(escrito em 2 de março, que seria o 30 de fevereiro que não existe…)
Quando a gente opta por falar sobre as conquistas e sobre o desenvolvimento de nossos filhos, ressaltando o que de novo pintou de um mês pro outro, corremos o risco de cair na repetição. Afinal, amor demais teremos sempre. Lindos eles serão sempre. Incríveis eles serão sempre. Como nenhum outro, sempre.
Então hoje eu optei por falar sobre as mudanças na vida dela durante o sexto mês de vida e a caminho do sétimo e sobre como as muitas mudanças que ela vive se relacionam com as muitas mudanças que estão acontecendo na vida da mãe dela – eu. Porque, afinal de contas, ainda somos quase duas-em-uma.
E começo enfatizando uma questão que mexeu muito comigo. Bom, assim que fez 6 meses, ela começou a chupar o dedo polegar sempre que está com sono. E eu entrei em crise… Porque a gente passa a vida ouvindo um monte de asneira de tudo quanto é gente, nem sempre conseguimos identificar que é asneira e, na grande maioria das vezes, pegamos a asneira como uma verdade e saímos pela vida asneirando. Eu mesma acredito que grande parte do que sei é asneira. Não posso ir contra todas porque, afinal, não sei qual é a asneira que sustenta toda a minha estrutura (alguém famoso já disse isso em palavras mais suaves…). Mas quando temos a chance de descobrir novas possibilidades, temos a grata oportunidade de entender as coisas por outro lado. E é um caminho que não tem volta, felizmente. Eu entrei em crise porque cansei de ouvir gente dizer que chupar o dedo era um puta problema. Que largar chupeta e fácil, mas o dedo não, e mais um monte de coisas. Tudo em tom ameaçador, do tipo: “ela vai ficar dentuça”, “vai ficar dependente”, “vai ficar…”. Tá, obrigada por sua opinião. Fiquei bem abalada já, obrigada. Mas tem gente que não sossega, quer destruir a mãe. Encontrei um textinho infame dizendo que a culpa da criança chupar o dedo “provavelmente” era da mãe, que “provalmente” estaria negligenciando alguma parte do desenvolvimento emocional do filho. Sem  “provavelmente” algum e com toda certeza, senhora autora desse texto, a senhora é uma besta que nem mãe deve ter tido, filha duma chocadeira. Fiquei por conta! Desculpe o palavreado, ainda estou indignadíssima com esse escrito. Mas a bosta da frase se instalou na minha cabeça e eu chorei um monte. Depois recuperei minha sanidade – a pouca que me resta -, analisei melhor as coisas e escrevi um e-mail técnico-formal-em-cima-do-salto-15-vermelho para a senhora autora que escreveu aquela merda. Eu não sei do que tenho mais medo: de quando faço barraco ou de quando sou phyna. Enfim.
Parei, peguei os fatos, analisei do alto de meu senso prático e crítico de cientista e cheguei à conclusão: Clara chupa o dedo quando está com sono porque chupa. Ponto. Talvez porque ela tenha se acostumado a sempre sugar, mamar e dormir em seguida. Acabou associando sucção com sono e sono com sucção. Relaxei e disse pra ela: filha, chupa todo o dedo que você quiser o quanto quiser. Sua tia Livia também chupou e é uma pessoa do carái de boa. E pronto. Assunto encerrado. Não vou entrar no assunto dedo x chupeta porque fico alterada e vou acabar militando. E não quero militar no dia do aniversário da minha filha.

Ainda nas mudanças do sexto para o sétimo mês, minha bebezinha começou a conhecer outros gostos, já que começamos a introduzir os alimentos, como deve saber quem acompanha esse blog. Ela não gostou nada… Mas hoje já está mais acostumada e querendo experimentar mais coisinhas. Observando atentamente as preferências dela, já sei que não gosta de nada muito amassado: quer experimentar as coisas tal qual elas são. Então aboli a ideia da papinha de cenoura, por exemplo, pela cenoura inteira na mãozinha dela, que ela mesma leva à boca e se diverte comendo os pedacinhos que arranca com seus….

2 DENTES INFERIORES!! – sim, essa é outra importantíssima novidade que surgiu no caminho para o sétimo mês. E hoje ela ficou toda amuadinha e meio febril porque está abrindo o terceiro dentinho, na arcada superior. Da mesma forma que fiz com a cenoura, fiz com todos os demais alimentos: inteiros, na mão, pra ela conhecer. Ela pega, mata e come. E gosta. Se eu pegar a mesma frutinha ou legume e amassar, não come. Coisa dela, preciso respeitar… Acredito fortemente que um dia ela vai preferir comer uma berinjela ao forno e não sairá pela vida segurando a beringela inteira na mão. Idem para a cenoura, abóbora, melancia, enfim.

Além dessas premiéres na vida dela, do sexto pro sétimo mês ela começou a sentar resolutamente: senta e fica firmona; rola lindamente pra lá e pra cá; está ensaiando a posição em 4 apoios, talvez uma prévia do engatinhar; fica em pé bem firminha; faz grrrrrrrrrr com a garganta; sabe dizer exatamente o que quer mesmo que não use as palavras – ela é extremamente comunicativa – como Santa Clara, padroeira da comunicação. Muitas outras coisas bacanas aconteceram com ela nesse período. Escolhi umas fotinhos importantes desse trajeto. É o Guia Ilustrado do Desenvolvimento do Sexto Mês de Clara Pintinho Risonheta Lagartixa Perereca, o apelido carinhoso que nós demos a ela.

 Comendo tudo inteirão, com suas próprias minimãos, conhecendo os gostos das coisas.

 Cara, ela cresceu muito. Já está enxergando acima da grade do berço, que ela usa bem pouco, inclusive
 Senta decidida e se interessa por tudo o que vai à frente. Aqui ela está tentando desatar o nó que eu dei no sapatinho, em mais uma tentativa frustrada desta mãe aqui para que a filha use sapatinho. Desisti. Ela não curte e eu não vou forçar. Fica descalça, filha!

 Ahhhhh… aqui ela me emocionou deveras (chique…). Primeira vez sentada num cadeirão. “Nosso menino cresceu, Maniiiiii”, já diria o Sid, de A Era do Gelo I

 Continua apaixonadérrima por água e garrafas d’água.

 Em pé. Firmona. Pernonas. Para o alto. E avante. E singam-na os bons!
 Essa foto é uma das minhas favoritas. Eu cheguei do trabalho e encontrei pai e filha assim. Meu coração dividido de mãe-que-trabalha-fora ficou muito tranquilo nessa hora. Isso é amor.

A caminho do sexto mês, Clara conviveu muitíssimo com seu amigão Caetano. Hoje eles são muito ligados, quando se encontram se acabam entre sorrisos e carinhos. Ela adora ele, ele adora ela. É muito bacana. Que essa amizade siga por toda a vida… Imagina o Caê dizendo pra Clara, daqui a uns 10 anos “Eu me lembro de você mastigando caixa de pasta de dente” e ela “Eu também lembro de você querendo arrancar a calça pra fazer xixi em plena Felipe Schimitd, tá” (baseado em fatos reais)

 Degustando a batata-salsa-mandioquinha-batata-baroa

 Fizemos nossa primeira trilha juntas, devidamente slingadas. Ela dormiu a trilha inteira, que sai aqui do condomínio de casa em direção à…

… Praia da Joaquina… Ela ficou muito feliz ao chegar na praia onde os pais dela foram agradecer e pedir proteção, quando soubemos que ela estava morando na minha barriga

 Comendo frutinhas com suas mãozinhas…

 … e fazendo nojeirinha depois. “Mãe, que legal! É altamente esmagável!”.

 Ela também aprendeu, nesse intervalo, que o colinho da Maricota é tudo de bom. Eu, particularmente, nunca a vi tão traquila num colo como fica no dessa pequena-grande

Pra fechar esse registro fotográfico, escolhi duas fotos que chegaram agorinha mesmo via msn da grande fotógrafa e amiga Sônia Vill. Eu recomendo: conheça o site da Soninha… ela tem um olhar muito especial dos momentos e consegue fotografar sem você nem perceber que ela está ali.
Essas duas fotos representam, pra mim, o espírito e a energia da vida que eu tenho ao lado da minha grande filhinha de 7 meses, Clara.
  
Clara com papai, no último sábado. Ela é assim. Sempre.
 
Clara no sling comigo, enquanto eu trabalho (último sábado) no evento que criamos para dar visibilidade aos produtos de mulheres que redirecionaram suas carreiras profissionais para ficar mais tempo com os filhos. Eu mesma não posso deixar a minha carreira para ficar mais tempo com ela. Mas o que eu puder fazer para levar a ideia de que É PRECISO, SIM, CRIAR CONDIÇÕES PARA QUE PROFISSIONAIS QUE SE TORNAM MÃES POSSAM CONCILIAR CARREIRA E MATERNidADE a todas as pessoas, eu vou fazer.
Porque nesses 7 meses de vida dela eu descobri que a ciência é incrível. Mas mais incrível será um mundo onde haja espaço para trabalhar junto com os filhos. Lugares e empresas que criem situações para as crianças estarem perto de suas mães. Para que não tenhamos que deixá-las em escolinhas das 8 às 8, quando ainda nem falam… 
Por ela, eu também redirecionei minha carreira. Deixei de lado, pelo menos por um tempo na minha vida, a ideia de ser docente em universidades públicas, porque lá eu teria que me ausentar dela durante todo o dia. Deixei minha área científica, a pesquisa em neurociência, para pesquisar em outra área em nível de pós-doutorado porque isso me traria maior estabilidade. E farei tantas mudanças quantas forem necessárias para que eu possa viver em paz como cientista e mãe.

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