mas, por enquanto, tá tudo muito bem assim.