Pense no seguinte: como estava sua vida em outubro passado?
Agora pense: como está a sua vida hoje?
O que mudou? O que permaneceu como estava? O que você gostaria que tivesse acontecido e que não aconteceu? O que aconteceu de acordo com o esperado?
Qual o seu balanço: mudanças positivas, avanços, ou tudo como antes no quartel D´Abrantes?
Pois aqui, mudou tudo e mais um monte!

Hoje, 04 de julho, completo 9 meses de gravidez.
9 meses de profundas mudanças físicas, psíquicas e emocionais.
9 meses…
Há 9 meses e 1 dia atrás eu era mestre, pós-graduanda, solteira, morava sozinha e não sabia direito o que faria da vida dali por diante.
Hoje sou doutora, sem um emprego definido, lancei-me em novos projetos, moro com meu namorado, sou mãe e, embora ainda não saiba direito o que farei da vida daqui pra frente, uma coisa sei: Clara estará sempre comigo.
Ontem, assisti a um filme que muitas pessoas já tinham me recomendado.
Plano B (The Backup Plan), com Jennifer Lopez. Confesso: só assisti porque foi muita gente falando que eu “precisava” assistir… não curto nada esse tipo de filme.
E no fim, foi bom ter assistido.
Em três momentos, tivemos que fazer uma pausa pra que eu pudesse me recuperar da crise de riso, daquelas que você chia o peito e perde o ar…
Não. O filme não é uma comédia assim incríííível. Mas como fala sobre gravidez, foi inevitável, para uma gravidona de reta final como yo, rolar uma baita identificação em muitos momentos.
Tem uma cena de parto domiciliar, inclusive – o motivo das pessoas dizerem que eu “precisava” assitir.
BI-ZAR-RA!
O que me fez pensar em como as pessoas realmente desconhecem essa escolha de parto…
Fiquei meio contrariada nessa hora, até que meu namorado me lembrasse que era APENAS um filme de comédia.
Bem, não vou fazer aqui uma sinopse do filme.
Mas claro que muitas vezes me identifiquei. Chorei em alguns momentos – em que, definitivamente, não precisava chorar… – por lembrar de algumas coisas que passei.
Adoro estar grávida. Ver todas as mudanças acontecendo, sentir a Clara crescendo, mexendo. Mas não posso negar que, especificamente no meu caso, foram 9 meses muito difíceis…
Muito difíceis.
De profundo amor.
Mas difíceis.
Foi difícil saber que estava grávida, pois tinha recém começado um namoro.
Foi estranho parar de fumar, quando soube que estava grávida.
Foi difícil (esse foi muito) não tomar uma cervejinha com os amigos.
Foi difícil ter meu humor arrasado e meu componente emocional completamente alterado pelas mudanças hormonais.
Foi difícil estar fisicamente longe da minha mãe num momento tão especial para uma mulher.
Foi difícil ver meu corpo mudando tão rapidamente.
Foi difícil a adaptação.
Mas o que eu julgo mais difícil de tudo foi, sem sombra de dúvidas, a mudança no meu comportamento geral. Eu consigo facilmente identificar uma de mim antes e uma de mim durante a gravidez. E, com certeza, ainda virá uma terceira, após.
Claro que virá. Sobre essa, estou curiosa. Por essa, estou ansiosa.
Nunca fui uma pessoa caseira, embora gostasse de curtir momentos de isolamento vez ou outra. Mas nunca fui de ficar muito em casa. Na gravidez, tornei-me um bichinho entocado que dificilmente sai de casa, que adora ficar em casa horas a fio. E sair me deixa meio incomodada.
Meu humor ficou extremamente ácido e implacável. Fiquei um pouco intolerante com futilidades também. E, no momento, não tenho muita paciência para coisas que antes eu teria…
Não foi fácil perceber todas essas mudanças e, principalmente, vê-las acontecendo na minha vida. E, sinceramente, espero voltar ao meu estado anterior após a chegada da minha filha (ok, sei que será difícil, mas me deixa ser Pollyanna). Gostava mais de mim antes, quando meu humor não havia sido tão alterado. Mas sei que os hormônios realmente atuam sobre nossa parte emocional, então acho que é esperar passar tudo isso.
No filme, em determinado momento o namorado/pai pergunta para a namorada/mãe:
“Você ainda está aí dentro?”
Aí meu peito apertou forte… Porque eu passei 9 meses perguntando isso pra mim: “Ligia, você ainda está aí?”
E me angustiava muito quando não ouvia sinais de mim…
Mas agora, que estou no finalzinho, comecei a me ver de novo, em algumas coisas.
Olho pra mim e vejo que estou voltando aos poucos. Coisa incrível essa…
Embora tenham sido meses difíceis, foram meses incríveis. Malucos, mas muito legais. Porque o que eu aprendi sobre a vida, não está em nenhum compêndio, ou tese, ou universidade.
Eu perdi a minha avó. Mas ganhei a minha mãe de volta.
Eu passei aperto sem poder tomar uma cervejinha, um vinhozinho. Mas ganhei um pulmão novo.
Deixei o meu cantinho, o meu apartamento, que eu adorava.
Mas ganhei uma família, uma casa deliciosa, com plantas no quintal e sacadas nos quartos.
Deixei uma vida single e hoje tenho um parceirão engraçado, inteligente e espirituoso.
E, por fim.
Eu podia ter perdido ou deixado tudo o mais… Porque, agora, eu tenho uma filha. E uma outra razão de ser e de viver.
O título do filme, “Plano B”, chega a ser até irônico, pra mim.
Sempre tive o meu plano principal, o B, o C, o D e, de vez em quando, o E. Sempre tive a vida muito controlada e definida, planejada mesmo. Até que, sem planejamento, fiquei grávida e não tive mais planos Bs. Todos eles mudaram.
E, quer saber?
Embora não saber exatamente o que se vai fazer a seguir te traga uma sensação de insegurança, também te mostra claramente que a vida se faz por si própria. Independente dos seus planos. Independente de você querer controlá-la, independente de querer ter domínio de tudo.
A vida chega e faz o que quer.
Muita gente leva uma vida inteira pra aprender isso. Outros nem conseguem aprender em todo o tempo de que dispuseram.
Sou uma felizarda, portanto.
Aprendi isso rápido.
Em 9 meses.
Junto com mais um monte de coisa bacana…

E terça-feira começam as consultas pré-natais aqui em casa, para o parto domiciliar.
Agora, minha filha não é mais prematura.
Posso ficar aqui na minha toca, numa boa.
E força nesse útero!
Que está chegando nossa hora…

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